A Câmara Municipal de Lisboa (CML) aprovou, em dezembro, as novas condições do Concurso das Marchas Populares de Lisboa, que preveem alterações às penalizações e forma de apuramento. A entrega dos prémios referentes à edição de 2023 será esta quinta-feira, dia 4 de Janeiro, nos Paços do Concelho.
As Marchas Populares de Lisboa têm novas regras. As atuais condições do concurso estavam em vigor desde 2018, e foram agora retificadas. Deste modo, existem alterações, nomeadamente, no valor das penalizações e no sorteio. Neste sentido, o sorteio passa a incluir todas as marchas novas, as que ficaram nos três últimos lugares e ainda as marchas que não participaram na edição do presente ano. Recorde-se que, anteriormente, os últimos três lugares ficavam automaticamente de fora do concurso do ano seguinte.
O anterior documento, no ponto 4 do artigo 21º, previa que: “se se candidatar apenas uma marcha nova, esta apura-se automaticamente e realiza-se um sorteio entre as que se classificaram nos três últimos lugares na edição anterior, inclusive em ex aequo, para apuramento de duas”. Igualmente, no caso de candidatura de duas marchas novas, o sorteio da vaga restante seria realizado entre as marchas que ficaram nos últimos lugares e as que ficaram de fora na presente edição.
Por outro lado, se existissem três marchas novas ou mais, o sorteio seria apenas entre elas. Contudo, as novas regras, preveem agora, que todas as marchas interessadas em participar, possam ser admitidas a sorteio. O mesmo documento prevê, de igual modo, a apuração automática de todas as marchas que se apuraram nos primeiros 17 lugares.
Penalizações mais baixas
Tanto as condições antigas como as atuais, estabelecem que “a exibição [na Altice Arena] tem a duração mínima de 15 minutos e máxima de 20”. As novas regras determinam que o não cumprimento deste período vale uma penalização de cinco pontos, quando anteriormente era de 10. Ainda no pavilhão, cada marcha, antigamente, tinha dois minutos para se posicionar. Agora, estabelece-se que a contagem começa imediatamente após a entrada do primeiro elemento.
Todas as penalizações referentes à prestação passam, assim, a ser de cinco pontos, e os incumprimentos administrativos passam a ser penalizados em dois pontos, quando no passado era de quatro pontos. Uma penalização administrativa, por exemplo, diz respeito à não entrega a tempo dos documentos solicitados pela EGEAC.
Clarificação das funções de Aguadeiro e do Trono de Santo António
As novas condições do concurso determinam ainda que “não cabem nas funções de aguadeiros a colocação e retirada dos arcos que, não são considerados adereços”, sendo esta função reservada aos marchantes. Por sua vez, as regras determinam que os aguadeiros podem “colocar e retirar adereços cenográficos ou outros necessários à execução das coreografias”, como por exemplo o Trono de Santo António ou o Arraial.
Ao mesmo tempo, também podem “recolher todos os objetos ou peças do guarda-roupa e auxiliar os marchantes a erguer e a poisar os arcos no início e no final das coreografias”. Igualmente, os aguadeiros são ainda responsáveis por “colocar e retirar os suportes dos arcos; auxiliar os marchantes em caso de acidente na execução das coreografias; e distribuir água”.
Já quem exercer as funções acima referidas, sem ser aguadeiro, leva a que a marcha em questão seja penalizada em cinco pontos. Por outro lado, o Trono de Santo António, um dos elementos obrigatórios da marcha, juntamente com o Arraial, deve apresentar “um altar em escadinhas e a sua imagem”. O Arraial “deve ser representado por uma estrutura vertical contendo fitas na parte superior, com as quais os marchantes coreografam”.
Avaliações mais claras
As 20 marchas a concurso continuarão a ser avaliadas em dois momentos: a exibição na Altice Arena e o desfile na Avenida da Liberdade. Na Altice Arena, cada jurado, no âmbito da sua especialidade, atribui uma pontuação de 0 a 20 pontos em cinco critérios. São eles a cenografia, coreografia, figurino, letra e musicalidade. Em cada um, existem quatro subcritérios, aos quais os jurados atribuem uma classificação de 0 a 5 valores.
Já no desfile na Avenida, o júri atribui uma pontuação de 0 a 5 em cada um dos seguintes critérios: alegria e exuberância, ritmo das atuações, harmonia global das marchas e equilíbrio entre tradição e modernidade. Em simultâneo, o júri também avalia cada marcha no global, numa escala de 0 a 20. Contudo, a grande diferença é que, antigamente, existia uma fórmula de cálculo da pontuação final. Esta juntava a avaliação de cada especialidade com a apreciação global.
Agora, a pontuação final é determinada através do somatório da pontuação obtida na exibição na Altice Arena e no desfile na Avenida. Segundo as novas condições, o “apuramento final da classificação do concurso, é feito mediante a soma aritmética dos pontos constantes das fichas de votação e a dedução dos pontos correspondentes às penalizações”. Por fim, o júri tem até ao dia 5 de julho para realizar o relatório final do concurso.
Este deve incluir todas as pontuações atribuídas, nos dois momentos do concurso, bem como todas as penalizações. De igual modo, deve ser enviado por e-mail a todas as coletividades organizadoras.
Entrega dos prémios é dia 4 de janeiro
Estas novas condições foram aprovadas e já estão em vigor. Em 2024, vão participar no concurso das Marchas Populares de Lisboa 20 marchas, mais três extraconcurso. O primeiro momento de avaliação, na Altice Arena, está marcado para os dias 31 de maio, 1 e 2 de junho de 2024.
O sorteio foi realizado no final de dezembro, já com base nas novas regras. Assim, na próxima edição, entram as marchas da Bela Flor/Campolide e Baixa, que tinham ficado de fora no concurso deste ano. De igual modo, o sorteio permitiu ainda à Marcha do Lumiar, que ficou em 20º lugar em 2023, de voltar a participar no próximo ano.
Por isso, em 2024, irão participar as marchas de Alfama, Bica, Bairro Alto, Graça, Lumiar, Bela Flor/Campolide e Baixa. Ao mesmo tempo, também entram as marchas da Madragoa, Alto do Pina, Penha de França, Olivais e Marvila. Todavia, também estão apuradas para o concurso de 2024 as Marchas de Belém, Santa Engrácia, São Vicente, Mouraria, Carnide, Boavista, Alcântara e Castelo.
A elas, juntar-se-ão as habituais três marchas extraconcurso, que são Voz do Operário, Mercados e Santa Casa. Em 2023, a marcha vencedora foi a Bica, sendo que o segundo e terceiro lugares foram ocupados pelas Marchas do Bairro Alto e Alfama. Por fim, a entrega dos prémios da edição de 2023 está marcada para esta quinta-feira, 4 de janeiro, nos Paços do Concelho, a partir das 18h00.
A Bica, como vencedora das Marchas Populares de 2023, irá, em dezembro, representar o Município de Lisboa nas Festividades de Macau, Cidade Latina. No próximo mês de fevereiro, será a vez da Madragoa, vencedora de 2022, de ir representar o concelho a este país asiático, a propósito das Festividades do Novo Ano Lunar Chinês.