FREGUESIA DE SANTO ANTÓNIO E CÂMARA DE LISBOA JUNTARAM-SE PARA DAR VOZ A 22 ESTÁTUAS

Foi inaugurado, no passado dia 20 de janeiro, o projeto ‘História com Voz’, que dá voz a 22 estátuas localizadas no Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade, Amoreiras, entre outras zonas da freguesia de Santo António, responsável por este projeto. Desta forma, várias figuras públicas dão voz a personalidades como o Marquês de Pombal, Camilo Castelo Branco, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, entre outras.

Agora, já é possível “receber” um telefonema do Marquês de Pombal, de Alexandre Herculano ou de Almeida Garrett, através do projeto ‘História com Voz’, lançado a 20 de janeiro pela Junta de Freguesia de Santo António. Para tal, basta apenas apontar o telemóvel para o QR Code que acompanha cada uma das 22 estátuas que integram o projeto, “atender” a chamada e ouvir uma descrição que conta a história de cada personalidade retratada na estátua. “Esta iniciativa surge na sequência de viagens que eu faço ao estrangeiro, inspirado nos audioguias dos museus. Depois, foi só trabalhar a ideia e surge isto”, contou ao Olhares de Lisboa o presidente da Junta de Santo António, Vasco Morgado.

Ao mesmo tempo, o projeto surgiu também derivado de “uma necessidade” de saber e dar a conhecer “a história das estátuas. Nós passamos por elas, e elas estão lá”, referiu ainda o autarca, sublinhando que o projeto engloba 13 estátuas na Avenida da Liberdade, a que se junta a estátua do Marquês de Pombal, mais oito espalhadas nos arruamentos envolventes. Assim, “podemos dar a saber, pela própria pessoa, a sua história”. Cada uma das descrições foi escrita pelo humorista Nilton, e são narradas por diversas figuras públicas, entre as quais o apresentador Júlio Isidro, o ator Ricardo Carriço, o apresentador Fernando Mendes, a atriz Marina Mota, entre outros.

Narradores têm semelhança com os retratados

“São vozes que nos são familiares e conhecidas e que levam, de uma forma leve, a história”. Os textos foram escritos com base na informação histórica do Centro Nacional de Cultura, a que se junta “um toque de piada e de humor” do Nilton. “Há também alguma crítica social, porque estes senhores [os retratados] também eram críticos”, prossegue o presidente. A escolha da vozes seguiu o critério da semelhança dos narradores com as personalidades retratadas. Ou seja, “tentámos adaptar as figuras ao narrador. Por exemplo, o Rosa Araújo [presidente da Câmara de Lisboa no século XIX] era baixinho, gordinho e com caracóis, e, portanto, nada melhor do que o Fernando Mendes” para o representar, explicou Vasco Morgado.

Por sua vez, “o Júlio Isidro tinha de ser o Marquês de Pombal, porque até acho que foi ele quem lançou o Marquês de Pombal num dos programas dele”, conta o autarca, a brincar. “Fomos seguindo uma questão de imaginário”, sustentou ainda o presidente, ressalvando que este é um projeto que já estava na gaveta desde 2018. No total, existem quatro mulheres a dar voz ao ‘História com Voz’ e 20 vozes masculinas. No entanto, Vasco Morgado explica que “grande parte das estátuas” presentes na freguesia “são masculinas”, daí existir muito mais narradores homens do que mulheres. “Há duas figuras acopuladas a duas estátuas”, nomeadamente, a de Rosa Araújo (Fernando Mendes e Marina Mota) e a de Pinheiro Chagas (Ricardo Castro e Bruna Andrade).

Projeto custou 50 mil euros

“Temos gente muito famosa e gente famosa”, acrescentou Vasco Morgado, sublinhando ainda que todos os narradores “são de várias gerações”. Outro dos narradores é ainda o próprio presidente da Junta de Santo António, que dá voz à Alegoria ao Rio Tejo. “Não podia ficar de fora deste projeto, perdoem-me a imodéstia, mas esta é a minha cidade, e foi mais forte do que eu, não resisti ao apelo e faço o Rio Tejo com muita honra e é a cidade que me viu nascer”, explicou o autarca, presidente desta freguesia desde 2013. “É a minha estátua preferida. Sou lisboeta, esta é a minha cidade. O Tejo é o rio que banha a minha cidade”, contou ainda Vasco Morgado.

‘História com Voz’ é um projeto desenvolvido pela Junta de Santo António, e teve um custo a rondar os 50 mil euros, sendo a verba proveniente dos contratos de delegação de competências da Câmara Municipal de Lisboa. “É um projeto que fica na cidade”, referiu ainda Vasco Morgado, que considera ainda que a iniciativa contribui também para a preservação da história. “Assim, a história do nosso país e da nossa cidade não se perde tanto”, sustenta o presidente. “Se calhar, ouvindo estes senhores, e os textos lidos pelos atores, vamos perceber que os erros repetem-se”, acrescenta Vasco Morgado.

Quase três mil acessos às estátuas

Ou seja, “se ouvirmos as estátuas, vemos que está tudo na mesma. Continuamos a ter problemas com a liberdade de imprensa, entre outros problemas que sempre tivémos”, reforça. Por fim, ‘História com Voz’ foi inaugurado no passado dia 20 de janeiro. Por sua vez, resulta de uma proposta que a Junta de Santo António já tinha feito “à Câmara Municipal de Lisboa há vários anos”, mas sem resposta. “Felizmente, temos alguém que olha para a cidade de forma diferente, e que quer deixar coisas na cidade”, disse Vasco Morgado, referindo-se ao atual presidente da CML, Carlos Moedas.

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“É uma honra para nós fazer e deixar este projeto para a cidade de Lisboa”, concluíu ainda o presidente da Junta de Santo António. Até ao momento, acrescentou ainda, já houve quase “três mil acessos” a cada uma das estátuas. Para além da descrição em português, há ainda uma descrição em inglês, gerada por inteligência artificial. Ao mesmo tempo, há ainda um texto para pessoas surdas. “Temos já contactos de circuitos turísticos” que querem associar-se ao projeto “para fazer os percursos” da estátuas, adianta ainda Vasco Morgado. “Está a ser um sucesso”, concluí o presidente. “São dois ou três minutos que podem fazer a diferença no dia de uma pessoa”, considera.

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