Mais de 60 operacionais, apoiados por 25 viaturas, da Proteção Civil Municipal de Oeiras participaram, este domingo, dia 21 de abril, num exercício de simulação de Tsunami, denominado “TSUCAX_24”, na Praia de Caxias. Este exercício foi realizado no âmbito de um estudo do IGOT/Universidade de Lisboa e pretende avaliar e melhorar o tempo de evacuação daquela praia.
A Praia de Caxias recebeu, neste domingo, dia 21 de abril, o simulacro ‘TSUCAX_24’, que teve como objetivo avaliar o tempo de evacuação daquela praia e exercitar a capacidade de resposta do Dispositivo Operacional de Proteção e Socorro (DIOPS), testando a projeção e atuação das suas capacidades. Segundo o comandante da Proteção Civil de Oeiras, o coronel Carlos Pinto, “este exercício é um exercício de parceria entre o Serviço Municipal de Proteção Civil e a Universidade de Lisboa”. Por isso, esta iniciativa conta ainda com “uma componente académica muito forte”, uma vez que se baseia numa tese de mestrado.
“Aquilo que nós reportaremos ao Serviço Municipal de Proteção Civil, para além do conhecimento académico que o resultado deste exercício da tese nos vai trazer, é percepcionar aquilo que é o comportamento das pessoas numa rota, neste caso em quatro rotas de evacuação, para determinarmos aquilo que será a melhor”, prosseguiu o responsável, reforçando que, muitas vezes, é criado um determinado caminho, “mas o comportamento humano leva para outro local. O que nós pretendemos é perceber as quatro rotas alternativas e aquilo que será o comportamento mais facilitador das pessoas”.
Várias entidades presentes
Para breve, a Proteção Civil Municipal de Oeiras pretende ainda instalar sinalética de evacuação e de aviso de tsunami, a que se juntam aos corredores de evacuação. Neste exercício, estiveram envolvidas 28 viaturas e 52 agentes de proteção civil, onde se incluem as sete corporações de bombeiros do concelho, Polícia de Segurança Pública, Polícia Municipal e Polícia Marítima, a que se juntaram cerca de 600 escuteiros, tendo sido o exercício municipal com o maior número de participantes. Neste simulacro, representou-se cenários como desacatos na praia, com quatro detidos, duas vítimas de esmagamento no túnel, mais duas vítimas com politraumatismos, causados por acidentes de viação, uma criança perdida (encontrada pela PSP), e um incêndio no edifício da junta de freguesia de Caxias, com duas vítimas evacuadas.
“O exercício correu de acordo com aquilo que eram as expetativas”, disse o coronel Carlos Pinto, no final do simulacro. Já de acordo com Carlos Jaime Santos, comandante dos Bombeiros do Dafundo e coordenador da Proteção Civil de Oeiras, “este exercício foi proposto pelo Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT)”, e é o resultado de um conjunto de reuniões entre este instituto e a Proteção Civil de Oeiras. Por sua vez, Ângela Santos, investigadora do IGOT, lembrou que esta investigação começou com um contacto da Câmara Municipal de Oeiras. “Fizemos estudos de avaliação do risco sísmico e de tsunami no concelho de Oeiras, em 2021, e que está publicado online”. Mais tarde, acrescentou, “fizemos um artigo científico, publicado em 2022, e que se focou no risco de tsunami” e que já deu origem a algumas conclusões.
Resultados servirão para a realização de um estudo académico
“Os três estudos apontam que há vários problemas e nós fizemos várias propostas. Tanto a Câmara Municipal como o Serviço Municipal de Proteção Civil de Oeiras ouviram as nossas propostas e vamos testá-las hoje”, disse ainda Ângela Santos, lembrando que o objetivo deste simulacro será ainda “avaliar se é possível evacuar os utentes da praia em menos de 30 minutos”. “O cenário que estamos aqui a testar e a estudar é o de 1755”, explicou a investigadora, salientando que, por isso, “a primeira onda chega aqui à Praia de Caxias em cerca de 33 minutos”. Por outro lado, o segundo cenário, com múltiplas ocorrências, pretende ainda “testar o dispositivo municipal de emergência”, mas também “sensibilizar a população”.
Os resultados deste exercício serão publicados em jornais e revistas científicas, disse ainda. Este simulacro contou com a presença da vereadora com o pelouro da Proteção Civil, Joana Baptista, e do presidente da Câmara Municipal de Oeiras (CMO), Isaltino Morais. Ao Olhar Oeiras, o autarca salientou que esta iniciativa surge no âmbito das políticas da CMO “de combate às alterações climáticas”, as quais pretendem ainda “avaliar as zonas de risco do concelho, seja ao nível do tsunami, do terramoto, das cheias, ou dos incêndios”. Neste sentido, a Câmara Municipal tem vindo a realizar diversos estudos, não só “para conhecermos melhor o território e os efeitos [destes fenómenos] no território, mas também os comportamentos das pessoas em função dessas situações”.
Estudar comportamentos das pessoas
“A realização de exercícios ou simulacros é sempre importante, para poder estabelecer algumas regras para o comportamento das pessoas. Por exemplo, no caso do tsunami, é importante estabelecer uma sinalética que, identificada a onda, se possa ter uma ideia do tempo de chegada. Isto é importante para que as pessoas, em vez de entrarem em pânico, através da sinalética, possam ir para pontos de fuga que lhes permitam situar-se em pontos mais altos”, explicou Isaltino Morais. “Do ponto de vista da disponibilidade de meios, Oeiras está no topo, e portanto, é óbvio que todas as equipas que de alguma forma intervêm na Proteção Civil estão bem”, acrescentou ainda o presidente da CMO, certo que os agentes de socorro do concelho estão capacitados para atuar em situações de emergência.
“O problema consiste essencialmente no tempo e no efeito que estes exercícios têm nas pessoas”, disse ainda. “Hoje em dia temos bombeiros fisicamente bem preparados e tecnicamente muito melhor preparados do que eram uns anos atrás”, acrescentou o autarca de Oeiras, admitindo que este tipo de exercícios “são também determinantes para a população”. “Provavelmente o próximo exercício que se faça de simulação de um tsunami, o ideal será que as pessoas não sejam avisadas, por exemplo”, disse ainda, sublinhando que este tipo de exercícios deve ser realizado num período em que não haja muitos banhistas nas praias, para não causar pânico. “As pessoas devem ser todas obrigadas a sair da praia e aí vê-se por onde é que elas vão e quais as rotas que escolhem”, disse Isaltino Morais, acrescentando que este comportamento será depois tido em conta durante a realização do estudo.