JÁ SE VÊEM ALGUMAS SUBIDAS DE PREÇO NOS MERCADOS DE OEIRAS

2024 já começou, e com ele, vem também a atualização dos preços de alguns artigos alimentares, como por exemplo, a carne, o peixe ou o pão, a que se junta o final do IVA a 0%. O Olhar Oeiras visitou os seis mercados municipais do concelho (Oeiras, Paço de Arcos, Queijas, Carnaxide, Algés e Porto Salvo) e conversou com alguns comerciantes. Alguns já atualizaram os preços de venda ao público, e outros prevêem fazê-lo em breve.

“O borrego já custa mais 15 cêntimos ao quilo”. O alerta foi deixado ao Olhar Oeiras por José Brito, vendedor no talho do Mercado de Queijas. Já nos restantes tipos de carne, este comerciante ainda não viu grandes diferenças no preço, pelo que ainda não atualizou os preços de venda a público. Contudo, espera fazê-lo já na próxima semana, pois já sabe que o seu fornecedor vai vender a carne mais cara. A isto, juntou-se ainda o fim da medida IVA zero em alguns produtos alimentares, como é o caso do frango, que, a partir desta sexta-feira, já é taxado novamente a 6%.

No caso da fruta, Ana Duarte, comerciante no Mercado de Oeiras, conta-nos que um quilo de laranjas atualmente está a custar, ao consumidor final, 2,20 euros o quilo, quando, no mês passado, este valor estava nos 1,80 euros. “Já estou a comprar a fruta mais cara e, por isso, tive de atualizar o preço final”, conta esta comerciante, que, no entanto, considera que esta subida dos preços não irá afastar os clientes. A mesma opinião tem Luís Regueira, que explora um café no mesmo mercado.

Este comerciante explica que, com a entrada do novo ano, já atualizou os preços em alguns produtos, nomeadamente no café – que já custa 75 cêntimos, mais cinco cêntimos do que em 2023 -, e nos salgados – que aumentaram entre cinco a 10 cêntimos. “Já estamos a pagar mais caro”, sublinha Luís, explicando que, por esse motivo, viu-se obrigado a atualizar os preços nestes produtos. “Ao início de cada ano, fazemos sempre um acerto”, acrescenta este comerciante, considerando, contudo, que estas atualizações não vão afastar o público de vir ao seu café.

Alguns comerciantes ainda com os preços antigos

Por sua vez, Filipe Castanheira, gerente de uma churrasqueira no Mercado de Queijas, ainda não atualizou os preços dos produtos. Para já, está à espera de ver qual é que será o aumento praticado pelo seu fornecedor e estima um aumento na ordem “dos 10 a 20 por cento”. A isto, reforça, junta-se o final do IVA zero, que já o obriga, outra vez, a vender o frango assado a uma taxa de 13%.

“Inevitávelmente, vou ter de atualizar o valor do frango por causa do fim do IVA a 0%, mas se for só isso, dá para suportar. Para já, não vou mexer nos preços. Vamos ver a evolução”, concluíu este comerciante, que vende, atualmente, um frango assado a 12,95 euros ao quilo. Por outro lado, José Santos, que tem uma mercearia no Mercado de Oeiras, já sabe que vai passar a comprar os produtos a um preço mais elevado, porque foi alertado pelo seu fornecedor, mas ainda não sabe precisar de quanto é que será este aumento.

Aumento só acontece se fornecedores subirem os preços

“Vou aumentar os preços de venda em conformidade com o aumento que eu tiver”, prossegue José. Já Vanessa Frade, talhante no Mercado de Oeiras, não vai aumentar, para já, os preços dos artigos. “Os nossos fornecedores ainda estão a praticar o preço antigo”, reforça, sublinhando, contudo, que o preço da carne “varia semanalmente”. Também Lúcia Marques, que tem uma banca de fruta e legumes no Mercado de Paço de Arcos, ressalva que “só aumentará os preços quando o fornecedor me aumentar. Para já, ainda está igual”.

No entanto, acredita que, em breve, tenha de aumentar o preço de venda ao consumidor final e que esta alteração não irá diminuir o número de clientes. Na banca em frente, Maria de Jesus Fernandes diz que também ainda não atualizou os preços, mas que, caso venha a fazer, irá levar a que “as pessoas comecem a comprar ainda menos. Se já está fraco, agora será ainda pior”. Por fim, António Lopes, também com uma banca de fruta no Mercado de Paço de Arcos, diz que “não tem intenção de subir os preços” de venda, mesmo que passe a comprar mais caro. O intuito é continuar a fidelizar a clientela, explica.

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Melhor atendimento nos mercados

No Mercado de Porto Salvo, José Diogo, vendedor de fruta e legumes, diz que até está a fazer preços mais baixos do que em 2023. “Consigo comprar no fornecedor a um preço mais baixo”, explica este comerciante, que não prevê mexer nos preços, também para manter os clientes. Sobre a concorrência das grandes superficies, José Diogo afiança que estas vendem produtos de qualidade inferior, a um preço mais elevado. Já para Fernando Vales, que gere um café, uma padaria e uma churrasqueira no mesmo mercado, as vantagens do comércio tradicional são ainda o “melhor atendimento” prestado ao cliente.

Sobre as mexidas de preço, Fernando diz que a única alteração que fez, até ao momento, foi no preço do pão por causa do final do IVA zero. Para já, não pensa aumentar os preços de venda ao público. “Já me perguntaram se o café iria aumentar o preço, e eu disse que não”, explica Fernando Vales. Contudo, este comerciante não inviabiliza, mais tarde, atualizar os preços “em mais cinco ou 10 cêntimos”, se tiver de ser. Por fim, diz ainda que não sente a concorrência das grandes superfícies, até porque já tem clientes fiéis.

Menos gente a visitar os mercados

Conceição Duro, que tem uma mercearia no Mercado de Porto Salvo, conta ao Olhar Oeiras que ainda não atualizou os preços com a entrada no novo ano, à excepção daqueles que estavam abrangidos pela isenção de IVA. “O comércio local está uma desgraça”, lamenta. Por isso, teme que, caso tenha de aumentar os preços dos produtos, que as pessoas deixem ainda mais de comprar nos mercados. “As pessoas por qualquer coisa, vão aos supermercados. Até para comprar pão”, considera.

Na sua opinião, os estabelecimentos tradicionais não conseguem ter produtos a preços competitivos com os das grande superfícies. A justificação é porque os comerciantes locais compram “produtos com mais qualidade, e por isso, mais caros”. Por outro lado, reduzir a qualidade dos artigos também não é opção. Neste sentido, considera Conceição Duro, existem clientes que vêm ao comércio local propositadamente “devido à qualidade dos nossos produtos”.

Mais qualidade nos mercados

No Mercado de Algés, Paulo Ruben, responsável por uma frutaria, conta que os preços “ainda estão iguais” a 2023. “A única alteração foi o regresso do IVA em alguns produtos, mas será uma subida muito ligeira, de poucos cêntimos”, explica. Por enquanto, ainda não prevê atualizar o custo dos produtos e considera, na sua perspetiva, que “os produtos dos mercados têm uma qualidade muito superior” às das grandes superfícies.

Ainda no mesmo mercado, Maria da Conceição Pires, vendedora de peixe, também não irá mexer nos valores. Contudo, sublinha que o valor do peixe não é estático, pois está sempre dependente do valor que paga na lota. “Se houver muito peixe, faço barato, se houver pouco, faço caro”, justifica esta comerciante. No entanto, explica que “tem havido uma procura muito superior à oferta”, pelo que, de momento, é obrigada a vender o peixe a um preço mais elevado. Sobre as grandes superfícies, considera que o preço do peixe não varia em relação aos mercados.

Por outro lado, garante que a qualidade dos produtos vendidos nas grandes cadeias de supermercados é bastante inferior à dos produtos que vende no Mercado de Algés. “As pessoas já não vêm aos mercados. Preferem ir às grandes superfícies porque conseguem trazer logo tudo”, explica esta comerciante, salientando que, no mercado “há mais qualidade e produtos mais frescos”.

Por seu turno, Sónia Chaves, vendedora de fruta e legumes também no Mercado de Algés, conta que já está a vender alguns artigos mais caros, nomeadamente “feijão verde, alface e ervilha torta”. Os restantes, para já, ainda não sofreram aumento de preços, mas Sónia Chaves admite que terá de atualizar os preços em breve. “Se me aumentarem, tenho de aumentar também, não com uma grande margem, porque se não aí ninguém compra mesmo”, acrescenta esta vendedora, que diz que já paga, ao fornecedor, “cerca de quatro euros por uma caixa de tomate”.

Preços mantém-se para já

Na sua visão, é preferível comprar no comércio local “porque há mais qualidade” dos produtos. “Eu penso que as pessoas optam pelas grandes superfícies para poderem pagar às prestações”, concluí Sónia Chaves. Em Carnaxide, no Mercado Municipal, Albertina Lopes, responsável pela única banca de fruta existente neste espaço, conta que ainda não mexeu nos preços. “Os preços ainda estão iguais a 2023. Mesmo com o final do IVA zero, não há grandes subidas de preço”, conta esta comerciante.

De igual modo, espera que os preços se mantenham nestes valores. “Espero que não haja mais aumentos, porque assim é que já ninguém vem aos mercados”, prossegue. Na sua opinião, a população “não gosta de vir aos mercados. Quem vinha, eram as pessoas mais velhas, mas essas já morreram”. Para Albertina Lopes, os produtos vendidos no comércio local “têm muito mais qualidade. Eu penso que, às vezes, os grandes supermercados, quando querem fazer promoções, sobem o preço dos produtos”, critica.

Já Lúcia Carvalho, que vende peixe também no Mercado de Carnaxide, conta que os preços também ainda estão iguais em relação a 2023. A única excepção, para já, é apenas o salmão, que custa, desde o início da primeira semana do ano, “mais quatro euros ao quilo”. Por enquanto, espera manter os preços. Porém, acredita que, em breve, tenha de atualizar os valores. Sobre os seus produtos, Lúcia Carvalho considera “que são muito mais frescos, quase escolhidos a dedo”. Por isso, vê esta como uma das principais vantagens de fazer compras no comércio tradicional. “Os nossos preços são praticamente iguais aos das grandes superfícies e a qualidade dos produtos é muito melhor”, conclui.

Também no Mercado de Carnaxide, e já fora do âmbito alimentar, temos Mário Reis. O sapateiro conta que, “felizmente, não sente a concorrência das grandes superfícies”. Em 2023, garante ainda que “não vai aumentar os preços“, para manter os seus clientes. “Costumo rever a tabela de preços de dois em dois anos”, reforça Mário Reis, que conta que o seu fornecedor ainda “está a vender os produtos ao mesmo preço. Mesmo que comece a pagar mais, não aumento os preços este ano”, reitera.

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