A Câmara de Lisboa apresentou ontem o Sistema de Aviso e Alerta de Tsunami no Estuário do Tejo, com a instalação de sirenes na Praça do Império e na Ribeira das Naus e a definição de percursos de evacuação. A faixa ribeirinha de Lisboa encontra-se exposta aos efeitos de um tsunami, em especial a zona entre Belém e Santa Apolónia, onde o índice de perigosidade de inundação por tsunami é “extremo”.
O risco de um tsunami como o que dizimou Lisboa em 1755 é real e “nenhum país está 100% preparado” para este tipo de catástrofe, lembrou o vereador da Proteção Civil da câmara de Lisboa, Ângelo Pereira, durante a apresentação, este sábado, do Sistema de Aviso e Alerta de Tsunami no Estuário do Tejo, que instalou sirenes na Praça do Império e na Ribeira das Naus e definiu percursos de evacuação.
“O fenómeno das alterações climáticas impõe-nos hoje uma urgência acrescida em preparar Lisboa para maiores ocorrências ou catástrofes, como os tsunamis”, afirmou o vereador da Proteção Civil da Câmara de Lisboa na apresentação do Sistema, que decorreu no Museu de Arte Popular, onde foi realizado um exercício de evacuação, com o acionamento de um sinal sonoro.
O projeto inclui a instalação de um sistema de aviso à população, com duas sirenes e dois painéis informativos digitais na Praça do Império e na Ribeira das Naus, e de sinalética vertical de evacuação de emergência (percursos de evacuação e pontos de encontro), a que se juntam a realização de ações de sensibilização e informação pública sobre o risco de tsunami na cidade.
“Lisboa está já a preparar-se para este risco”, assegurou o vereador Ângelo Pereira, referindo que, além do fenómeno das alterações climáticas, a história e a geografia da cidade determinam a “possibilidade real da ocorrência de sismos, com tsunamis a eles associados, um risco que é ainda exponenciado pela grande frente ribeirinha”.
Por se considerar que “todo o cuidado é pouco”, a Câmara de Lisboa, através do Serviço Municipal de Proteção Civil, testou o dispositivo de sirenes de avisos de tsunami, integrado no Sistema de Aviso e Alerta de Tsunami no Estuário do Tejo, que pretende tornar a cidade “mais resiliente e mais preparada relativamente à ocorrência destes desastres naturais”.
“Além disso, iremos começar várias ações de esclarecimento do público, com uma campanha de esclarecimento em escolas e com divulgação de conteúdos para sensibilização e informação dos cidadãos”, indicou o vereador da Proteção Civil, reforçando que a prevenção de tsunamis é uma das grandes preocupações do concelho em matéria de segurança das pessoas.
Ângelo Pereira, que fez questão de frisar que a Proteção Civil Municipal está pronta para socorrer e prevenir a população, salientou que a autarquia “tem facultado aos bombeiros e a outros agentes de proteção civil todos os meios e equipamentos” para o socorro à população em caso de catástrofe, lembrando que os 900 operacionais do Regimento de Sapadores Bombeiros, coadjuvados pelas corporações de bombeiros voluntários, estão preparados para qualquer tipo de sinistro que ocorra na cidade.
Por seu turno, a diretora municipal da Proteção Civil, Margarida Castro Martins, revelou que “este projeto nasceu em 2017, tendo sido suspenso por causa da pandemia e que, agora, foi retomado com o objetivo de preparar a cidade para uma catástrofe deste tipo”, revelando ainda que este foi o primeiro de “muitos exercícios que vamos fazer de sensibilização da população para este perigo”.
A faixa ribeirinha de Lisboa encontra-se exposta aos efeitos de um tsunami, em especial a zona entre Belém e Santa Apolónia, onde o índice de perigosidade de inundação por tsunami é “extremo” num cenário de sismo de magnitude de 8,75 graus na escala de Richter, segundo revela Paulo Henriques, técnico do Serviço Municipal de Proteção Civil.
“Alguns dos sinais naturais que indiciam a possibilidade de ocorrência de um tsunami e que devem desencadear a evacuação imediata do local são a ocorrência de um sismo forte, a variação súbita e anormal do nível do rio e um ruído estranho vindo do rio”, previne.
Em termos de preparação prévia, este técnico do Serviço Municipal de Proteção Civil aconselha os cidadãos a estarem informarem sobre as zonas expostas a perigo de tsunami, a elaborem um plano de emergência familiar e a conhecerem o do seu local de trabalho ou escola, e a combinarem uma forma de contacto alternativo e um local de reunião.
Outras das ações são a preparação de um ‘kit’ de emergência, com “água e alimentos não perecíveis, lanterna, rádio, agasalhos, estojo de primeiros socorros, artigos de higiene pessoal, apito, canivete multifunções e cópia dos documentos pessoais”, e o conhecimento da sinalização de percursos de evacuação e de pontos de encontro.
“Se ouvir o aviso de tsunami, receber uma mensagem emitida pelas autoridades ou detetar algum dos sinais naturais referidos: afaste-se imediatamente a pé para um local elevado e longe da zona ribeirinha; se vir sinalização de evacuação, siga o caminho indicado até atingir o ponto de encontro; mantenha-se afastado do rio até que as autoridades informem que já não existe perigo; se não conseguir deslocar-se para um local afastado do rio, suba até um andar elevado de um edifício que não tenha danos”, indica Paulo Henriques.
O Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa recomenda que, depois da ocorrência do tsunami, os cidadãos se mantenham afastados da água estagnada e dos edifícios danificados, ajudem pessoas feridas ou presas, sem se colocarem em perigo, alertem as equipas de socorro, colaborem e sigam as recomendações das autoridades.