A Academia Sénior, sediada na União de Freguesias de Santa Iria da Azóia, São João da Talha e Bobadela (UFSSB), celebrou 14 anos de atividade, na última sexta-feira, 15 de março. Este espaço conta com 600 alunos e perto de 60 professores, e leciona disciplinas de várias áreas.
A Academia Sénior, projeto fundado pela União de Freguesias de Santa Iria da Azóia, São João da Talha e Bobadela (UFSSB), celebrou, na passada sexta-feira, 15 de março, 14 anos de atividade. A celebração aconteceu na sede do Grupo Desportivo e Recreativo (GDR) Corações de Vale Figueira, em São João da Talha. Esta academia conta, atualmente, com 600 alunos e quase 60 professores voluntários e distribui-se por três pólos: em Santa Iria da Azóia, São João da Talha e Bobadela.
Este projeto surgiu em 2010, com o objetivo de chegar aos séniores. Promove diversas atividades culturais, desportivas, educativas e de artes plásticas e performativas, de forma a estimular o envelhecimento ativo e a formação intelectual da população com idade superior a 50 anos, mas também promover as relações interpessoais, o aumento da autoestima e da autonomia pessoal. A presidente do grupo de alunos da Academia Sénior, Rosário Fernandes, manifestou que “é um gosto estar aqui”, deixando um agradecimento especial aos alunos, “a peça fundamental deste projeto”. “Sem eles, não tinha tido pernas para andar”, lembrou ainda a responsável, que está nesta academia desde 2010.
Ocupar a mente
“Desejo que venham mais 14 anos e que continuemos a aprender e a ensinar. Espero que esta vida de sénior se prolongue por mais anos”, concluiu Rosário Fernandes, antes de passar para a leitura de dois poemas. A responsável juntou-se a este projeto em 2010, após um “período díficil” que passou, quando foi despedida da empresa onde trabalhava, após 40 anos de carreira. Ao Olhar Loures, contou que, nessa altura, “quase que entrei em depressão e estava a pensar no que ia fazer. Inscrevi-me em atividades de voluntariado, mas ninguém me chamou. Entretanto, apareceu a Academia Sénior”. Rosário Fernandes entrou neste projeto “como aluna”, mas, passado um tempo, passou a professora, sendo hoje “responsável pela tuna”, que tem 45 pessoas.
A responsável faz ainda um balanço positivo destes 14 anos da academia. Destaca “as grandes valências” do projeto, onde “aprendemos muito, não só nas aulas, mas também com a convivência” uns com os outros. Rosário Fernandes tem 70 anos e espera, em breve, passar o seu lugar a outros. “Acho que tenho de dar o lugar aos outros, precisamos de gente nova que dê continuidade a isto, e que tenha interesse em ensinar e aprender”, acrescenta, lembrando que “todos são úteis”. Esta celebração contou ainda com a presença do presidente da UFSSB, Nuno Leitão, que frisou que a Academia Sénior “é uma escola de vida”, e que foi possível graças ao contributo de Ricardo Leão e Sónia Paixão.
Continuar a crescer
“Quero continuar a acreditar nestes projetos e nesta intervenção comunitária”, prosseguiu o autarca, que agradeceu também o contributo das associações locais “na construção de uma comunidade plural”. “Não é preciso ter um doutoramento para se ser professor nesta casa”, lembrou ainda, ressalvando que basta apenas “ter vontade de ensinar e ser simples”. Nuno Leitão agradeceu também aos alunos que integram a Academia Sénior. Em 14 anos de vida, são várias “as memórias e os projetos” que já foram dinamizados neste espaço, entre os quais, por exemplo, Fado, Cante Alentejano ou Rancho Folclórico. “É um livro cheio de histórias”, considera ainda o presidente da UFSSB, para quem “falar da Academia Sénior é ainda falar de afetos. É um projeto que é um desafio permanente.
“Até na pandemia estivemos ativos”, disse, acrescentando que, na época da Covid-19, a Academia “teve de se reinventar”. Ainda na perspetiva do autarca, este é ainda um projeto “de emoções e memórias, e que faz sentido a esta comunidade”, aproximando as pessoas e que as faz “crescer”. Atualmente, ressalvou, a Academia Sénior conta com 600 alunos, “um número muito grande para a dimensão que temos”. Contudo, o autarca espera que este número continue a crescer, até porque “temos boas instalações”. No pólo da Bobadela, salientou, o executivo da UFSSB já apresentou uma proposta para uma intervenção na sala da Assembleia de Freguesia, no sentido de ali acolher atividades relacionadas com a Academia Sénior.
Apoio das coletividades locais
Aqui, é intenção da União de Freguesias “criar condições para a realização de aulas de informática, de línguas”, entre outras matérias. “As juntas de freguesia têm de responder à sua comunidade”, disse ainda Nuno Leitão, lembrando que o projeto da Academia Sénior não foi uma realidade graças a si, mas graças ao contributo de toda a comunidade. “Temos tido as pessoas certas. As associações deram um sinal verde”, recordou o presidente, sublinhando que “só assim faz sentido”, porque este “é um projeto de comunidade”. Neste ponto, Nuno Leitão adiantou ainda que, em breve, duas associações da freguesia vão disponibilizar “espaços de acolhimento dos séniores que não têm condições de mobilidade para vir” até às instalações da Academia Sénior em São João da Talha.
As coletividades que vão acolher esta iniciativa são a Associação Desportiva do Bairro da Fraternidade e a Associação de Moradores do Bairro das Fontes. A ideia, é criar, nestes espaços, um “ponto de encontro entre amigos”. Aliás, é também isso que a Academia Sénior pretende criar. Aqui, Nuno Leitão lembrou também a importância deste projeto para “o empoderamento das mulheres”, uma vez que, muitas delas, “não sabiam o que fazer” quando chegavam à reforma. Por fim, o presidente da UFSSB lembrou ainda que, nos últimos 14 anos, esta academia tem procurado “estar ao lado da comunidade” e “construir um futuro” com ela.
Academia Sénior é uma das maiores do concelho
O autarca terminou a sua intervenção a lembrar “a energia muito boa” que sentiu quando chegou à celebração dos 14 anos da Academia Sénior. Igualmente, prometeu, no próximo ano, nos 15 anos do projeto, “fazer uma grande festa”. Nesta cerimónia, esteve também a presidente da Assembleia Municipal de Loures (AML), Susana Amador, que lembrou que “é sempre fácil criar algo novo. O díficil é manter o projeto vivo e dar sequência e qualidade”. A autarca frisou ainda que a Academia Sénior é “uma das maiores academias deste concelho”, e por isso, parabenizou todos aqueles “que dão vida a este projeto”.
“É isso que é uma universidade sénior: dar vida aos anos”, prosseguiu a presidente da AML, que agradeceu ao atual presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão, por “ser um amigo de todas as gerações”. “A maior riqueza de Loures são as pessoas e as pessoas de todas as gerações”, acrescentou Susana Amador, lembrando ainda que Ricardo Leão “tem um carinho especial pelas pessoas que são de gerações anteriores”. “O concelho de Loures é o sexto maior do país, com mais de 200 mil habitantes”, disse ainda a presidente da Assembleia Municipal de Loures, para quem “é um privilégio” estar à frente deste órgão, composto por “várias forças políticas que fazem Abril acontecer”.
Promover o envelhecimento ativo
Ainda na sua perspetiva, as universidades sénior “são importantes para o envelhecimento ativo e para a prevenção de doenças”. “Esta academia é o exemplo vivo do quão é importante estar num projeto desta natureza, com disciplinas diversas. A melhor maneira de manter a mente sã e limpa é estarem ativos”, reforçou Susana Amador, que deu ainda o exemplo da sua mãe que, com 50 anos, foi estudar na universidade. “Podemos estudar e aprender em qualquer fase da vida. Qualquer um de nós pode ser mestre e aprendiz”, prosseguiu. A autarca agradeceu ainda o trabalho de Nuno Leitão, considerando-o “um empreendedor e um visionário”, que “está sempre à procura de fazer mais”. Na sua visão, o presidente da UFSSB é ainda “inspirador, no sentido de querer fazer mais e melhor e envolver as forças vivas”.
Por fim, manifestou ainda o desejo de abrir a Assembleia Municipal aos séniores, à semelhança do que é feito com os jovens das escolas. Já de acordo com o presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão, este projeto é um conceito que ele e a atual vice-presidente da CML, Sónia Paixão, adoptaram “há 18 anos”. “Havia um litígio entre a Academia Sénior e a Câmara de Loures”, recordou o autarca, explicando que esta má relação terminou com a cedência das suas instalações à UFSSB. Desde então, “temos trabalhado em parceria e é assim que temos trabalhado, em conjunto”. Atualmente, são mais de 2500 pessoas que frequentam as universidades séniores do concelho de Loures, o que “é revelador da importância do envelhecimento ativo”.
Outros investimentos para o território da UFSSB
“É importante ocupar os nossos dias”, reforçou. Leão considera que as universidades séniores são um “conceito maravilhoso”, uma vez que dão “ensinamentos que foram colhidos durante uma vida”. O presidente da CML parabenizou também o trabalho de Nuno Leitão no desenvolvimento da Academia Sénior. “Tem feito um trabalho extraordinário nesta área e é um dos presidentes de junta que mais se dedica às academias séniores”. Para o edil de Loures, é importante que “as autarquias e os políticos façam a sua missão: contribuir para o bem-estar da população”.
Na mesma intervenção, Ricardo Leão lembrou ainda outros projetos em curso no concelho, tais como a construção da futura Linha Violeta, cujo concurso foi lançado na última sexta-feira. Ricardo Leão contou que aproveitou aquela ocasião para pedir, ao Secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, para passar, ao seu sucessor, o desejo da CML em que São João da Talha e Bobadela sejam incluídas no projeto do LIOS Oriental. “Loures é o segundo concelho da Área Metropolitana de Lisboa (AML) que mais passageiros tem diariamente nos transportes metropolitanos.
Mais equipamentos para a população
“Em 2023, foram 22 milhões de passageiros no concelho, e só ficamos atrás de Sintra”, lembrou Ricardo Leão. O edil assegurou ainda que o concurso público para a construção da saída da A1 em São João da Talha será lançado até “ao final do ano ou em janeiro de 2025”. Este é um investimento de nove milhões de euros e será uma obra “importante para esta União de Freguesias e também para Sacavém”, realçou. Também na área da Saúde, em maio, será levada a reunião do executivo a discussão e votação do concurso público para a construção do Centro de Saúde da Bobadela, um investimento de quatro milhões e 700 mil euros, e cuja obra deverá arrancar em dezembro.
“Em São João da Talha, no âmbito do PRR, fizemos uma candidatura, no valor de 250 mil euros, para o Centro de Saúde. Aguardamos agora a resposta para poder dar a dignidade que os utentes merecem”, reforçou Leão, lembrando que este é um equipamento que carece de obras de requalificação. Para a mesma localidade, foi ainda assinado, recentemente, a aquisição do projeto para a requalificação da Escola Secundária de São João da Talha e construção do pavilhão gimnodesportivo. Esta é uma obra que irá custar 200 mil euros e aguarda a abertura do PRR, lembrou o presidente.
Apoiar a área social
Na área social, Ricardo Leão disse ainda que “houve muitas instituições que se candidataram ao Programa Pares”, mas que a verba obtida “não chega” para a concretização dos projetos apresentados. Por isso, a CML irá comparticipar o restante valor. Algumas instituições que se candidataram ao programa foram, por exemplo, a Comissão Unitária de Reformados de Santa Iria da Azóia, no sentido de construir uma nova unidade residencial para idosos. A autarquia irá comparticipar esta obra em mais de meio milhão de euros. Ao mesmo tempo, a CML vai ainda destinar o mesmo valor também para a Comissão Unitária de Reformados de São João da Talha.
Esta entidade prevê a construção de um novo Centro de Dia, Estrutura Residencial para Idosos (ERPI) e serviços de Apoio Domiciliário. “Este é o munícipio da AML que mais contribui para o investimento não elegível”, frisou Ricardo Leão, que adiantou ainda que a autarquia quer construir um caminho pedonal sobre o IC2, para que os moradores das freguesias da Bobadela e São João da Talha “possam ter acesso ao caminho ribeirinho”. Esta obra irá complementar a construção do futuro Parque Papa Francisco, nos terrenos onde, em agosto de 2023, se realizaram as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ).
A construção deste parque, disse ainda Ricardo Leão, “está em andamento. É uma obra de quatro milhões de euros, e serão 35 hectares de espaço verde, para que todos possam ter uma oportunidade de usufruir de um espaço que fazia falta a uma zona densamente povoada”.