Lisboa já dispõe de nova residência universitária com mais 320 camas

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) inaugurou, esta quarta-feira, 17 de abril, uma nova residência universitária, com capacidade para 320 camas, na Avenida Manuel da Maia, junto ao Instituto Superior Técnico. Esta inauguração contou com a presença do Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, e da Ministra da Juventude e da Modernização, Margarida Balseiro Lopes, que tiveram a oportunidade de visitar a nova residência, que terá rendas entre os 83 e os 100 euros.

Está inaugurada a nova residência de estudantes da Universidade de Lisboa, na Avenida Manuel da Maia. O espaço tem dois pisos, salas de estudo, cozinhas e 208 quartos duplos e individuais, albergando, no total, 320 camas. Com esta residência, pretende-se mitigar as dificuldades dos jovens estudantes no pagamento do seu alojamento, pelo que as rendas variam entre os 83 e os 100 euros mensais, variando consoante os rendimentos do agregado familiar. “Neste caso vamos ter agregados que vão pagar entre 80 e cento e poucos euros, porque são pessoas que vivem em grande dificuldade”, afirmou Carlos Moedas, no final da visita, aos jornalistas presentes.

Contudo, “quando tivermos mais quartos, vamos poder chegar a outros agregados que também precisam. Há muitas pessoas que chegam a Lisboa, não estão nas faixas mais vulneráveis, mas também não têm dinheiro para pagar um quarto. Esses, talvez os pais pudessem pagar um pouco mais, estaríamos a falar em 300 euros”, acrescenta. Esta residência fica num imóvel que outrora pertenceu ao Instituto da Segurança Social. Foi adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), com o intuito de ali criar residências universitárias. Na inauguração desta nova residência, o presidente da CML começou por realçar que este “é um momento especial”, lembrando que esta obra começou no executivo anterior, liderado por Fernando Medina.

Obra custou 17 milhões de euros

“É preciso fazer esse agradecimento, porque representa aquilo que é necessário na política, a moderação, que é nós olharmos para o trabalho dos outros, pegarmos um trabalho que é dos outros, e melhorarmos esse trabalho com novas ideias”, sustentou o autarca lisboeta, acrescentando ainda que esta nova residência é ainda “uma visão para o futuro”. Esta resposta representa um investimento de 17 milhões de euros, dos quais 10 milhões foram garantidos pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR). Para o futuro, a autarquia quer inaugurar mais residências para estudantes na cidade. Até ao momento, explicou ainda Carlos Moedas, “a vereadora do Urbanismo [Joana Almeida] já aprovou oito residências”, que totalizam mais de duas mil camas, a que se juntam mais 900 que serão instaladas na Ajuda, em Marvila e na Avenida 5 de Outubro.

É “muito importante que vá para a frente, porque é o futuro destes jovens”. “Isto é uma oportunidade absolutamente extraordinária para os jovens alunos que não têm condições financeiras”, ressalvou Moedas. O espaço foi totalmente requalificado pela Câmara Municipal e será gerido pela Universidade de Lisboa, sendo que já existem candidatos para ocupar esta residência. “A vossa geração tem uma oportunidade diferente”, acrescentou o presidente, que lembrou quando saiu de Beja para vir estudar em Lisboa, em 1988. “Quando acabei o curso no Técnico, o meu futuro não era em Portugal”, recordou ainda Carlos Moedas, salientando a transformação tecnológica que Lisboa sofreu nas últimas décadas.

Criar condições para os estudantes deslocados

“Quando falo da Fábrica dos Unicórnios, falo de um projeto que criou uma dinâmica incrível na cidade”, disse. O autarca acrescentou ainda que está prevista a criação de um ‘hub’ de inovação junto ao Instituto Superior Técnico, a que se junta outro ‘hub’ que será instalado em Alvalade, em parceria com a Microsoft. “O que os políticos têm de fazer é conseguir atrair estas empresas para estarem aqui. Se nós conseguimos ter a capacidade de encontrar sítio para viver em Lisboa, a capacidade de encontrar as soluções do dia-a-dia e depois trazer-vos esse sonho da tecnologia, nós conseguiremos ter um futuro. Por isso, como Presidente da Câmara, lutarei todos os dias para a vossa geração”, disse ainda.

Nesta inauguração, esteve ainda o Presidente da Direção-Geral da Associação Académica da Universidade de Lisboa, Diogo Ferreira Leite, que referiu que esta residência “ simboliza o esforço concertado que os nossos responsáveis políticos e académicos têm feito para dar resposta a um problema estrutural que tem assombrado a academia nos últimos anos”, ou seja, a falta de habitação a preços acessíveis. “Apesar de muitas promessas e muitos planos, ano após ano, a promessa de um ensino superior universal e acessível para todos, ainda está por cumprir”, prosseguiu o responsável. Contudo, lembrou que “a Universidade de Lisboa tem sido um exemplo local, nacional e europeu”, graças aos seus projetos que tem vindo a desenvolver, a fim de “responder às necessidades dos seus estudantes”.

Promover a igualdade social

Com esta residência, juntamente com outra que foi inaugurada na Cidade Universitária em novembro de 2023, “a nossa Universidade conta hoje com mais 650 camas. Este é um caminho que não se faz sozinho, e a CML, que tem sido o interlocutor claro do movimento estudantil na cidade, tem procurado dar os seus contributos para corrigir o rumo e garantir que a nossa cidade é, como sempre foi, a capital portuguesa do conhecimento e uma referência da sapiência a nível europeu e mundial. Acreditamos que este é, sem sombra de dúvida, um passo importante no caminho certo, para garantir que conseguimos cumprir o sonho de ter, em Portugal, um ensino superior verdadeiramente democrático e acessível para todos”, disse o jovem estudante.


No entanto, lembrou que, “enquanto houver um estudante que não consiga frequentar o ensino superior devido aos valores elevados no acesso à habitação digna, nós não nos iremos calar”. “Neste dia, posso dizer com profunda convicção e esperança, que estamos a conseguir dar o próximo passo e que os frutos do trabalho desenvolvido nos últimos anos já se fazem sentir. Vai chegar o dia em que o único fator diferenciador para a entrada no ensino superior no nosso país será o mérito individual de cada um e não o peso da carteira dos pais. Hoje é um dia de celebração, em que celebramos mais um passo em frente, na construção de um futuro mais justo para todos”, concluíu Diogo Ferreira Leite.

Residência será gerida pela Universidade de Lisboa

Também marcou presença o Reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira, que lembrou que esta inauguração “é um momento para reafirmarmos o nosso compromisso com o Ensino Superior e com a Ciência”. “Assistimos crescentemente a uma carência de alojamento para estudantes nesta cidade”, disse o reitor, lembrando os esforços da academia e da autarquia, ainda sob a liderança de Fernando Medina, na diminuição deste problema. Luís Ferreira recordou que a criação desta residência na Avenida Manuel da Maia foi possível graças ao anterior presidente da CML, que “propôs a transformação dos edifícios que tinham pertencido à Segurança Social, em residência universitária, considerando a sua proximidade com o Técnico e as outras escolas da Universidade de Lisboa”.

Contudo, o docente reconheceu ainda o trabalho de Carlos Moedas e da vereadora Filipa Roseta, que deram continuidade a este projeto, e “apesar de algumas dificuldades imprevistas, honraram, na medida do possível, todos os compromissos assumidos pela presidência anterior”. Esta inauguração ficou ainda marcada pela assinatura de protocolo de colaboração entre a autarquia e a Universidade de Lisboa, bem como pela presença do Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, que começou a sua intervenção a parabenizar a autarquia por esta nova residência.

Cumprir o elevador social da educação

“Em Portugal, temos hoje um problema gravíssimo na frequência do ensino superior, porque os custos que as famílias têm que suportar são hoje um fator de exclusão”, afirmou. “A mensagem que quero deixar é, fundamentalmente, de parabéns, e que aquilo que aqui foi feito seja um exemplo, porque ele tem que ser multiplicado.

“[A nova residência] vai permitir, de facto, que alunos de famílias de baixos rendimentos possam viver no centro de Lisboa. Isto vai ter um impacto extraordinário nesses alunos”, considera o ministro, lembrando ainda que, a criação de melhores condições, “vai permitir mais igualdade, mais equidade, mais oportunidades, que é a única forma de garantirmos que o ensino superior cumpre a sua missão, que é funcionar como elevador social”, concluíu.

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