O Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) de Lisboa apresentou, esta sexta-feira, 1 de março, o sistema de aviso e alerta de Tsunami, que está a ser implementado em toda a frente ribeirinha da cidade. Esta apresentação contou com a presença de uma centena de pessoas, que percorreram um dos caminhos de evacuação na Baixa Pombalina, entre o Terreiro do Paço e o Rossio.
A frente ribeirinha de Lisboa está exposta ao risco de Tsunami. Por isso, a autarquia está a apostar na instalação de um sistema de aviso sonoro à população, que emite vários alertas sonoros em caso de risco de tsunami. Para já, já está em funcionamento nas zonas de Belém e Santa Maria Maior. Para além destes dois sistemas, estão a ser instalados mais dois, em Alcântara e na Estrela. Contudo, a intenção é ter mais seis dentro de quatro anos. Para além do sistema sonoro, estão ainda definidos vários percursos de evacuação.
Estes, no caso das zonas de Santa Maria Maior e Misericórdia, são seis e situam-se nas zonas do Jardim do Alto de Santa Catarina, Praça Luís de Camões, Praça D. Pedro IV, Praça da Figueira, Rua dos Fanqueiros, e em Santa Apolónia (perto do Panteão Nacional). A apresentação deste sistema aconteceu no dia em que se celebra o Dia Internacional da Protecção Civil. Este dia, começou por afirmar a diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) de Lisboa, Margarida Castro Martins, “visa sensibilizar a população para os riscos” a que, diariamente, estamos sujeitos.
Alcântara, Belém ou Baixa são algumas da zonas mais afetadas
Em Lisboa, o último sismo que provocou danos extremos foi em 1969. Um sismo traz vários acontecimentos “em cascata”, sendo um deles um tsunami. Um tsunami diz respeito a uma massa de água, com altura reduzida, mas que se estende por vários metros. Existem ainda alguns sinais naturais que indicam a possibilidade de ocorrência de um tsunami. Ou seja, a ocorrência de um sismo forte, a variação súbita e anormal do nível do rio e um ruído estranho vindo do rio. Atualmente, a Câmara Municipal de Lisboa está a definir um Plano de Evacuação, baseado no levantamento das zonas que serão mais afetadas em caso de tsunami.
Algumas destas zonas são, por exemplo, Alcântara, onde a água poderá chegar até à Avenida de Ceuta. Igualmente, também serão afetadas zonas como Belém, a Baixa, ou o Parque das Nações. A título de exemplo, se as ondas tiverem origem no mesmo ponto que em 1755, será apenas em 10 minutos que o tsunami vai do Bugio (em Oeiras) a Belém. Para já, ainda falta identificar as estruturas de evacuação vertical e a sua resiliência sísmica. A responsável sublinhou que, muitas vezes é “mais fácil entrar num prédio e subir ao último andar do que andar a correr”.
Para além dos percursos e pontos de evacuação, é ainda importante atenuar algumas condicionantes. Entre elas, a linha ferroviária, que atravessa toda a cidade, junto à zona ribeirinha, mas também escadas, passagens pedonais ou pontes e que podem servir como obstáculos à evacuação.
Sinalética vertical ao longo de toda a frente ribeirinha
Por fim, o documento vai também identificar as estruturas críticas e de resposta operacional em caso de emergência. Para além do sistema sonoro de alerta e do Plano de Evacuação, haverá ainda um posto de comando e sinalética vertical distribuída ao longo de toda a frente ribeirinha de Lisboa. Dentro destes sinais verticais, serão ainda instalados diversos avisos com fundo amarelo, e que são iguais em todo o mundo. O objetivo é que sejam reconhecidos pelos turistas e estrangeiros que visitam a cidade.
O sistema sonoro é ativado por um operador, mas a intenção do SMPC será automatizar este sistema, para evitar falhas. A ativação deste plano surge após os alertas emitidos pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). A explicação sobre este documento foi dada por Sónia Queiroz. De acordo com a profissional, “um tsunami é um cenário que demora horas”, e pode acontecer pouco tempo depois da ocorrência de um sismo.
Ter 10 equipamentos em funcionamento dentro de quatro anos
“Uma onda de tsunami não será uma onda da Nazaré. É baixa, rasa, nada ‘surfável’, e que vai entrando pela costa devagarinho, mas com uma força enorme”, reforça ainda Margarida Castro Martins. A diretora do SMPC mostrou um vídeo de uma família no Japão, na varanda do seu apartamento, a observar o tsunami de 2011. “Como veem, as pessoas que estão naquele prédio estão bastante seguras e tranquilas. Portanto, se um tsunami acontece, o que nos compete é estarmos preparados”. Por fim, participou ainda nesta iniciativa o vereador com o pelouro da Proteção Civil, Ângelo Pereira.
O autarca frisou que o SMPC “é um pilar essencial na estrutura de qualquer sociedade” e que celebrar o Dia Internacional da Proteção Civil “é celebrar uma comunidade unida que salvaguarda a vida dos lisboetas”. O vereador destacou ainda o “trabalho incansável” da Proteção Civil Municipal, lembrando ainda “os desafios sem precedentes que vivemos nos últimos anos”. Alguns foram, por exemplo, as cheias de dezembro de 2022, e que “testaram a nossa resiliência”.
Ângelo Pereira garantiu que a autarquia vai continuar a trabalhar para uma “Lisboa mais segura”. Após a explicação, cerca de 100 pessoas percorreram um dos percursos de evacuação, entre o Terreiro do Paço e o Rossio. A demonstração foi ainda acompanhada pelo aviso sonoro de alerta, que tocou durante 10 minutos.