TÚMULO DO REI D.DINIS ENCERRADO ESTA QUARTA-FEIRA

O túmulo do Rei D.Dinis foi encerrado esta quarta-feira, dia 28 de junho, no Mosteiro de Odivelas. O processo começou em 2016, e dá-se agora por concluído. No entanto, irá continuar a investigação sobre o monarca e do seu espólio.

Este encerramento do túmulo do Rei D.Dinis corresponde a mais uma etapa do Projeto de Conservação e Restauro, e que está a cargo da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC). Ao mesmo tempo, o projeto está ainda a ser apoiado pela Câmara Municipal de Odivelas (CMO), através do Programa Operacional Regional de Lisboa 2020.

Desta forma, o túmulo com os restos mortais do rei D.Dinis (1261-1325) foi alvo de um processo de restauro e intervenção multidisciplinar. Este projeto insere-se na intervenção do Mosteiro de Odivelas, e permitiu chegar a algumas conclusões sobre a fisionomia do monarca. No mesmo sentido, procedeu-se a uma investigação ao manto que o cobria e, em outubro do ano passado, descobriu-se, no seu túmulo, uma espada medieval dada como desaparecida.

Segundo Maria Antónia Amaral, coordenadora do estudo, os restos mortais do Rei D.Dinis foram estudados por um grupo de antropólogos. Para já, a equipa quer proceder ao estudo do espólio do monarca e do infante, ou seja, um dos netos do rei que está sepultado no Mosteiro de Odivelas. “É muito interessante porque todo este espólio que se encontrou no túmulo do infante está num excelente estado de conservação”, sublinhou a coordenadora à comunicação social.

Por sua vez, adianta, “o caixão tem uma forma tipicamente medieval”. O projeto de conservação e restauro do túmulo de D. Dinis começou em 2016. Foi nesta altura que a equipa de investigadores teve a oportunidade de colocar “uma sonda”, para ver o que se encontrava no interior do túmulo. “Foi uma surpresa positiva e outra menos positiva.

Devolver dignidade ao túmulo do Rei D.Dinis

A positiva é que estava lá o esqueleto”, reforça Maria Antónia Amaral, frisando que a parte menos boa foi de que a equipa percebeu, por outro lado, que o túmulo “estava muito remexido, sobretudo nos membros inferiores, e havia muito lixo”. Por isso, a equipa considerou que “o Rei não estava tumulado em condições dignas”. Deste modo, a diretora da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) apresentou uma candidatura, em 2017, para o financiamento das obras de conservação e requalificação do túmulo do Rei D. Dinis.

A isto, juntaram-se ainda, as autorizações pedidas ao Ministério da Cultura, o que tornou o processo “longo”. Após a luz verde, “retirou-se tudo do túmulo”, e procedeu-se às obras de restauro, permitindo assim que o Rei D. Dinis regressasse à sua sepultura. Para já, acrescentou a coordenadora do estudo, “tudo o resto está agora a ser objeto de estudo”, sendo que, posteriormente, serão divulgadas as conclusões do mesmo ao público.

Estudo do espólio deverá demorar algum tempo, admite Ministro da Cultura

Por sua vez, o Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, reforçou que o fecho do túmulo do Rei D.Dinis é o “encerrar de uma etapa”, daquilo que é “um processo longo”. Desta forma, admitiu que o estudo da espada e do restante espólio do monarca irá implicar algum tempo, uma vez que serão objeto de “investigação e restauro”. Por enquanto, ainda subsiste a dúvida para onde irá o espólio do Rei D. Dinis. “É uma coisa que decorrerá nos seus trâmites normais”, reforçou Adão e Silva, lembrando que, para já, a prioridade é realizar todo o “trabalho de conservação e de intervenção nestas peças”, as quais já teve oportunidade de ver ao vivo.


“Será um trabalho necessariamente longo, delicado, muito minucioso e também muito exigente”, disse Pedro Adão e Silva. O ministro sublinhou ainda que uma das suas prioridades é “qualificar as instituições do Estado para serem capazes de continuar a preservar a nossa memória coletiva”. Aqui, deu como exemplo a contratação de técnicos de conservação e restauro para o Laboratório José de Figueiredo, precisamente para dar continuidade a este objetivo.

Hugo Martins quer que espólio do rei fique em Odivelas

Para o presidente da CMO, Hugo Martins, o encerramento do túmulo do Rei D. Dinis “é um dia histórico”, tal como o da descoberta da espada. Na sua visão, o estudo do espólio e dos restos mortais do rei vai “caracterizar quer aquela época, quer também aquilo que era o rei enquanto pessoa”. Atualmente, a espada e o espólio com que o monarca foi sepultado, estão a ser objeto de estudo no Laboratório José de Figueiredo.

Após o estudo, será tomada uma decisão relativamente sobre o destino a dar àqueles objetos, que não passará pela Câmara de Odivelas, salienta Hugo Martins. No entanto, o autarca gostaria que o espólio ficasse no concelho, no futuro Centro Interpretativo do Mosteiro de Odivelas. “Se D. Dinis está sepultado no Mosteiro de Odivelas, que era a sua vontade, então não há dúvidas”, acrescenta o edil.

Centro Interpretativo deverá ficar “visitável” dentro de dois anos

Este centro está atualmente em fase de construção e tem como objetivo salvaguardar e preservar a história do Mosteiro de Odivelas, abrindo-o ao público. O espaço, adiantou ainda Hugo Martins, “está projetado no âmbito daquilo que são os locais de referência do Mosteiro”. Ao mesmo tempo, contará ainda com um “roteiro”. Este irá descrever, em cada espaço, quais as suas funções. Cada local “estará equipado com peças que conseguimos reunir”, acrescentou o presidente da CMO.

Para já, e para conseguir reunir toda a informação histórica necessária, a autarquia está a recolher informações relativas àquela época na Torre do Tombo. O objetivo “é poder retratar, com maior fidelidade, aquilo que foi a história e a evolução do Mosteiro”, conclui Hugo Martins. Na sua perspetiva, o futuro Centro Interpretativo deverá reunir condições para a sua abertura ao público dentro de “dois anos”.

Contudo, o circuito final deverá ficar pronto mais tarde. Por outro lado, o autarca espera “fazer um pequeno apontamento” daquilo que será o espaço em novembro, na celebração dos 25 anos da elevação de Odivelas a concelho.

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