CÂMARA DE LISBOA ASSINA PROTOCOLO PARA MELHORAR BEM-ESTAR DA POPULAÇÃO IDOSA

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) assinou, esta quinta-feira, 7 de dezembro, um protocolo com cinco entidades no sentido de implementar a terceira fase do programa ‘Lisboa, Cidade de Todas as Idades’, que visa promover o bem-estar junto da população idosa.

O protocolo entre estas seis entidades que vão colaborar na terceira fase do programa ‘Lisboa, Cidade de Todas as Idades’, foi assinado no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Na cerimónia, a provedora da Santa Casa da Misericórdia, Ana Jorge, destacou que, este protocolo “vai permitir dar um passo gigante”. Por outro lado, frisou, as pessoas mais idosas “nasceram e viveram” numa altura em que não existia “a qualidade de vida que há hoje”, sem acesso a cuidados de saúde primários ou a vacinas, por exemplo.

“Esta é um dos problemas que os nossos mais velhos têm”, salientou a antiga Ministra da Saúde, sublinhando que este protocolo vai permitir “ir ao encontro dos mais vulneráveis”, graças à parceria entre as entidades envolvidas. Deste modo, para além da Câmara de Lisboa e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), este projeto inclui ainda a parceria da Polícia de Segurança Pública, Segurança Social, Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e da Nova Medical School. Por sua vez, o objetivo, com este protocolo, será criar uma articulação entre estas entidades, de forma a contríbuir para a independência/autonomia e aumento do bem-estar da população idosa residente em Lisboa, com mais de 65 anos.

Promover a vida ativa dos séniores

“O protocolo incide na vida ativa e na vida autonóma” dos séniores, prosseguiu Ana Jorge, agradecendo ainda à Nova Medical School por se ter associado ao projeto. Assim, considera, será possível trazer “mais evidências e estudar melhor as situações”. Para a provedora da SCML, “para combater o idadismo temos que envolver todas as idades”, através da sensibilização, que deve começar nas camadas mais jovens. “Deteriorou-se esta relação com os mais velhos e é isso é uma das preocupações que temos de ter”, lamentou Ana Jorge, que considera ainda que a “vida ativa” dos idosos é um trabalho que tem de ser feito com antecedência.

“Precisamos de criar mais respostas para que as pessoas possam estar mais tempo nas suas casas”, prosseguiu a provedora. Igualmente, lembrou também que se deve olhar para os que, de alguma forma, não têm condições para continuar nas suas casas. “Esperamos muito que este protocolo vá responder àquilo que são as nossas preocupações e da cidade de Lisboa, que é uma cidade com muitos problemas de envelhecimento”, concluíu Ana Jorge. Com a assinatura deste novo protocolo, o programa ‘Lisboa, Cidade de Todas as Idades’ passa agora a designar-se ‘Lisboa, Cidade Com Vida Para Todas as Idades’.

127 mil idosos residentes em Lisboa

Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, sublinhou que “hoje é um dia verdadeiramente importante para a nossa cidade. Em 2019, a Comissão Europeia colocou Lisboa como a capital europeia mais envelhecida de toda a União Europeia”. Citando dados da Eurostat e dos Censos, o edil disse ainda que “somos a capital europeia com maior indíce de dependência dos idosos”. De igual modo, sublinha, “tem existido um crescimento da população idosa em Lisboa”. Atualmente, residem, na capital portuguesa, cerca de 127 mil pessoas com mais de 65 anos, o que corresponde a 23% da população da cidade.

No entender do edil lisboeta, “haverá uma duplicação deste valor até ao final deste século”. Por isso, considera, “é necessária uma política de envelhecimento de qualidade”. Moedas frisou ainda que este protocolo “vai ao encontro do Estado Social Local”. Aqui incluem-se outras medidas, nomeadamente o Plano de Saúde 65+, ao qual já aderiram mais de 13 mil munícipes, e ainda a gratuitidade dos transportes públicos para maiores de 65 anos. “O envelhecimento é um grande desafio para todos nós. Tem de ser a prioridade máxima nas políticas e ações”, prosseguiu o presidente, destacando a boa relação da autarquia de Lisboa com a SCML.

Projeto inclui a criação de um Centro de Coordenação

“Este protocolo reafirma esta visão e este fortalecimento do nosso compromisso com estas políticas, mas resume-se a três palavras”, prosseguiu o presidente da CML. São elas “a cooperação entre entidades”, onde se inclui a criação de um Centro de Coordenação, onde haverá uma equipa multidisciplinar, composta por elementos das seis entidades, que, em conjunto, estão a trabalhar num objetivo e espaço comum. Para já, ainda não se sabe onde será este Centro de Coordenação, mas espera-se que entre em funcionamento nos primeiros meses de 2024.

Centro de Enfermagem Queijas

A segunda característica deste programa é ainda “a inovação”, através da tecnologia. “Aqui podemos dar passos muito importantes, juntando as nossas instituições com os mais jovens”, para que, através da inovação, se faça “algo útil para os que mais precisam”, prosseguiu Carlos Moedas. Aqui, o autarca deu como exemplo a teleassistência, ou seja, um dispositivo que permite, em caso de emergência, accionar os bombeiros ou a polícia, entre outros.

Atualmente, a CML quer chegar, até 2026, aos dois mil idosos acompanhados por estes sistemas. Por fim, o último objetivo deste protocolo é ainda “a capacitação”. Neste sentido, prevê a criação de recursos de apoio aos cuidadores informais, tais como “apoio jurídico ou apoio psicológico”, para que estes possam ter uma maior qualidade de vida. “Estamos verdadeiramente a criar este Estado Social Local de Lisboa”, concluiu Carlos Moedas.

Câmara de Lisboa vai investir 14 milhões na área Social em 2024

No mesmo sentido, Ana Jorge reforçou, aos jornalistas, que “temos que ter uma organização que permita o descanso do cuidador”. Sobre esta nova fase do projeto, a provedora da SCML disse que “haverá um plano integrado para cada situação” e uma adequação das respostas às necessidades de cada um. Por sua vez, Carlos Moedas adiantou que “este protocolo não tem aqui valores de investimento”. Contudo, reforça que a autarquia vai investir “quase 14 milhões de euros na área social” em 2024.

“O Plano de Saúde 65+ vai-se manter, assim como os transportes públicos gratuitos”, assegurou o presidente da CML, destacando ainda o futuro Conselho da Pessoa Idosa, cuja responsabilidade será da vereadora com o pelouro da Cidadania, Sofia Athayde. Para já, o projeto ‘Lisboa, Cidade Com Vida para Todas as Idades’ contará apenas com estas seis entidades. Contudo, o autarca de Lisboa, admite que, no futuro, possa haver mais parcerias com mais entidades. “Trabalhamos com muitas outras instituições, em tantas áreas, como por exemplo os sem-abrigo, onde vamos investir 70 milhões nos próximos sete anos e queremos duplicar o acolhimento dessas pessoas”, adiantou ainda Carlos Moedas.

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