Inaugurada Unidade Municipal de Emprego e Autonomia em Marvila

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) inaugurou, esta sexta-feira, 15 de março, um projeto-piloto, no Bairro do Armador, em Marvila, que se destina a apoiar as pessoas que saem da condição de sem-abrigo e estão a integrar-se no mercado de trabalho. Esta Unidade Municipal de Emprego e Autonomia tem capacidade para 15 pessoas, de ambos os sexos, e representa um investimento municipal de 121 987 euros.

O Bairro do Armador, em Marvila, dispõe agora de um espaço que pretende acolher a população que sai da situação de sem-abrigo e está a integrar-se no mercado de trabalho. Esta resposta foi inaugurada esta sexta-feira, 15 de março, e pretende ser uma alternativa enquanto os beneficiários encontram a sua estabilidade profissional. Para além do alojamento temporário, com capacidade para 15 pessoas, de ambos os sexos, esta resposta social disponibiliza ainda uma casa de banho, para a higiene pessoal, uma cozinha e lavandaria.

Também irá disponibilizar atendimento e acompanhamento social e psicológico, bem como iniciativas de procura ativa de emprego e/ou de habitação e ainda estruturas para o reforço de treino de competências e de contato com os recursos da comunidade. Esta Unidade surge como resposta a uma necessidade identificada no Plano Municipal para a Pessoa em Situação de Sem-Abrigo e funcionará 24 horas por dia. O projeto foi desenvolvido em parceria com a Associação Crescer e terá um investimento municipal de 121 987 euros.  Haverá ainda parcerias com entidades privadas, no sentido de integrar as pessoas no mercado de trabalho.

Resposta temporária que vai até seis meses

O apoio dado através desta unidade vai até um máximo de seis meses, e conta com o trabalho de equipa multidisciplinar, incluindo profissionais de psicologia, serviço social, educação de pares, empregabilidade apoiada e administração. Nesta inauguração, esteve o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, que referiu que, neste espaço, pretendeu-se “criar a ideia de casa”. Já uma das grandes impulsionadoras do projeto foi Sofia Athayde, vereadora com o pelouro dos Direitos Humanos e Sociais, juntamente com a Associação Crescer.

“Fizeram acontecer, e às vezes, em política, é difícil fazer acontecer e acontecer tão rapidamente”. De acordo com o presidente, “temos como prioridade, em Lisboa, trazer a dignidade” às pessoas mais vulneráveis. Por isso, acrescentou, “estamos a fazer um investimento como nunca foi feito”, na área da Habitação, num valor de 570 milhões de euros. “São muitas casas que estavam fechadas”, e que agora foram recuperadas, lembrou ainda. “A Habitação tem sido sempre a nossa prioridade”, prosseguiu Moedas, que recordou ainda que, para além desta área, a CML está ainda a apostar no “maior plano estratégico” na área da população sem-abrigo.

70 milhões de euros para diminuir o flagelo dos sem-abrigo

Por isso, a autarquia vai investir, nos próximos sete anos, 70 milhões de euros neste plano, que inclui 81 medidas, “para mudar, estruturalmente, o que se está a passar na nossa cidade”. Deste modo, a Câmara de Lisboa quer apostar na “prevenção, intervenção e inserção destas pessoas” na comunidade. Esta nova estrutura de acolhimento, considerou ainda, “é um projeto que tem uma característica única”. “Olhar para aqueles que, através da Associação Crescer e das nossas equipas, já têm os seus empregos, mas ainda não têm contrato”, explicou Moedas.

Esta unidade foi montada e decorada como se fosse uma casa e servirá para receber estas pessoas enquanto estabilizam a sua situação profissional, impulsionando a sua integração na sociedade. Este novo espaço fica numa loja que é da propriedade da Gebalis, e que, até ao momento, estava ao abandono. “São espaços como este, que estavam abandonados, que vão dar dignidade a quem aqui vive e trazem vida para o bairro”, disse ainda Moedas. “Na nossa estratégia para a cidade, queremos encontrar soluções diferentes, para que este caminho não passe apenas pelo o que é essencial, que é as pessoas terem uma casa, mas passar da casa para a oportunidade de trabalho e depois as condições para mudar de vida”.

Acompanhar a população sem-abrigo

Por fim, saudou o trabalho das equipas da autarquia, nesta matéria, admitindo que gostaria de ver “mais projetos como este” na cidade. Carlos Moedas agradeceu ainda ao presidente da Junta de Freguesia de Marvila, José António Videira, que considera “um homem de proximidade e que conhece os problemas” da comunidade. “Tenho uma grande alegria em estar a começar um novo ciclo de ajuda às pessoas em situação de sem-abrigo”, concluiu. Esta inauguração contou ainda com a presença do responsável da Associação Crescer, Américo Nave, que frisou que esta estrutura “é bastante importante” e que vai dar resposta a um grupo específico” de cidadãos.

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Ou seja, pessoas com problemas de “saúde mental” ou “comportamentos aditivos”, entre outras situações de vulnerabilidade, e que fazem um “enorme esforço para serem autónomos”. Já a vereadora Sofia Athayde referiu que este projeto surgiu no decurso de uma visita de rua que fez numa zona onde havia uma grande população sem-abrigo e “estavam no início da sua vida profissional”. “Queremos que estas pessoas sejam acompanhadas, para que tenham um projeto e um propósito” e que, assim, não regressem às ruas. Esta resposta será uma forma de lhes “dar uma pré-autonomia”, referiu ainda.

As pessoas em primeiro lugar

A autarca aproveitou esta intervenção para agradecer à Gebalis, “por todo o apoio”, ao departamento de obras da CML, à Crescer e ao presidente Carlos Moedas, que “diz sempre que sim e que acredita e que delega esta capacidade e este empenho na sua equipa”. Já José António Videira, lembrou a boa relação com o presidente da CML, apesar de serem de “cores políticas diferentes”. “Colocamos, acima de tudo, as pessoas. Foi fácil dizer à minha população porque vinha para aqui uma unidade de emprego e autonomia. Não vêm para aqui os sem-abrigo. Vêm para aqui pessoas de carne e osso, que têm de ser acolhidas e integradas”, considerou ainda o presidente da Junta de Marvila.

Por fim, reconheceu ainda o trabalho que Carlos Moedas têm feito na CML, e deixou ainda o desejo para que a CML crie “um projeto de psicoterapia”, não só para nova unidade, mas também para a população local de Marvila. “Espero que continuemos este bom caminho, que tem sido frutuoso”, concluiu ainda José António Videira, agradecendo ainda ao presidente do Conselho de Administração da Gebalis, Fernando Angleu, por ter dado uma nova vida “a estes e a outros espaços” do Bairro do Armador. No final da visita, aos jornalistas, Carlos Moedas disse que “hoje, estamos a abrir um projeto inovador”.

Integração na comunidade

“No fundo, aquilo que temos de fazer é garantir que as pessoas em situação de sem-abrigo consigam ter dignidade”. “A Associação Crescer está a dar-nos capacidade de irmos mais longe”. Os utentes desta unidade, pagam uma mensalidade de “30% do seu salário”. Contudo, no final, quando deixam a unidade, “devolvemos esse dinheiro”, explicou o presidente da CML. A ideia é que estes cidadãos tenham uma ao seu dispor uma verba com a qual possam pagar a caução de um contrato de arrendamento no mercado privado.

“Hoje, trazemos aqui esta solução, traremos outras. Só aqui neste bairro, tivemos não só [investimentos] na saúde, mas também nas pessoas em situação de sem-abrigo e na Habitação”. “O que tento fazer, todos os dias, é trazer soluções concretas para os lisboetas”, frisou ainda Carlos Moedas. Sobre levar este projeto para outras freguesias da cidade, o presidente diz: “sem dúvida. Devido à Covid, tivemos um aumento de pessoas em situação de sem-abrigo. Conhecemos muito bem as pessoas que estão nesta situação, que afecta também muitos estrangeiros, que, muitas vezes, não têm documentação, e aí há um papel muito importante do Estado Central”.

Resposta à população sem-abrigo no Beato deverá abrir na Páscoa

“Não podemos receber imigrantes sem lhes trazer dignidade. Quando eu vejo pessoas que vêm de outros países e não têm qualquer papel, e não conseguem sequer ter o acesso àquilo que antigamente era o SEF, para terem a sua primeira reunião, nós temos que nos substituir, de certa forma, ao Estado Central”, considera ainda o presidente da CML. “Aqui, é mais um passo nesse sentido”, sustentou. Atualmente, referiu, existem mais de 1100 vagas para acolher pessoas em situação de sem-abrigo nas estruturas de acolhimento existentes na cidade.

“O nosso objetivo é chegar às 1700”, adiantou, salientando que é fundamental “retirar estas pessoas das ruas nos primeiros meses. Quando elas ficam muito tempo nas ruas, a situação piora”. Recentemente, a CML recebeu o aval do Governo para transferir a resposta do Quartel de Santa Bárbara para a Ala Norte do Complexo da Manutenção Militar, na freguesia do Beato. “Uma parte dessa manutenção militar passará para a CML. Essa parte vai ter essas pessoas, num projeto que junta a inovação social, a tecnologia e esta inserção na sociedade. O que posso dizer é que tenho tudo preparado, para que elas possam ficar nessa Ala Norte já na Páscoa”, adiantou o presidente da Câmara de Lisboa.

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