CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS VAI ENCERRAR 23 BALCÕES, DOS QUAIS NOVE SÃO EM LISBOA

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) anunciou que pretende encerrar, até ao dia 23 de agosto, 23 balcões, dos quais nove estão situados em Lisboa. Esta decisão está a revoltar os moradores e utilizadores destas agências e os vereadores do PCP na Câmara de Lisboa já solicitaram a Carlos Moedas uma reação acerca do fecho destes nove balcões.

De acordo com os comunistas, numa missiva endereçada ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e partilhada com a comunicação social, estes encerramentos irão afetar “a população e o tecido económico e social (comércio tradicional, micro e pequenas empresas)” da cidade de Lisboa, que vê assim “o serviço público de proximidade prestado pelo banco público português” a ser reduzido.

Estas nove agências que vão encerrar até ao próximo dia 26 de agosto, são as da António Augusto Aguiar, do Areeiro, da Duque de Loulé, do Príncipe Real, de Santo Amaro, da Praça de Londres, da Francisco Manuel de Melo, do Rego e da Quinta dos Inglesinhos, e que se juntam às já 30 agências encerradas, desde 2017, em Lisboa.

Nesta sexta-feira, dia 19 de agosto, a Comissão de Utentes contra o Encerramento dos Balcões da CGD realizou, à porta da agência de Santo Amaro, uma ação de protesto contra o fecho daquela agência. Segundo o porta-voz, José Miguel, ao Olhares de Lisboa, “esta ação tem como objetivo de impedir que a população de Alcântara e da Ajuda fique sem agência da CGD”, uma vez que o balcão da Ajuda encerrou há quatro anos.

Ainda de acordo com o mesmo, com este encerramento, “a única opção para estes moradores passa a ser ou a agência da Estrela ou a de Belém”, o que acaba por se tornar “inconveniente para a população de Alcântara e Ajuda, duas freguesias envelhecidas”, assim como para “o comércio local, que se vê mais dificultado para tratar dos seus assuntos”, acrescenta José Miguel.

Nesta ação, além dos vários testemunhos de utentes, esteve também presente um representante da Comissão de trabalhadores da CGD, Jorge Canadelo, que expôs a visão de quem trabalha na instituição e dos impactos negativos que a política de encerramento de balcões está a gerar; e ainda o Presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, Davide Amado, que é contra o encerramento deste balcão; bem como uma representante do PCP, Inês Zuber, que se solidarizou com a luta daquelas populações.

Este protesto contou com cerca de 50 pessoas, e durante o mesmo, foi lido um documento de resolução, onde se pede que a reversão do fecho destas nove agências. Este documento, adiantou José Miguel, será posteriormente entregue ao Governo, à Câmara Municipal de Lisboa e à administração da Caixa Geral de Depósitos.


No mesmo, aprovado por unanimidade, lê-se ainda que “um banco público como a CGD tem a obrigação de salvaguardar a proximidade do seu serviço servindo com qualidade quem vive, trabalha, estuda ou visita Lisboa. O impacto desta medida é extremamente negativo para a população, em particular, para os mais idosos e com maiores dificuldades de mobilidade, como é bem visível nas freguesias de Alcântara e da Ajuda”, que contam ainda com poucos transportes públicos.

Já o PCP partilha da mesma opinião e defende ainda que, “com estes encerramentos perde-se um serviço de proximidade, com impacto negativo para a população, em particular, para os mais idosos e com maiores dificuldades de mobilidade”, salientando que a Caixa Geral de Depósitos é uma entidade pública que para além da sua vertente comercial, deve ter uma gestão identificada com o interesse público, e desempenhar também um serviço de cariz social permitindo a interligação do Estado e os cidadãos, em especial à população mais idosa”.

Os vereadores comunistas já solicitaram ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, um conjunto de informações, de forma a saber se a autarquia tem conhecimento desta pretensão da CGD e que diligências já foram feitas, junto do Governo, para travar estes encerramentos. Na mesma missiva, o PCP salienta que o fecho destas nove agências em Lisboa “colocam também em causa o futuro dos trabalhadores da CGD”, havendo, ao mesmo tempo, por parte do Governo, uma “desvalorização do banco público português”, ressalvando que o mesmo “transfere milhões para salvar a banca privada”.

O PCP reforça ainda que a CGD é uma “instituição bancária pública” e que “deverá estar ao serviço do País, cabendo ao Governo a obrigação de garantir que a gestão da mesma se identifica com o interesse público e com o provimento das necessidades das populações”. Para além de Lisboa, houve ainda protestos semelhantes no Barreiro e em Montalegre. Na próxima segunda-feira, dia 22, está programada uma ação semelhante junto ao balcão do Rego, nas Avenidas Novas.

 

 

 

 

 

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