Pedro Costa demite-se da Junta de Campo de Ourique em rutura com Moedas

Pedro Costa, presidente da junta de Freguesia de Campo de Ourique, vai apresentar hoje à noite, à Assembleia de Freguesia, o seu pedido de demissão, acusando Carlos Moedas de “fechar as portas ao diálogo”, remetendo-se a um profundo silêncio, o que impede o desenvolvimento de vários projetos de desenvolvimento da freguesia.

O atual presidente da Junta de Freguesia de Campo Ourique, Pedro Costa, filho do ex-primeiro-ministro e ex-secretário-geral do PS António Costa, em carta enviada à população, revela que se vai demitir do cargo por considerar que estão fechadas as portas do diálogo com Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa. A renúncia ao cargo vai ser apresentada esta noite à presidente da Assembleia de Freguesia.

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Na carta enviada à população, Pedro Costa explica: “com a eleição de um novo Executivo Municipal começámos desde logo a negociação e construção de pontos comuns ao nosso programa. Destacam-se projetos partilhados ou em curso: Espaços Verdes, Equipamentos desportivos e culturais, mais e melhor Espaço Público e uma âncora de estacionamento para melhorar toda a mobilidade, garantindo um bairro mais saudável e mais seguro. Uma verdadeira cidade dos 15 minutos, com Habitação Pública para todos.”

Contudo, afirma o autarca demissionário, “infelizmente, nenhum destes projetos viu até agora a luz do dia”. Porém, apesar disso, “avançámos com a negociação das Delegações de Competências, mantendo respostas como o Transporte Escolar ou o reforço da Higiene Urbana, mesmo nos momentos de hesitação da Câmara Municipal, entretanto ultrapassados. Assegurámos financiamento para projetos essenciais como a transformação da Praça Afonso do Paço ou a requalificação do Arco do Carvalhão”.

Ciclo que se fecha…

Pedro Costa, que se tornou presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique em junho de 2020 quando Pedro Cegonho, eleito nas autárquicas de 2017, assumiu o mandato de deputado da Assembleia da República, refere que não existiu um tema que fosse um “ponto de rutura” com a Câmara de Lisboa, mas sim sucessivas “faltas de resposta” e algum “desrespeito político”. Explica que, agora, este é um “ciclo que se fecha” para Campo de Ourique, abrindo espaço a “uma passagem de testemunho” e a uma renovação política. Quanto ao futuro, garante que, até ao momento, não há qualquer outro projeto político no horizonte

Justificando a sua decisão Pedro Costa defende: “na tomada de posse em 2021 prometi dedicar-me mais quatro anos a esta Freguesia única, tal como fui dizendo muitas vezes que mais do que o limite legal dos mandatos, o meu limite seria o ponto a partir do qual sentiria comprometida a minha capacidade para continuar a encontrar soluções para os problemas dos moradores. Um autarca, na minha opinião, deve reconhecer o final do seu ciclo quando esgota a sua criatividade para procurar respostas e insistir junto dos responsáveis para que aceitem soluções ou priorizem investimentos”.

“Cheguei ao meu limite”

“Sinto que cheguei ao meu limite face ao silêncio da Câmara Municipal”, pode ler-se na carta assinada por Pedro Costa. “É difícil dar a cara junto dos eleitores com a falta de informação de que disponho e sinto que é impossível, com a energia que me resta, garantir as prioridades certas para a freguesia de Campo de Ourique. Este ponto de encontro entre a falta de condições pessoais e políticas é a pedra de toque da decisão que aqui partilho.”

Pedro Costa salienta: “sempre entendi que as Juntas de Freguesia, além das suas competências próprias, devem estar disponíveis para qualquer missão em favor do interesse local através de três linhas: aceitar qualquer Delegação de Competências que melhore qualquer serviço público; ser a primeira porta do Estado junto dos cidadãos, dando voz a todos os problemas, independentemente da escala, junto das autoridades centrais ou municipais; E por último, ser uma voz na negociação de investimentos e definição de prioridades do Governo da República e Executivo Municipal”. Diálogo que tem sido impossível conseguir com Carlos Moedas.

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 “Nova energia para Campo de Ourique”

Pedindo “desculpa pelo tom pessoal”, sublinha que é necessário ser o “sincero possível” com quem lhe confiou o mandato na freguesia de Campo de Ourique. E quis anunciá-lo desta maneira “antes de o fazer formalmente à presidente da Assembleia de Freguesia”.

O jovem  autarca defende que “um autarca deve reconhecer o final do seu ciclo quando esgota a sua criatividade para procurar respostas, insistir junto dos responsáveis para que aceitem soluções ou priorizem investimentos”, mas destaca ainda a “honra e orgulho” que sente por ter estado à frente da freguesia lisboeta, “neste projeto de Campo de Ourique, que é muito mais do que eu”, desejo uma nova energia e espero uma maior disponibilidade do Executivo Municipal para procurar pontos de contacto e realizar investimentos necessários ao nosso bairro”.

Ao sucessor, Hugo Vieira da Silva, Pedro Costa deseja “a maior das sortes”, realçando que “não duvida de que [Vieira da Silva] terá o engenho e a arte de garantir modelos eficazes para projetar Campo de Ourique para o futuro”, agradecendo a “todos os vogais que serviram comigo durante estes dois mandatos e também a todos os funcionários. Não poderia pedir mais a qualquer um de vós”.

Aos fregueses, salientou “a confiança e simpatia que me dedicaram nestes anos”, Agradecendo “a honra por poder servir esta minha casa o melhor que soube desde 2017, esperando que me perdoem erros, falhas ou faltas. Não poderia ter sido mais feliz do que fui nestes anos, nem pedir neste ciclo que se fecha, melhor bagagem para as voltas que a vida venha a dar”.

 

 

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