A La Vuelta, um dos maiores eventos de ciclismo do mundo, vai ter a sua partida em Lisboa no dia 17 de agosto de 2024 e termina em Madrid a 8 de setembro. A prova regressa a Portugal 27 anos depois, e para além da capital portuguesa, vai passar ainda por Oeiras, Cascais, Ourém, Lousã e Castelo Branco. No total, haverá um investimento total de dois milhões de euros, repartidos entre munícipios e entidades turísticas.
A apresentação da La Vuelta realizou-se esta quarta-feira, dia 25 de outubro, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa. O evento vai trazer os melhores ciclistas do mundo, que vão estar em Portugal durante três dias – 17, 18 e 19 de agosto. Esta será a segunda vez que a prova passa por Portugal. Recorde-se que, em 1997, a La Vuelta saiu de Lisboa como forma de promover a Expo 98. Segundo Luís Castro, representante português da La Vuelta, a intenção de trazer de novo a prova para o nosso país começou há “quatro anos”.
O responsável frisou ainda que houve também uma preocupação de levar o evento para o interior do país, como forma de promover esta região. Luís Castro reforçou ainda que a La Vuelta é transmitida em 190 países e que a edição de 2024 conta com a parceria de oito entidades. Ao mesmo tempo, a prova é ainda acompanhada por cerca de mil jornalistas de 300 órgãos de comunicação social de todo o mundo. “É uma grande oportunidade de promover o país e o Interior”, acrescentou Luís Castro.
O também jornalista explicou que o investimento total é de cerca de dois milhões de euros. Metade é financiado pelas autarquias de Lisboa, Oeiras e Cascais, e o restante pelo Turismo de Lisboa e Turismo do Centro. Em Espanha, este evento gera uma receita a rondar os 120 milhões de euros.
Evento começa a 17 de agosto junto aos Jerónimos
A La Vuelta começa no dia 17 de agosto e vai até ao dia 8 de setembro, terminando em Madrid. No entanto, assegura o responsável da prova, haverá ainda “pequenos eventos” antes do arranque oficial da prova, que será em Lisboa, junto ao Mosteiro dos Jerónimos. É também aqui que começa um contra-relógio, de 11 quilómetros, e que vai até à Praia da Torre, no concelho de Oeiras. No dia 18 de agosto, será a vez da etapa Cascais/Ourém. No dia 19, os ciclistas irão percorrer o caminho entre a Lousã e Castelo Branco, com passagem pela Serra da Estrela.
Continuar a crescer no turismo
Nesta apresentação, esteve também o Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, que começou por salientar a parceria “fundamental” dos autarcas de Lisboa, Oeiras e Cascais. De acordo com o Secretário de Estado, “o turismo é uma das principais fontes de receita do país”. Por isso, o Governo quer continuar “a crescer” nesta área. Nuno Fazenda adiantou ainda que, nos primeiros oito meses do ano, “Portugal já cresceu em todos os indicadores” face a 2022. “Houve mais 12 por cento de dormidas e mais 40 por cento de receita”, sustentou o Secretário de Estado.
Sobre a passagem da La Vuelta por Portugal, acredita que irá servir como um meio de divulgação de Portugal para o mundo, e ainda como forma de “melhorar a coesão territorial” em todo o país. Por fim, Nuno Fazenda acredita que a prova é igualmente importante para mostrar “a boa cooperação entre as várias entidades e munícipios”, mas também “entre os dois países [Portugal e Espanha]”. “O sucesso deste evento será o sucesso para o país e para a coesão territorial”, finalizou o Secretário de Estado.
Um dos maiores eventos de ciclismo do mundo
Por sua vez, Javier Guillen, representante da Unipublic, empresa organizadora do evento, a La Vuelta “junta territórios e povos”. Sobre o motivo desta prova arrancar em Portugal, o responsável justifica com “a ligação” que o nosso país tem com Espanha. Guillen sublinhou ainda que a La Vuelta “é um dos maiores eventos de ciclismo do mundo, tal como o Tour de France e o Giro d’ Italia. É uma grande força desportiva, que conta com as melhores equipas e atletas”. Por fim, o espanhol ressalvou também que, para além da vertente desportiva, esta prova “é também um evento cultural, social e turístico”.
Já Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, “é com enorme satisfação que acolhemos este evento, que foi um sucesso em 1997”. Para o responsável, o ciclismo é uma modalidade que promove “grandes espetáculos de rua”. Por outro lado, tem também “um grande compromisso com o território”, porque, e dando como exemplo a Volta a Portugal, “passa nas pequenas localidades” do país. “A La Vuelta é uma das voltas com mais impacto a nível mundial”, realça Delmino Pereira. Por isso, explica, a prova será “uma enorme oportunidade para Portugal promover o país como destino turístico de excelência e difundir o território”.
Oportunidade para trabalhar em conjunto
Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara de Cascais, disse que a passagem da La Vuelta por Portugal mostra como os munícipios “podem trabalhar em conjunto”. “Já o fizémos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), fazemos nos transportes, fazemos nas maratonas, entre outros”, acrescentou o autarca, alertando para a necessidade de existir cada vez mais eventos organizados em conjunto. O objetivo é “alavancar Portugal como destino de excelência”. “É com enorme regozijo que Cascais se associa a esta iniciativa”, disse Miguel Pinto Luz, confessando “estar ansioso” com a prova.
Sobre o retorno, o vice-presidente da autarquia cascalense estima que ele “seja duas ou três vezes mais que o investimento” de dois milhões de euros. Já para o edil de Oeiras, Isaltino Morais, “espero que esta união seja um prenúncio de tantas outras coisas que possamos fazer dentro da Área Metropolitana de Lisboa”. “Juntar três presidentes de câmara é difícil”, disse o autarca, lembrando que, no caso de Oeiras, o munícipio “já tem uma experiência de cooperação com Lisboa e Amadora”. Aqui, referiu a construção de um liceu em São Tomé e Príncipe, “um investimento conjunto de um milhão de 800 mil euros, pagos pelos três munícipios”.
Sobre a La Vuelta, Isaltino Morais considera que “é uma aposta ganha e que de certeza trará retorno. Será uma mais valia para o turismo, bem como para as pessoas. Dá visibilidade às cidades, dá visibilidade ao país e, por trás dessa visibilidade, vem o retorno financeiro. É bom para o turismo, é bom para as pessoas e é bom para Oeiras”, concluiu o presidente.
Evento é assistido por 500 milhões de pessoas em todo o mundo
O edil de Lisboa, Carlos Moedas, também presente nesta apresentação, começou a sua intervenção a recordar a JMJ. “Mostrou a capacidade incrível de mostrar ao mundo que Lisboa conseguiu ter um evento daquela dimensão”, disse, considerando que a passagem da La Vuelta por Portugal irá ser igualmente bem sucedida. “Ter a Vuelta a começar no país é um grande orgulho. Lisboa e a Área Metropolitana de Lisboa transformaram-se numa área que atrai os grandes eventos”, considerou Moedas, lembrando, contudo, que no passado não era assim.
“Passámos a vida a lutar para trazer estes grandes eventos [para Portugal] e agora eles querem estar connosco”, frisou o edil, lembrando que estes eventos são bons para promover o turismo, uma área “essencial para o país”. “É uma grande alegria ter um evento desta dimensão da cidade. Vão ser 500 milhões de espetadores em todo o mundo, tal como foi a JMJ”, sublinhou o presidente da Câmara de Lisboa. O autarca reforçou ainda a importância deste evento para promover o país e também para “abrir as portas para uma colaboração entre Lisboa e Madrid”.
Por fim, aos jornalistas, Moedas disse ainda que a La Vuelta “será um momento único para a cidade depois de tantos anos”, e que espera, em breve, que Lisboa volte a fazer parte do circuito da Volta a Portugal. “Ainda não recebi nenhum contacto nesse sentido, mas temos todo o interesse em voltar a pertencer a esta volta mítica”, adiantou o edil.
Foto de capa: La Vuelta