UACS realizou a segunda edição de ‘Comércio no Feminino’

A União de Associações do Comércio e Serviços (UACS), reuniu, esta sexta-feira, dia 8 de março, várias mulheres empresárias, na segunda edição de ‘Comércio no Feminino’. Aqui, as participantes foram desafiadas a trocarem experiências sobre o que é liderar num mundo dominado pelos homens.

A sede da União de Associações do Comércio de Serviços (UACS), na Rua Castilho, em Lisboa, recebeu, esta sexta-feira, 8 de março, a iniciativa ‘Comércio no Feminino’, que juntou várias empresárias num almoço exclusivo. Aqui, as participantes puderam ouvir e partilhar histórias de sucesso. Igualmente, foram convidadas oito oradoras, que partilharam ainda algumas histórias do seu percurso profissional. Nesta iniciativa, esteve ainda presente a presidente da UACS, Carla Salsinha. Esta referiu que “realizamos a segunda edição desta iniciativa como forma de encorajar futuras empresárias, ao trazer, para cima da mesa, experiências de empreendedoras de sucesso no nosso país”.

Igualmente, pretende-se “desmistificar o que ainda está por avançar relativamente ao papel da mulher no setor do comércio e serviços, assim desbravar num mundo de homens”. Estas “oradoras são uma inspiração e estão ligadas ao movimento associativo e nunca abdicaram de serem mulheres”. Carla Salsinha é a a primeira mulher presidente da direção desta organização, que já conta com 145 anos de história. Contudo, sempre teve cargos de dirigente associativa dentro desta instituição. Igualmente, foi ainda a primeira mulher a ser eleita como Vice-Presidente da Confederação do Comércio e Serviços em Portugal (CCP). Ao Olhares de Lisboa, a dirigente sublinhou que esta iniciativa “é importante para incentivar as mulheres a serem empreendedoras e a aderirem à causa associativa”.

Iniciativa é para repetir

“Como mulheres, não participamos no movimento associativo, porque há outras prioridades”, acrescentou Carla Salsinha, dando como exemplo as responsabilidades familiares, mais ligadas às mulheres. Esta é a segunda edição do encontro ‘Comércio no Feminino’, que se estreou em 2023. “A primeira edição correu muito bem e estou expetante com o sucesso desta segunda edição”, frisou a presidente da UACS, garantindo que esta é uma iniciativa para continuar. O encontro foi moderado pela jornalista Filomena Barros. O primeiro testemunho foi da escritora Maria João Lopo de Carvalho, autora do livro ‘As Revolucionárias’. A obra retrata a história de 12 mulheres que desafiaram os costumes da sua época.

Cada mesa, neste almoço, tinha o nome de uma destas personalidades, que lutaram por causas e trouxeram mudanças para a sociedade. Já a segunda oradora foi Paula Franco, a primeira bastonária da Ordem dos Contabilista Certificados (OCC). “Estamos, de facto, num país com muita salvaguarda dos direitos das mulheres”, começou por afirmar, sublinhando que, atualmente existem 100 mulheres ao serviço desta organização. “As mulheres têm vincadas a função de cuidadoras”, lembrou Paula Franco. Por isso, apelou para que “elas sejam vistas como um exemplo”, em especial no associativismo. A Bastonária frisou ainda que a área da Contabilidade “sempre esteve muito associada” aos homens.

No entanto, nos dias de hoje, já estão, ao serviço da OCC, “55% de mulheres e 45% de homens”. De seguida, discursou Assunção Cristas, a primeira mulher a assumir o cargo de Ministra da Agricultura e do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território. A antiga governante referiu que, quando andou na faculdade, no final dos anos 90, “apenas havia uma mulher doutorada em Direito”. No seu entender, “houve pouca evolução” nos temas relacionados com a igualdade de género, nos últimos anos. Por isso, “há muito trabalho para fazer”.

Ainda há um longo caminho para traçar até à igualdade plena

“Quando estive na política, ganhei consciência por estas coisas, e percebi que era importante olhar” para a questão da igualdade de género. “Sempre fui a favor das quotas para mulheres nas empresas e organizações, ao contrário do que defende o meu partido [CDS-PP]”, vincou Assunção Cristas. Para a antiga ministra, “o feminismo não é queimar sutiãs, mas sim lutar pela igualdade”. Na mesma iniciativa, também esteve a Eurodeputada Maria Leitão Marques, que foi Secretária de Estado da Modernização Administrativa, entre 2007 a 2011. Atualmente é professora catedrática jubilada da Universidade de Coimbra.

Maria Leitão Marques defendeu uma maior conciliação da vida profissional com a vida familiar e pessoal, “para que possa existir mais mulheres na liderança”. Contudo, frisou ainda que, em Portugal, atualmente “32% das empresas são lideradas por mulheres”, o que coloca o país em sexto lugar no ranking mundial. Por sua vez, também marcou presença a cavaleira tauromáquica Sónia Matias, a primeira mulher de alternativa (profissionalização) nesta área. “Esta é uma profissão de homens, e sempre me tentaram demover”, recordou a cavaleira, que já atuou em arenas em todo o mundo. “Eu abri o meu caminho nesta área”, disse, salientando que “as mulheres têm de acreditar em si e lutar pelo que gostam”.

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Ser um exemplo para os outros

Já Virgínia Cruz, Superintendente e Oficial de Ligação da PSP, junto do Ministério da Administração Interna, lembrou que, no seu curso, “haviam 25 alunos e só dois é que eram mulheres”. A agente reforçou que a PSP ainda é uma profissão mais ligada aos homens, sendo que apenas “10% do efetivo policial” são mulheres. Contudo, “não há discriminação na polícia e há mulheres em todos os departamentos da PSP”. Nesta organização, as mulheres “ganham o mesmo salário que os homens”. “Espero ser um exemplo para todas as mulheres que queiram ser polícias”, acrescentou ainda Virgínia Cruz, que está há 36 anos na PSP.

A última oradora foi Maria João de Almeida, Fundadora e Presidente Executiva da Associação Portuguesa de Enoturismo (APENO) desde 2020. “Cresci num contexto feminista”, começou por afirmar a também jornalista, lembrando que ficou sem o pai quando tinha nove meses de idade. “A minha mãe teve de arregaçar as mangas e tomar conta da família toda”, recordou Maria João, considerando assim a progenitora como o seu maior exemplo. “Temos de ser assertivas e usar a inteligência emocional”, sublinhou a especialista em enologia, que já escreveu vários livros relacionados com esta área.

 

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