Foi inaugurada, na passada sexta-feira, 2 de fevereiro, a exposição ‘Retratos Contados’, dedicada ao radialista e comunicador António Sala, que celebra 60 anos de carreira. A mostra pode ser vista até ao final do mês de fevereiro na livraria Tantos Livros, Livreiros, nas Avenidas Novas.
Depois de homenagear o ator Ruy de Carvalho, no passado mês de dezembro, a iniciativa ‘Retratos Contados’ celebra agora os 60 anos de carreira do radialista António Sala, com uma exposição que pode ser vista até ao final do mês de fevereiro na livraria Tantos Livros, Livreiros, nas Avenidas Novas. A mostra foi inaugurada na passada sexta-feira, 2 de fevereiro. Para além do comunicador, estiveram também alguns colegas, amigos, familiares e admiradores. ‘Retratos Contados’ é uma iniciativa do curador Nélson Mateus. “Este mês, é o mês da rádio, então não podemos celebrar esta data de melhor do que homenageando um dos maiores radialistas da época contemporânea”, disse o responsável ao Olhares de Lisboa.
“Estou muito feliz por inaugurar esta exposição nas Avenidas Novas”, prosseguiu, recordando que, “durante muitos anos, o António trabalhou” nesta freguesia. Igualmente, o radialista “também encheu, várias vezes, o Campo Pequeno, outra sala emblemática da freguesia”. Esta exposição agora inaugurada mostra, através de fotografias, a vida e obra de António Sala. Aqui, é possível ver os primeiros anos de vida, os melhores momentos na rádio e na televisão, entre outras recordações. Contudo, reforça o curador, não é fácil resumir em poucas imagens 60 anos de carreira, pelo que teve de existir uma escolha das melhores imagens.
Próxima homenageada será Alice Vieira
“Havia muitas [imagens] que o António nem fazia ideia que existiam, até porque queria que fosse uma surpresa. Uma delas é a caricatura mais recente que aqui está, e que ele nunca tinha visto”, prosseguiu. “Estamos a homenagear o António, mas também a contar a história de Portugal”, acrescentou Nélson Mateus. Ao mesmo tempo, “muitas destas imagens recordam pessoas que já não estão entre nós e é uma forma de os recordar”. Depois de António Sala, a próxima homenageada pela iniciativa ‘Retratos Contados’ será a escritora Alice Vieira. A exposição será inaugurada em março, a propósito da comemoração dos seus 81 anos de vida e 45 anos de carreira.
Depois desta exposição, ainda não se sabe se haverá mais homenageados. No entanto, Nélson Mateus conta que gostaria muito de “homenagear, nesta casa, o fotógrafo [António] Homem Cardoso, que fotografou uma série de personalidades portuguesas”. No discurso de inauguração da exposição, referiu ainda que será possível, nesta mostra dedicada a António Sala, com entrada livre, “descobrir alguém que lutou pelos seus sonhos de menino e que, ao longo de seis décadas, tem sido feliz a trabalhar porque ama ser comunicador, seja através da rádio, a sua paixão maior, ou como apresentador de televisão”.
António Sala começou a carreira nos anos 60
Para além dos convidados presentes nesta inauguração, houve ainda outras personalidades que deixaram uma mensagem em vídeo a António Sala. Alguns deles, foram, por exemplo, a escritora Alice Vieira, o apresentador Júlio Isidro, ou até mesmo o Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva. Por outro lado, adiantou também Nélson Mateus, a exposição irá ser alterada dentro de 15 dias, para mostrar outras imagens que, por falta de espaço, tiveram de ficar de fora. “Temos fotos de outros amigos, de outras entrevistas que fizeste e não estão aqui, mas que possam vir a estar. Portanto, é uma exposição sempre com novidades e sempre em mudança”, revelou o responsável.
Algumas das personalidades de referência de António Sala são Amália Rodrigues, Lobo Antunes e Rui Nabeiro, figuras que já teve a oportunidade de entrevistar. O radialista começou a sua carreira nos anos 60, nos Emissores Associados de Lisboa, através do também radialista Nunes Forte. O comunicador, que se considera “padrinho radiofónico” de António Sala, foi outro dos presentes nesta inauguração. “Um dia, ele vem ter comigo à Rádio Ribatejo, e gravámos um texto meu. Peguei naquilo e levei à Rádio Graça e disse ‘vocês têm de aproveitar este rapaz’”, recordou Nunes Forte ao Olhares de Lisboa. “A partir daí, ele começou a progredir”, acrescentou.
Figura marcante da rádio portuguesa
Nos anos 70, muda-se da RDP (atual Antena 1) para a Rádio Renascença. Era nesta estação que António Sala “sempre teve o sonho de trabalhar e que teve o sucesso que teve”, como lembrou Nunes Forte, amigo pessoal do radialista e que se sente “muito emocionado” por ver esta exposição. Recorde-se que um dos maiores sucessos de António Sala foi o programa matutino ‘Despertar’, que fez na Rádio Renascença com Olga Cardoso nos anos 80 e 90. Paralelamente, também escreveu diversas canções, tendo sido integrante dos ‘Maranata’.
Por sua vez, Daniel Gonçalves, presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas (JFAN), considera que é um “privilégio que a itinerância desta exposição tenha início aqui na freguesia. O António Sala é uma inspiração para todos nós desde cedo”. “É o exemplo de alguém que vive com paixão, alegria e generosidade. Enfrentou muitos desafios na sua vida, mas nunca perdeu a esperança”, prosseguiu o autarca, sublinhando que nesta exposição está refletida “parte da história da comunicação nacional”.
Exposição mostra parte da vida e obra do comunicador
O presidente da JFAN referiu ainda que o objetivo desta junta de freguesia “é investir no setor da cultura, valorizar as pessoas e o património do nosso país. Tem sido esta a prioridade do meu mandato”. Ao Olhares de Lisboa, o autarca disse que “esta é uma excelente exposição de Retratos Contados”. Por sua vez, António Sala nunca residiu nas Avenidas Novas, mas está ligado a esta freguesia a nível profissional, uma vez que teve aqui uma editora de discos.
Ao Olhares de Lisboa, o radialista contou que cedeu “muitas fotografias” para a exposição. Contudo, acabou por “ter uma surpresa” quando viu o resultado final. “Retrata pedaços da minha vida”, disse. “Há partes da exposição que são muito valiosas, não para mim, mas por causa de quem lá está”, considera o comunicador, de 75 anos. “Tive o privilégio de entrevistar, conversar, e de ser amigo de personalidades fabulosas”, de várias áreas profissionais. Com uma longa carreira de seis décadas, António Sala não consegue identificar os momentos mais marcantes do seu percurso, “porque houve muitas coisas e muitos momentos que vivi”.
Radialista também passou pela televisão
Para além da carreira na rádio, António Sala passou também pela televisão. Atualmente, pode ser visto no pequeno ecrã, na RTP1, aos sábados à tarde no programa ‘Estrelas ao Sábado”, e ainda no espetáculo ‘António Sala, o Comunicador’, um musical teatralizado que está a percorrer o país e que conta a história do radialista. “Não há grandes segredos para uma carreira tão longa. Há empenho e gostar do que se faz”, acrescentou António Sala. “Adoro o que faço e quero continuar a fazer coisas”, disse ainda o radialista, que, apesar de estar reformado, quer continuar no ativo.
“Só me quero reformar completamente quando deixar de respirar”. No discurso que fez durante a inauguração da exposição ‘Retratos Contados’, o comunicador lembrou que nunca quis entrar nesta profissão para ser famoso, mas sim para “realizar sonhos”. “Estamos num país, onde felizmente, temos a liberdade de podermos escolher as músicas que gostamos e os espetáculos que queremos ver. Os países de ditadores são países tristes”, prosseguiu António Sala.
Por fim, agradeceu ainda a todos os que lhe deixaram mensagens e também à sua família, o seu “grande farol”. “Na rádio, acho que sempre tentei ser transparente”, prosseguiu o radialista, salientando que “nunca escondeu nada” dos ouvintes. Desta forma, lembrou “toda a gente sabia que sou casado, que sou pai e que sou do Benfica”. Por isso, para António Sala, esta transparência poderá ser um dos segredos para o seu sucesso.