O Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) vai criar, no Mosteiro de Odivelas, uma residência universitária com capacidade para 204 alunos. Para além deste espaço, está ainda prevista a instalação de outras valências, tais como o Centro Interpretativo do Mosteiro de Odivelas, serviços da autarquia, um parque urbano, entre outras. A residência terá o custo de 7,6 milhões de euros, financiados pelo PRR e deverá ficar concluída em 2025.
Em 2025, Odivelas vai receber uma nova residência universitária com capacidade para 204 camas, divididas por 100 quartos simples e mais 52 duplos, no Mosteiro de Odivelas. As obras começaram em novembro do ano passado e espera-se que fiquem concluídas em fevereiro do próximo ano. Nesta quinta-feira, 11 de janeiro, a Câmara Municipal de Odivelas realizou uma visita à futura residência, acompanhada pela Ministra do Ensino Superior, Elvira Fortunato, pelo Secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, e ainda pela presidente da CCDR Lisboa e Vale do Tejo, Teresa Almeida.
Esta futura residência universitária tem o custo de 7,6 milhões de euros, financiados pelo ISCTE, no âmbito dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). De acordo com a reitora desta instituição, Maria de Lurdes Rodrigues, esta obra “tem um particular significado para o ISCTE, porque foi talvez o primeiro projeto que pensámos para melhorar as condições de aprendizagem dos 13 mil alunos” que frequentam esta universidade. “O ISCTE não tem praticamente residências” universitárias, acrescentou.
A docente lembrou ainda que a criação desta unidade é “uma promessa com seis anos”. Contudo, só está agora está a ser concretizada, porque existiram vários “obstáculos”. Alguns deles foram a falta de “instrumentos financeiros” e, mais tarde, “a pandemia” da Covid-19, entre outros.
Olhar para toda a Área Metropolitana
A ideia de instalar esta residência no Mosteiro de Odivelas partiu do ISCTE, que já assinou um contrato de colaboração com a Câmara Municipal de Odivelas (CMO), com a duração de 50 anos. “Foi o primeiro projeto pensado para este espaço”, prosseguiu Maria de Lurdes Rodrigues, lembrando que, com a existência desta residência, “estamos a cumprir o desígnio metropolitano”. “O facto de estarmos no centro de Lisboa é um privilégio, mas a forma como estamos tem de ser outra”. Ou seja, para a antiga Ministra da Educação, não basta apenas olhar para Lisboa, mas também “para todo o território da Área Metropolitana de Lisboa (AML)”.
Neste sentido, Maria de Lurdes Rodrigues explicou que “estão em curso vários projetos” para vários munícipios da AML. “Não temos de ter pólos de ensino em todos os concelhos, mas podemos ter outras atividades de ensino, formação e desenvolvimento” na AML, considera ainda a reitora do ISCTE, explicando que, assim, é possível “uma requalificação dos territórios”. A futura residência universitária do ISCTE ficará no espaço onde se localizavam as camaratas do antigo Instituto de Odivelas, escola militar feminina que encerrou em 2015, e que, em 2019, foi adquirido pela CMO.
A intervenção vai manter alguns elementos construtivos e arquitetónicos originais do espaço, mantendo-se assim o perímetro exterior, as lajes e a cobertura. Por outro lado, haverá um reforço estrutural pelo interior e uma nova compartimentação, de forma a responder às exigências de segurança estrutural e sustentablidade ambiental.
Aumentar o número de camas em 78% até 2026
De acordo com a Ministra do Ensino Superior, Elvira Fortunato, a futura residência é o resultado ” de um trabalho de equipa” entre várias entidades e a concretização de um “sonho com seis anos”. “O PRR veio possibilitar a construção de habitação e de alojamentos” para estudantes a custos baixos, disse a governante, lembrando que, nos últimos tempos, a tutela tem vindo a inaugurar e lançar obras de várias residências para estudantes em todo o país, graças ao PRR. “O PRR está em movimento”, prosseguiu, sublinhando ainda que atual o Governo “aumentou em quatro vezes mais o complemento de alojamento para os alunos bolseiros deslocados”.
Para a ministra, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem permitido “a requalificação de espaços devolutos”, dando “vida a zonas que estavam despovoadas”. “O PRR está a transformar o país, não só com a reabilitação de espaços urbanos, mas também de espaços integrados como este”, sustentou Elvira Fortunato, que assumiu ainda o compromisso de, até 2026, “aumentar em 78% o número de camas” para estudantes universitários. Ou seja, até 2026, e em relação a 2021, haverá mais 28 mil camas.
Outras valências
A governante disse ainda que, atualmente, existem “131 projetos em execução. Acima do dinheiro do PRR, temos as metas para cumprir. A Comissão Europeia confiou em nós para as cumprir. Portugal quando diz que cumpre, faz e cumpre”. Por isso, garantiu que tudo estará concluído “até 2026”. Por fim, a Ministra do Ensino Superior considera ainda que “a recuperação deste edificado vai trazer uma comunidade de vários tipos. Não é só uma residência, mas sim uma comunidade”.
Recorde-se que, para além desta residência, está ainda prevista a instalação de outros serviços no Mosteiro de Odivelas, nomeadamente o Conservatório de Música D. Dinis, o Instituto de Lisboa e Vale do Tejo (ISCE), o Centro Interpretativo do Mosteiro de Odivelas (CIMO) e diversos serviços da autarquia, como por exemplo um refeitório, um auditório, entre outros, a que se junta um futuro Parque Urbano. No total, serão mais de 25 mil metros quadrados que irão ganhar uma nova vida.
Mosteiro deverá estar a funcionar em pleno até 2026, garante Hugo Martins
Segundo o presidente da Câmara de Odivelas, Hugo Martins, “hoje é um dia feliz, porque concretizamos este processo, que começou a ser pensado em 2019”. O autarca disse ainda que houve o cuidado de não transformar “este espaço em mais um hotel, mas sim uma casa para a cultura e para a educação”. Por isso, e graças ao contributo dos “parceiros certos”, foi possível concretizar este objetivo. Na perspetiva do autarca, o novo Mosteiro de Odivelas permitirá criar “uma coesão territorial entre Odivelas nova e Odivelas antiga, trazendo uma terceira reencarnação a este espaço”.
Hugo Martins destacou ainda “a grande colaboração e a parceria” com a reitoria do ISCTE, no sentido de tornar uma realidade esta futura residência, que irá trazer “um contributo muito importante para o país”, uma vez que existe uma carência em termos de residências universitárias para os estudantes do ensino superior. “Por isso, penso que estamos aqui a prestar serviço público”, sustentou. Ao Olhares de Lisboa/Olhar Odivelas, o autarca explicou que “este é mais um passo que damos” na revitalização do Mosteiro.
Este espaço, desde 2019, tem vindo a sofrer várias intervenções de requalificação, nomeadamente na igreja e no túmulo onde está sepultado o Rei D.Dinis, com recurso a fundos comunitários.
Mais valia para o concelho
A residência do ISCTE, acrescenta, irá trazer ainda “um pólo e um centro de investigação. O que é importante, não só para cumprir um designío do país, mas também para o concelho de Odivelas, pela dinâmica, pela vida económica e intelectual que irá trazer a este espaço”. Esta residência terá ainda programas e cursos intensivos com estudantes internacionais, no âmbito do Programa Erasmus.
“É uma grande mais valia para este concelho”, reforçou Hugo Martins. “Vamos ter ainda, talvez no final do primeiro, início do segundo trimestre deste ano, o lançamento da obra de construção do Parque da Cidade”, adiantou o presidente da CMO. Por fim, o edil lembra ainda que este parque representa um investimento de 13 milhões de euros, em grande parte financiados pela autarquia. “Estamos a fazer um trabalho continuado, sério e dentro dos prazos”, acrescentou Hugo Martins, assegurando que o Mosteiro de Odivelas estará a funcionar em pleno “em 2026”.