Foi aberta, esta quarta-feira, 13 de março, a ligação entre a futura estação de metropolitano Santos e a já existente Rato, com a demolição do tímpano que separava as duas estações. Ambas as estações compõem a futura Linha Circular, que deverá ficar concluída em 2025.
Já estão ligadas as estações de metro Santos e Rato, que vão integrar a futura Linha Circular. Esta quarta-feira, 13 de março, foi demolido o tímpano que separava as duas estações, durante uma visita aberta à comunicação social. Esta contou também com a presença do Secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, do Presidente do Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa, Vitor Domingues dos Santos, entre outros convidados. Para já, estão em fase final de concretização as obras de escavação da nave central da estação. Esta fica localizada no espaço do Quartel do Regimento de Sapadores Bombeiros.
A futura estação de Santos ficará localizada a poente do quarteirão definido pela Av. D. Carlos I, Rua das Francesinhas, Rua dos Industriais e Travessa do Pasteleiro. Todos os níveis da estação, desde o cais até à superfície, são servidos por escadas mecânicas. Haverá acessos na Travessa do Pasteleiro e na Avenida D. Carlos I – no gaveto com o Largo da Esperança. É ainda neste largo, que ficará o acesso principal, mas está previsto um outro acesso no bairro da Madragoa, através de um elevador.
Linha Circular deverá ficar concluída em 2025
Com a demolição deste tímpano (parede), passam a estar ligadas as estações Estrela, Santos e Rato. A estação Estrela será no antigo edifício da Farmácia do Hospital Militar da Estrela, e as escavações associadas à sua construção foram concluídas há um ano. A linha Circular do Metro de Lisboa deverá ser inaugurada no primeiro semestre de 2025. Esta vai ligar a estação Rato ao Cais do Sodré, trazendo uma extensão de mais dois quilómetros de rede e duas novas estações (Estrela e Santos). O objetivo é juntar atuais linhas Amarela e Verde num novo anel circular no centro de Lisboa. O projeto de expansão do Metro de Lisboa está dividido em quatro lotes.
O primeiro envolve a execução dos toscos entre o término da estação Rato e a estação Santos e o segundo diz respeito à execução dos toscos entre a estação de Santos e a estação do Cais do Sodré. Já o lote 3 visa a construção de dois novos viadutos e a ampliação da estação do Campo Grande e o lote 4 envolve a construção dos acabamentos e sistemas para a futura linha Circular. Esta visita ao túnel do metro contou ainda com a presença de Rui Pina, gestor de projeto do Metropolitano de Lisboa. Este reforçou que as obras do lote 2 já estão em fase de conclusão.
Várias complexidades
Esta empreitada, salientou, “é muito complicada do ponto de vista da engenharia civil”, não só por o túnel passar junto a edíficios antigos, mas também por ser uma zona “complexa do ponto de vista geológico”. “A estação Santos é executada ainda em túnel, dentro do Maciço Vulcânico de Lisboa”, explicou o responsável. Contudo, outra das complexidades desta obra relaciona-se com deslocação da linha ferroviária, “para permitir a ligação ao término existente no Cais do Sodré”. Rui Pina agradeceu ainda a colaboração do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB), que permitiu a instalação do estaleiro da obra da estação Estrela no interior das antigas instalações dos RSB.
“Parte das oficinas que aqui estavam, foram para o Beato. A parte dos mergulhadores, levamos para Alcântara”, acrescentou o coordenador. Para o presidente do Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa, Vítor Domingues dos Santos, a ligação destes dois túneis é um “momento simbólico, mas que não deixa de ser importante para o avanço do Metropolitano na cidade”. O responsável disse ainda que os trabalhos de construção da Linha Circular “estão a decorrer a bom ritmo”. Por isso, garante que esta obra será inaugurada no fim de 2025, sem “derrapagens de tempo nem financeiras”.
Nova linha deverá transportar 12 milhões de passageiros por ano
Já o Secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, considera que a mobilidade é, atualmente, um dos problemas do país, e que “ganhou uma centralidade muito importante nas áreas metropolitanas”. Por isso, é fundamental apostar no transporte público “eficiente”, com redes “fiáveis e regulares”. Estima-se ainda que a futura Linha Circular transporte mais de 12 milhões de passageiros por ano, reduzindo, desta forma, 5000 toneladas de CO2. Para já, respondeu aos jornalistas, não há previsão de estender o metro até Algés, como já foi previsto em tempos. “Esta linha em concreto é uma linha que se fecha em torno de si própria. Temos neste momento a linha Vermelha, já com o processo de concurso em vias de ser resolvido, para começar a sua construção”.
O concurso para a linha Violeta, que liga Loures e Odivelas, será também “lançado em breve”, sustentou o Secretário de Estado. A par destas obras, está ainda previsto o LIOS Ocidental, que ligará Lisboa e Oeiras, sendo das responsabilidade das duas autarquias. Também na Margem Sul do Tejo, acrescentou, está prevista a expansão do metro de superfície, com um plano previsto nos fundos PT2030. “Há aqui um conjunto de investimentos grandes e depois há o resto do plano que é preciso continuar a desenvolver”, prosseguiu Jorge Delgado. O Secretário de Estado deu ainda como exemplo a intenção de ser expandir a Linha Amarela até Benfica, entre outros projetos que visam melhorar a mobilidade urbana.
Moradores na zona da Travessa do Pasteleiro irão regressar a casa em maio
“Isto não termina aqui, é preciso continuar a densificar os transportes públicos de nível mais pesados”, reiterou. Já Rui Pina adiantou que o próximo passo da construção do troço Estrela/Cais do Sodré será a conclusão da escavação e a realização de estruturas internas. “A parte toda em céu aberto está em fase de escavação” e “esperamos devolver a cidade até meados do próximo ano”, frisou. Já a construção do troço Rato/Cais do Sodré já está adjudicado e o projeto de execução está “em fase de conclusão”. Por isso, estima que a consignação da obra se realize até abril.
Sobre os moradores que foram deslocados das suas habitações, na Travessa do Pasteleiro, o coordenador explicou que “vamos devolver as casas às pessoas. Estamos a negociar, com elas os acabamentos, e em maio, como estava previsto, vamos devolver a casa as pessoas”, garantiu. Há um prédio que está a ser levantado, acrescentou ainda Rui Pina, adiantando que a devolução do mesmo aos moradores será “em agosto”. “Estamos dentro dos prazos que inicialmente foram acordados com as pessoas é é um processo que está a correr bem”, acrescentou.
Novo Governo não irá impedir a obra, considera Jorge Delgado
Já o Secretário de Estado não se mostrou reticente sobre um eventual retrocesso que a mudança de Governo possa trazer à obra. “Esta obra já tem um planeamento de conclusão para o próximo ano. Não vejo que motivo existiria para se interromper um processo que já está numa fase tão avançada. Esta é uma obra muito relevante. Não imagino que agora, no último ano, pudesse haver algum contratempo”, considerou. A Linha Circular tem como objetivo melhorar a oferta na cidade de Lisboa e reduzir os tempos de deslocação. Desta forma, pretende-se ainda ligar o transporte ferroviário de Cascais e fluvial do Tejo ao eixo central da cidade.
De igual modo, também se irá ligar às linhas ferroviárias suburbanas de Sintra, Azambuja e Setúbal e ao comboio regional em Entrecampos, sem necessidade de qualquer transbordo. Este projeto está incluído no Plano de Expansão e Modernização da rede do Metropolitano de Lisboa, que prevê ainda o prolongamento da linha Vermelha de São Sebastião a Alcântara e a construção da linha de Metro Ligeiro de Superfície Loures/Odivelas. As novas linhas de metro contarão com o sistema de sinalização ferroviária CBTC e uma frota reforçada de material circulante.
Por fim, vão ainda permitir um aumento do número de utilizadores do transporte público e uma diminuição do uso do transporte individual, com ganhos ambientais e a melhoria do serviço prestado.