UACS REUNIU MULHERES NO DIA DA MULHER PARA TROCAREM EXPERIÊNCIAS

A União de Associações do Comércio e Serviços (UACS) reuniu diversas mulheres, esta quarta-feira, dia 8 de março.

A União de Associações do Comércio e Serviços (UACS) reuniu diversas mulheres, esta quarta-feira, dia 8 de março. Desta forma, e no Dia da Mulher, esta associação promoveu um almoço entre mulheres empresárias no setor do comércio e serviços.

Desta forma, a iniciativa, intitulada ‘Comércio no Feminino’, reuniu várias mulheres com o objetivo de refletir sobre os desafios do papel da mulher no setor, através da troca de experiências entre empreendedoras de sucesso.

De acordo com a presidente da UACS, Carla Salsinha, ao Olhares de Lisboa, esta iniciativa é inédita e teve como propósito “juntar um conjunto de mulheres, todas elas empresárias, que atingiram a sua carreira pela sua capacidade”. Desta forma, o encontro contou com os testemunhos de seis empresárias.

Por sua vez, Antonieta Achega, Eduarda Abbondanza, Isabel Denascimento, Justa Nobre, Maria João Bahia e Ângela Barros foram as personalidades que partilharam as suas experiências no evento. Por sua vez, este foi moderado pelos jornalistas Catarina Marques Rodrigues e Camilo Lourenço. Ao mesmo tempo, também Carla Salsinha foi outra das participantes neste almoço.

Recorde-se que ela é a primeira mulher presidente da UACS em 145 anos de existência. Por outro lado, sempre teve cargos de dirigente associativa na estrutura da instituição. No mesmo sentido, foi ainda a primeira mulher a ser eleita vice-Presidente da Confederação do Comércio e Serviços em Portugal (CCP).

Ainda existem poucas mulheres no mundo associativo, considera Carla Salsinha

Ao nosso jornal, Carla Salsinha revelou ainda que ser presidente da UACS “foi, no início, um desafio assustador”. Por sua vez, relembra que está “a suceder a 33 homens” que tiveram este cargo durante os 145 anos de existência da associação.

“Hoje já o faço com naturalidade, apesar continuar a ser muitas vezes a única mulher entre homens”, acrescentou a presidente da UACS. No entanto, considera ainda, atualmente, “que o mundo associativo empresarial ainda é muito constituído por homens”. Por isso, considera importante “fazer um esforço para trazer também as mulheres para o mundo associativo”, pelo que considera que a UACS irá continuar a promover este tipo de iniciativas.

Neste sentido, considera então que estes encontros entre empresárias são importantes para discutir o papel da mulher no mundo dos negócios. “Há cada vez mais mulheres a dirigir empresas na área do comércio e serviços e o número está a aumentar”, reforçou Carla Salsinha. No entanto, considera ainda que o valor ainda está abaixo do número referente aos homens.

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Desigualdade salarial entre homens e mulheres ainda é uma realidade

Por fim, e de acordo com a mesma, a desigualdade salarial ainda é uma realidade. A presidente da UACS acrescentou que, neste sentido, a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) notificou, recentemente, “mais de 1500 empresas” por não garantir a igualdade em termos de condições contratuais e salariais entre homens e mulheres.

Por sua vez, o jornalista e economista Camilo Lourenço reiterou que esta questão ainda se verifica em grande parte das empresas. Por isso, é preciso mudar mentalidades e garantir as condições salariais iguais tanto para homens, como para mulheres.

Empresárias partilharam histórias de vida

Este almoço teve lugar nas instalações da UACS, na Rua Castilho. Durante o mesmo, seis empresárias foram incentivadas a partilhar as suas experiências de vida. “Estas mulheres são uma fonte de inspiração e é importante estimular mulheres a participarem” na vida empresarial, explicou ainda Carla Salsinha.

A primeira intervenção coube a Antonieta Achega, gerente da Achega Malhas, uma das mais conhecidas e antigas marcas de malhas em Portugal. Para esta empresária, “as mulheres estão, cada vez mais a posicionarem-se neste mundo com força”. “Enquanto mulher é fundamental transmitir o que sentimos de alguma forma”, finalizou.

Por sua vez, Eduarda Abbondanza, Presidente e co-fundadora da Associação Moda Lisboa, admitiu que cresceu num mundo de homens e que o seu percurso “foi acontecendo”. Contudo, recordou que, aos 22 anos, chefiou uma equipa de homens, o que “foi muito difícil”, devido à idade e ao facto de ser mulher.

Atualmente, na Moda Lisboa, trabalha “tanto com homens, como com mulheres” e recusa a ideia de que a moda é “fútil”. “A moda é muito mais do que roupa, é liberdade individual”, finalizou Eduarda Abbondanza, que é responsável por aquele que é um dos eventos de moda mais conceituados do país.

Ultrapassar diversas dificuldades para chegar ao topo

Já Justa Nobre, nome incontornável da cozinha portuguesa, lembrou que “as mulheres todas cozinham”, mas que poucas chegam a chefs de cozinha. Neste sentido, a também Chef e CEO do Restaurante O Nobre by Justa Nobre, explicou que esta é uma profissão com horários exigentes, o que acaba por tirar muito tempo à família. Por isso, acrescentou, faz com que muitas mulheres “acabem por desistir da profissão”.

No entanto, admitiu que, atualmente, já se veem cada vez mais mulheres chefs de cozinha. Por outro lado, e no caso dos chefs homens, “há sempre uma mulher por detrás do seu sucesso”, considera Justa Nobre. No mesmo sentido, Maria João Bahia, designer e proprietária da joalharia com o seu nome, considerou ainda que, atualmente, “ainda existem alguns entraves” que impedem as mulheres de crescer no mundo empresarial. Maria João Bahia foi uma das primeiras mulheres a ser joalheira em Portugal e recordou que o seu início de carreira não foi fácil.

Desta forma, salientou que foi a primeira da sua família a seguir esta arte, que habitualmente passa entre gerações. Para tal, foi tirar um curso de ourivesaria e aprendeu a trabalhar com ouro e prata em duas oficinas, uma no Porto e outra em Lisboa. No mesmo sentido, recorda que, nessa época, a arte da ourivesaria era dominada por homens, e acabou por ser desvalorizada por ser mulher.

“Uma das razões de não ter desistido, para além da paixão enorme que tenho, ter confiança, determinação e pensar que vou conseguir ganhar este projeto fez com que não desistisse”, finalizou Maria João Bahia, que atualmente tem o seu atelier e loja na Avenida da Liberdade.

Oradoras lembraram ainda a importância da equidade

A iniciativa contou ainda com a participação de Ângela Barros, da Comissão Executiva do Banco Montepio. Por sua vez, esta considera que “a resiliência que uma mulher tem que ter e, muitas vezes, a auto-confiança com que se apresenta, permite impor, de certa forma, aquilo que é o respeito numa sala quando expomos uma opinião”.

Por outro lado, “há uma subtileza de como as mensagens são percepcionadas, muitas vezes nos seios mais masculinos, inclusive o léxico. Porque os pontos de interesse são distintos dos nossos, e isso pode ser um bloqueio em termos daquilo que é o início de uma relação profissional”.

Contudo, Ângela Barros terminou o seu discurso acrescentando que “as mulheres, nas diferentes áreas onde trabalham, têm cada vez mais um papel de protagonismo”. Ao mesmo tempo, têm cada vez um papel “de motivação em termos daquilo que são as suas equipas, o que efetivamente pode aportar valor para uma sociedade, para uma economia.”

Por fim, Isabel Denascimento, Presidente fundadora da Associação de Mulheres Empresárias de Europa e África, realçou as vulnerabilidades sociais e emocionais das mulheres na sociedade.

Ao mesmo tempo, salientou que “é necessário que a nossa sociedade possa dar aberturas, ferramentas para que as mulheres possam celebrar não apenas com fotografias o Dia Internacional da Mulher”. Contudo, reiterou ainda que é importante “reforçar que homens e mulheres têm de caminhar todos juntos na mesma direção, para construir um mundo de equidade.”

 

 

 

 

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