Os vereadores do PCP na Câmara de Lisboa, João Ferreira e Ana Jara, defendem que o projeto da Câmara Municipal de Lisboa (CML) para a requalificação da Praça do Martim Moniz e da Avenida Almirante Reis deve refletir a realidade cultural e social daquelas zonas. Nesta quarta-feira, dia 9 de novembro, será discutida, em reunião de câmara, uma proposta do PCP para a criação de um Plano Urbano para a Almirante Reis, à semelhança do que foi feito noutras artérias de Lisboa.
Recorde- se que os autarcas comunistas realizaram, na última sexta-feira, dia 4 de novembro, um Debate Aberto, no Martim Moniz, o qual contou com bastantes participações dos cidadãos. O objetivo deste encontro, explicou a vereadora Ana Jara ao Olhares de Lisboa, foi recolher ideias e opiniões sobre os processos de requalificação da Praça do Martim Moniz e da Av. Almirante Reis.
No caso do Martim Moniz, na perspetiva dos comunistas, “a proposta da CML é bastante vaga”, no sentido em que não reflete a realidade multicultural daquela zona, composta por cidadãos da Índia, do Bangladesh, entre outros países asiáticos. Ao mesmo tempo, está ainda prevista a construção de um jardim naquela praça, e os vereadores do PCP mostram-se preocupados com o resultado final, que poderá não ir ao encontro da realidade do Martim Moniz, nem daquilo que os cidadãos precisam, que “são espaços verdes e de lazer em Lisboa”.
Na visão de Ana Jara, deve-se ouvir primeiro os cidadãos e as associações daquela zona antes de começarem as intervenções, e a vereadora defende ainda que deve ser realizada, entretanto, uma intervenção temporária na Praça do Martim Moniz, que ajude a trazer mais segurança e conforto a quem ali passe.
Já no caso da Avenida Almirante Reis, Ana Jara explica que o projeto de requalificação proposto pela Câmara de Lisboa não “inclui os espaços envolventes daquela zona”, e os vereadores comunistas defendem que deve ser criado “um Plano Urbano” semelhante ao que foi feito nas Avenidas da República e da Liberdade, por exemplo.
“Para nós, a Avenida Almirante Reis não é apenas uma rua que vai da Rua da Palma até à Praça do Areeiro, incorpora várias realidades e espaços envolventes que devem ser tidos em conta”, explica Ana Jara, acrescentando que esta proposta será apresentada em reunião de câmara nesta quarta-feira, dia 9 de novembro.
O documento, a que o Olhares de Lisboa teve acesso, propõe a criação de “projetos de reabilitação dos espaços públicos na área de intervenção que valorizem as relações de vizinhança, as ações e dinâmicas locais, as redes ecológicas, os sistemas de mobilidade suave, a acessibilidade universal e as atividades económicas locais”; e “o enquadramento da Avenida num sistema ecológico que seja um caso de referência nacional e internacional, do ponto de vista da biodiversidade, do usufruto pedonal, dos transportes públicos e da mobilidade suave a que a pendente da Avenida se dispõe.
Ao mesmo tempo, a mesma proposta sugere ainda uma “requalificação dos espaços públicos existentes na Avenida e áreas adjacentes, no sentido de gerar uma apropriação coletiva, livre e comum por parte do cidadão”, bem como “a incorporação de espaços públicos e equipamentos envolventes a requalificar como a Praça do Martim Moniz, o Largo de Santa Bárbara, a Praça das Novas Nações, entre outros”, tendo ainda em conta as necessidades dos moradores destas áreas envolventes, e as suas necessidades sociais, promovendo as relações de vizinhança e de comunidade.
Desta forma, os vereadores do PCP na Câmara de Lisboa, consideram que é também importante que seja reativado o Gabinete de Apoio a Bairro de Intervenção Prioritária (GABIP), de forma a “promover a coesão sócio territorial desta área e respetivas comunidades”, bem como a pôr em prática este plano, que deve ainda, segundo os autarcas comunistas, incluir a participação dos cidadãos e as coletividades.
Para além destas propostas, o PCP vai também apresentar, no final de novembro, noutra reunião do executivo da CML, as suas ideias para a requalificação da Praça do Martim Moniz.