Este domingo, dia 4 de junho, realizou-se o terceiro e último dia de exibições na Altice Arena. Santa Casa, Ajuda, Marvila, Penha de França, São Vicente, Santa Engrácia e Alfama foram as marchas que desfilaram. Agora, segue-se o desfile na Avenida da Liberdade, onde as 23 marchas irão novamente participar, na noite de 12 para 13 de junho.
O último dia de exibições na Altice Arena começou com a Marcha da Santa Casa, que já soma cinco participações nas Marchas de Lisboa. Este ano, a instituição celebrou 525 anos de atividade e, por isso, exibiu o tema ‘525 anos a fazer a diferença na vida das pessoas’. Como o nome indica, o objetivo é lembrar o papel social da Santa Casa da Misericórdia e da diferença que faz na vida de quem a procura.
A Marcha da Santa Casa é a terceira marcha extraconcurso das Marchas Populares e apresentou duas marchas inéditas. A primeira é ‘Da Sorte aos Amores’, de Ricardo Dias (letra) e Carlos Dionísio (música), e a segunda ‘Santa Casa, Uma Porta Aberta’, com letra de Ricardo Dias e João Ramos e música de Carlos Dionísio.
Paulo Jesus é o ensaiador da Marcha da Santa Casa, que conta com Nuno Lopes como figurinista e cenógrafo. Os padrinhos são o comentador social Pedro Crispim e a atriz Liliana Santos. Já os mascotes são o Guilherme Monteiro, a Leonor Orvalho e o Lourenço Galaio.
Marcha da Ajuda
A Ajuda participa nas Marchas Populares de Lisboa desde 1934, embora de forma regular apenas desde 1966. Este ano, o tema é ‘Ajuda vai ao Parque Mayer’, recuando aos tempos que marcaram a história do Teatro de Revista. A Marcha da Ajuda traz figurinos em tons de azul, verde e roxo, inspirados na Revista à Portuguesa, onde não faltam as plumas, as franjas e os folhos.
No final da exibição, a Ajuda fez ainda uma pequena homenagem a dois elementos essenciais desta marcha, recentemente falecidos: a Dona Dina, a marchante que mais anos esteve na Marcha da Ajuda; e Luís Morais (“Coimbra”), conhecido ensaiador da Costa da Caparica que, em 2023, iria ensaiar novamente a Ajuda, marcha que já ensaiou entre 2014 e 2016.
Carlos Jorge Español e Margarida Martins são os ensaiadores da Ajuda e Vasco Catarino o figurinista. Duarte Nuno Cruz é o cenógrafo e os padrinhos Paula Sá e Telmo Miranda. Os mascotes são a Maria Cardoso e o Tomás Rita. As duas marchas inéditas são ‘Ajuda Vai ao Parque Mayer’ e ‘Ajuda da Realeza ao Parque Mayer’.
Ambas têm letra de Carlos Jorge Español e música de Rui Terrinha, contando ainda com o apoio de Vítor Ferreira Titó (letra) na segunda marcha. A última marcha apresentada foi ‘Cá Vai Ajuda’, com letra de Horácio Carvalho e Ricardo Vieira. A Marcha da Ajuda é organizada pela Academia Recreativa da Ajuda e os responsáveis são Adolfo Barão e Jorge Pimenta.
Marcha de Marvila
Marvila apresentou-se com o tema ‘Marvila, vitral de cor e tradição’, homenageando os vitrais, os artesãos que os produziram e a cultura e tradição que reforçam o sentimento de um povo. A Marcha de Marvila é organizada pela Sociedade Musical 3 D’Agosto 1885, e o responsável é Marco Silva. O ensaiador é Paulo Jesus e o figurinista e cenógrafo é Paulo Miranda.
Os padrinhos são os atores Ana Marta Contente e Vítor Emanuel, e os mascotes Carolina Baptista e João Paulo Cardoso. As duas marchas inéditas apresentadas são ‘Marvila, Vitral de cor e tradição’, da autoria de José Vala Roberto (música e letra), e ‘Marvila, o vitral de Lisboa’, de Toy (letra e música). A última marcha apresentada foi ‘Marcha de Marvila 1990’, de Eduardo Damas e Manuel Paião.
Marcha da Penha de França
A Penha de França participa desde 1965 e este ano homenageia a portugalidade e a tradição nos 100 anos do Parque Mayer, como se fosse uma grande Revista. O tema é ‘Penha de França, um coração sempre a bater por ti’, lembrando as filigranas, as penas, as purpurinas, e outros elementos indissociáveis do Parque Mayer. A Marcha da Penha de França é organizada pelo Sporting Clube da Penha e o responsável é Paulo Lemos.
O ensaiador é José Carlos Mascarenhas e o figurinista Paulo Julião/Atelier de Confeção Áurea Silva. O cenógrafo é Sérgio Sousa e os padrinhos os cantores Salomé Caldeira e Rui Andrade. A mascote é a Carolina Duarte. As duas marchas inéditas são da autoria de Joana Dionísio (letra) e Carlos Dionísio (música) e chamam-se ‘Viva a Revista, Viva o Parque Mayer!’ e ‘Penha de França, corações de ouro’. Já a última marcha apresentada é ‘Os Segredos da Penha’, também de Joana e Carlos Dionísio.
Marcha de São Vicente
‘Arraial enamorado por São Vicente abençoado’ é o tema apresentado pela Marcha de São de Vicente em 2023. Esta marcha estreou-se no concurso em 1934 e é organizada pela Academia Recreativa Leais Amigos. Este ano, homenageia a cidade, as suas festas e arraiais, marcados pelos namoricos e noites de dança. O responsável da marcha é Bruno Santos e a ensaiadora é Sofia Pereira.
Paulo Julião é o figurinista e cenógrafo, e contou com a parceria de Isabela Santos Confecções e Letras e Esferovite, LDA. Os padrinhos da Marcha de São Vicente são o ator Jorge Mourato e a cozinheira Joana Barrios. Os mascotes são Melissa Rodrigues e Lourenço Silva. A primeira marcha inédita apresentada foi ‘Arraiais de São Vicente’, de Toy (música e letra), e ‘Não há arraial mais animado’, de Gimba (letra e música). Por outro lado, a última marcha apresentada foi ‘Lisboa de São Vicente’, com letra de Mário Rainho e Paulo Valentim.
Marcha de Santa Engrácia
Santa Engrácia é a terceira marcha que regressa ao concurso das Marchas Populares em 2023. O tema é ‘Santa Engrácia enamora o Tejo’, lembrando que, no passado, os catraios desembarcavam o pescado na Doca de Santa Apolónia e os homens amanhavam o pescado, trabalho esse que era o sustento da família. Todavia, e apesar das diferenças que o bairro sofreu ao longo dos anos, Santa Engrácia regressa às origens, com figurinos em tons de verde e azul.
A Marcha de Santa Engrácia participa neste concurso desde 2006 e é organizada pelo Operário Futebol Clube, sendo o seu responsável Pedro Almeida. Os ensaiadores são Ana Sofia Silva e Bruno Alexandre Barros. O figurinista é Brandão & Barros, também cenógrafo com Carlos Ferreira. Os padrinhos são os comentadores sociais Filipa Castro e Duarte Siopa. Os mascotes são Inês Vieira dos Santos e Simão Correia de Aguiar.
As duas marchas inéditas são da autoria de Nuno Nazareth Fernandes (música e letra) e intitulam-se ‘Quando o Tejo viu Lisboa’ e ‘Não me chame eu Portugal’. A última marcha apresentada foi ‘O Meu Bairro é uma Jóia’, com letra de Fernando Santos e João Carvalho.
Marcha de Alfama
Por fim, a sétima marcha a desfilar no derradeiro dia de exibições na Altice Arena foi a Marcha de Alfama, uma das mais aguardadas da noite. Alfama é presença habitual nas Marchas de Lisboa desde 1932 e é organizada pelo Centro Cultural Dr. Magalhães Lima desde 1983. Este ano, o tema é ‘A Sina do Estivador’, lembrando os tempos em que aquele bairro era o cais de Portugal, onde chegavam homens e mulheres que faziam do Tejo a sua sina e de Alfama a sua casa.
O responsável da Marcha de Alfama é João Ramos e a ensaiadora Vanessa Rocha. Nuno Lopes é o cenógrafo e figurinista. O apresentador João Baião e a fadista Raquel Tavares são os padrinhos da Marcha de Alfama. Por fim, os mascotes são a Laura Almeida e Lourenço Vaz. A primeira marcha inédita é ‘A Sina do Estivador’, de Pedro Mafama e Carlos Dionísio. A segunda é ‘Alfama vai ao Parque Mayer’, com letra de João Ramos e Ricardo Dias e música de Carlos Dionísio. A última marcha apresentada foi ‘Sorri Alfama’, de Carlos Leitão.
Exibições na Altice Arena foram “um sucesso”
De acordo com Pedro Moreira, presidente do Conselho de Administração da EGEAC, ao Olhares de Lisboa, “as noites do Altice Arena foram um sucesso”. Contudo, as Marchas Populares estão integradas na programação das Festas de Lisboa. Segundo o responsável, elas “estão a ter uma grande adesão, e ainda estamos no início”. Por isso, faz um “balanço muito positivo” da primeira semana do certame, que a EGEAC quer “que corra pelo melhor”.
Pedro Moreira é presidente do Conselho de Administração da EGEAC desde agosto do ano passado, empresa a que regressou após uma jornada no Museu do Tesouro Real. Desta forma, salientou ao nosso jornal “que é com grande felicidade que volto a esta casa, que tem uma equipa estrondosa”. “Espero poder dar o meu contributo para que a cultura em Lisboa seja cada vez mais enriquecida”, concluiu.
Autarcas e público rendidos às Marchas Populares
Os três dias de exibições na Altice Arena foram apresentados por Vanessa Oliveira, cara bem conhecida da RTP. Também o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, marcou presença nos três dias, onde sublinhou a dedicação e o empenho de todas as marchas para manter viva esta tradição lisboeta. O edil mostrou-se fã do concurso e diz que quer ajudar a perpetuá-lo.
Por sua vez, também o vereador com o pelouro da Cultura da CML, Diogo Moura, esteve no evento e confessou ainda ao Olhares de Lisboa que não perde nenhuma edição das Marchas de Lisboa “desde 2002”. Ao mesmo tempo, as exibições na Altice Arena também contaram com a presença de vários presidentes de junta, durante os três dias.
Já na plateia, foram também várias pessoas que vieram à Altice Arena mais do que um dia. Uma delas é a Dona Manuela, que apesar de estar vestida com a camisola da Santa Casa, é apoiante da Marcha do Alto do Pina. “Gosto muito das marchas, costumo ir à Avenida, mas este ano foi a primeira vez que vim ao pavilhão”, conta ao nosso jornal.
Acompanhada por uma amiga, esta senhora sublinhou ainda que, para além de domingo, esteve na Altice Arena na sexta-feira, primeiro dia das exibições. “A marcha que gostei mais foi a do Alto do Pina. Achei diferente e gostei muito de ver a Teresa Guilherme e o Marco Costa a dançar com eles”.
Apoiar o bairro e familiares
Já Conceição Santos é natural do bairro de Alfama e há 10 anos que vem assistir às marchas na Altice Arena. “Vivi em Alfama e apoio a marcha desde sempre”, conta esta espetadora, que se mostra confiante de que esta marcha vai ganhar o concurso. Por outro lado, Ruben é apoiante da Marcha da Ajuda, “porque foi a primeira marcha em que participei”. O jovem acompanhou os ensaios da marcha e garante “que, mesmo que não ganhem, sei que vão dar o melhor porque eles trabalharam para isso”.
Por fim, Daniela é apoiante da Marcha de São Vicente porque tem lá “vários familiares”. No entanto, reforça que é um ambiente que conhece bem, porque foi marchante na Marcha Infantil da Voz do Operário durante vários anos. “Venho ao pavilhão desde miúda e para o ano, espero entrar na Marcha de São Vicente”, diz a jovem, que quer ver este bairro a conquistar as Marchas Populares de Lisboa em 2023.