Nesta terça-feira, 9 de abril, foi inaugurada a exposição ‘Mulheres de Abril Somos. Com Igualdade temos Futuro!’, que estará patente na Biblioteca da Escola Secundária Dr. António Carvalho Figueiredo, em Loures, até 30 de abril. Esta é uma iniciativa inserida nas comemorações do 25 de Abril promovidas pela Junta de Freguesia de Loures.
A Junta de Freguesia de Loures, em parceria com o Movimento Democrático de Mulheres (MDM), inaugurou, na manhã desta terça-feira, 9 de abril, a exposição ‘Mulheres de Abril Somos. Com Igualdade temos Futuro!’, na biblioteca da Escola Secundária Dr. António Carvalho Figueredo, em Loures. Esta iniciativa está integrada num conjunto de atividades promovidas, entre março e outubro, pela Junta de Freguesia de Loures, a propósito das comemorações do 50 anos do 25 de Abril.
Segundo o presidente desta junta, António Pombinho, ao Olhar Loures, esta programação “visa envolver todos os agentes em todas as áreas da nossa freguesia. Envolvemos as escolas, as associações, as instituições das áreas social, desportiva, recreativa e cultural”. Alguns dos momentos mais altos, acrescenta, são, por exemplo, “a realização de um grande concerto no dia 19 de abril, no Palácio do Correio-Mor, com o Ensemble do maestro António Saiote, ou a recriação histórica sobre o 25 de Abril, no dia 20, pelas ruas de Loures”, entre outras atividades, que podem ser consultadas no site da Junta de Loures.
Sensibilizar para os direitos das mulheres
O autarca esteve presente na inauguração desta exposição sobre os direitos das mulheres, onde destacou a sua importância para dar a conhecer “aquilo que foi a realidade do nosso país até 1974” e cruzá-la com a “realidade atual”. A realização da exposição ‘Mulheres de Abril Somos. Com Igualdade temos Futuro!’ partiu de uma sugestão do MDM, a qual a Junta de Freguesia de Loures acolheu desde a primeira hora, disse ainda António Pombinho.
“Consideramos que tudo aquilo que se pretende a fazer para evocar o 25 de Abril, como é que se vivia antes, como é que se vive agora, o valor da liberdade, o valor da democracia é da maior importância”, acrescentou. A escolha do local para a instalação da exposição foi devido ao facto de que era um dos poucos locais na freguesia com disponibilidade para acolhê-la, admitiu o autarca, reforçando, contudo, que “era também importante trazer este conjunto de informação e de comunicação aos alunos”.
Ainda há muitos direitos por conquistar
Esta inauguração contou ainda com a presença de alunos do 10º e do 12º ano da Escola Secundária Dr. António Carvalho Figueiredo, que ouviram uma pequena explicação histórica sobre o que era ser mulher nos tempos da ditadura e nos tempos atuais. A palestra ficou a cargo de Tânia Mateus, dirigente nacional do MDM, que começou a sua intervenção a agradecer “disponibilidade da Junta de Freguesia de Loures na realização desta iniciativa”. “Se não tivesse acontecido o 25 de Abril, esta escola estaria dividida ao meio, com um muro, em que de um lado estavam os rapazes e do outro, as raparigas”, começou por recordar a dirigente, lembrando ainda que, durante a ditadura, o papel da mulher era o de dona de casa.
“Havia uma perspectiva de que o papel da mulher era de ser reprodutora, gerar filhos e ser uma dona de casa perfeita”, acrescentou ainda, realçando que, nessa época, e ao contrário dos dias de hoje, as mulheres não tinham as mesmas oportunidades do que os homens. Com o 25 de Abril, foi então possível “alcançar a liberdade e a igualdade para todos, independentemente do sexo, da convicção religiosa ou da etnia. As mulheres, desde esse dia, até hoje, têm lutado para terem o direito ao voto, para terem trabalhos e salários iguais”, entre outros, referiu ainda Tânia Mateus.
Comunidade deve reivindicar pela igualdade de género
Contudo, lembrou ainda que, apesar das melhorias na questão dos direitos iguais para homens e mulheres conquistados com a revolução, ainda existe, nos dias de hoje, uma certa desigualdade entre ambos. “Ainda há mulheres que ganham menos que os homens”, sustentou a dirigente, lembrando ainda as dificuldades que muitas mulheres ainda sentem no acesso ao mercado de trabalho devido ao facto de serem mães. “Há um conjunto de medidas, de leis e de políticas que todos os dias são decididas na Assembleia da República, mas que é preciso torná-las uma realidade concreta na vida das mulheres”, prosseguiu.
“Esta exposição procura exatamente isto, demonstrar as conquistas e aquilo que, na nossa óptica, ainda está por tornar uma realidade na vida das mulheres”, disse Tânia Mateus, apelando ainda a que a comunidade se junte e reivindique por estes direitos para os tornar uma realidade. “Se nós não participarmos nas decisões que são tomadas, seja na escola ou fora da escola, as coisas são decididas sem a nossa influência, sem o nosso voto na matéria. Temos que participar em todas as dimensões para garantir que nós não recuamos e garantir que as conquistas do 25 de Abril se tornem uma realidade na vida de todos nós”, concluíu a dirigente do MDM.
MDM foi criado em 1968
Este movimento, explicou a responsável ao Olhar Loures, “é uma organização criada em 1968 e pretende informar, sensibilizar e defender as direitos das mulheres. Desde a sua criação, ainda no contexto do fascismo, procurou sempre sensibilizar e envolver as mulheres numa luta pela conquista pelos seus direitos”. Sobre a exposição inaugurada na Escola Secundária Dr. António Carvalho Figueiredo, ressalva que esta pretende “focar-se nas conquistas, avanços e retrocessos dos direitos das mulheres desde o 25 de Abril”.
“Procuramos sensibilizar e evidenciar as conquistas nestes 50 anos, que foram imensas, mas também demonstrar o que é que ainda falta cumprir. Na nossa opinião, é preciso haver trabalho, mas também uma participação dos jovens, dos adultos e de toda a sociedade”, disse ainda. “Se os jovens tiverem esta perspectiva de que há igualdade, mas que ainda é preciso ir mais longe na igualdade e trabalhar para isso, as mudanças acontecem”, reforçou Tânia Mateus.