O presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, Davide Amado, fez um balanço do primeiro ano após a sua reeleição para o cargo, em 2021. O autarca, que cumpre agora o último mandato à frente dos destinos da Junta de Alcântara, diz que a descentralização de competências trouxe benefícios, mas considera que a Câmara de Lisboa deve rever os valores atribuídos às freguesias e pede que Carlos Moedas resolva os problemas da cidade, que está “estagnada há um ano”.
Para Davide Amado, presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, a mobilidade e a falta de habitação a preços acessíveis na freguesia são algumas das preocupações daquele executivo. “Enfrentamos agora alguns desafios por causa das obras do Metro, e estamos também preocupados porque ainda não temos data prevista para a Linha Intermodal Sustentável (LIOS), e todos estes projetos vão mexer com o trânsito e a mobilidade em Alcântara”, explica o autarca, acrescentando que o trânsito e a falta de estacionamento são outras das preocupações da Junta de Freguesia.
Para já, explica Davide Amado, a Junta de Alcântara já conseguiu pôr, nestes últimos 12 meses, alguns projetos em marcha, tais como a requalificação do espaço público, ou a adesão ao programa ‘Munícipio Amigo do Desporto’, que visa promover a prática desportiva na freguesia, entre outros.
Contudo, há outros objetivos, de “maior envergadura”, e que “estão pendentes” porque dependem da Câmara Municipal de Lisboa (CML), e que são por exemplo a criação de um local de estacionamento em Alcântara-Mar, ou a criação de um equipamento cultural, entre outros. “A população é a mesma, os problemas são os mesmos e não vejo resoluções para eles por parte da autarquia”, explica o presidente da Junta de Alcântara, atualmente no terceiro e último mandato.
No entanto, o autarca considera que os contratos de transferência de competências para as Juntas de Freguesia têm funcionado bem e trouxeram mais valias a Alcântara. “Posso dizer que, em 10 anos, houve uma melhoria dos serviços, antigamente a manutenção dos espaços públicos era muito pior”, ressalva Davide Amado, acrescentando que esta reforma administrativa permitiu trazer também, para a freguesia, serviços e respostas que até então não havia, tais como na área do Desporto, da Educação, dos Serviços Sociais, entre outros”. Para já, a Junta de Alcântara precisa de equipamentos para dar continuidade a estas respostas, sendo que os mesmos ainda não foram cedidos pela CML.
Apesar de salientar o bom funcionamento desta descentralização de competências, o presidente da Junta de Alcântara admite que a Câmara de Lisboa deve fazer uma revisão dos valores que são atribuídos às freguesias, devido ao aumento do salário mínimo e da inflação. “Estes aumentos estão a ser suportados pela Junta”, revela o autarca, que se mostra preocupado com estes impactos na gestão financeira desta autarquia.
“Neste momento, estamos a reduzir serviços devido à inflação, porque os gastos aumentaram e o nosso orçamento é fixo”, explica Davide Amado, salientando, contudo, que o apoio social às famílias mais carenciadas continua a ser prestado, mas que, nesta área, houve ainda um aumento dos pedidos de ajuda. “Continuamos a executar programas de apoio com o Fundo de Emergência Social (FES), que ajudamos a pagar a renda de casa, a conta da farmácia, entre outros; e ainda continuamos em articulação com a Santa Casa da Misericórdia para dar resposta aos pedidos de ajuda que vamos recebendo”, esclarece o presidente da Junta de Freguesia de Alcântara.
O autarca considera que o primeiro ano do seu mandato foi positivo, e aproveita para criticar a postura de Carlos Moedas nos últimos 12 meses, a qual levou “a uma estagnação da cidade” desde outubro de 2021, altura em que este tomou posse, porque considera que, desde então, não houve um desenvolvimento nem uma resolução dos problemas da cidade. “Os projetos maiores para a área da Habitação, por exemplo, não estão a ser executados”, considera o autarca, que acusa Carlos Moedas de estar apenas a concluir obras que começaram no mandato anterior, liderado por Fernando Medina.
“Carlos Moedas só está preocupado em fazer oposição e em fazer comunicação para manter a imagem de presidente de câmara, mas não está preocupado em resolver os problemas da cidade. Desde que ele entrou, a higiene urbana está pior, a habitação está pior, tudo está pior em Lisboa”, critica Davide Amado, ressalvando, contudo, que espera que estas questões fiquem resolvidas daqui para a frente.
Ao mesmo tempo, o presidente da Junta de Alcântara considera que medidas como por exemplo o a gratuitidade do Passe Navegante ou o Plano de Saúde 65+ são positivas, mas avança, no caso da última, que esta “não vai ter o impacto que se espera que vai ter, porque este plano é simplesmente a junção de todos os serviços que já existem há anos em Lisboa, não traz nenhuma novidade”, considera Davide Amado, explicando ainda que, fora estas medidas, não consegue ver mais nenhuma melhoria na cidade no último ano.