A Câmara de Lisboa anunciou esta quinta-feira um investimento de 13 milhões de euros para aumentar a rede ciclável de Lisboa em 90 quilómetros até ao final de 2025, de acordo com o plano ciclável municipal. De acordo com o plano, no final de 2025, Lisboa passará de uma rede ciclável com os atuais 173 quilómetros para um total de 263, estando prevista a construção de mais 56 ciclovias de ligação, com o objetivo de “melhorar e ligar melhor a infraestrutura já construída na cidade”, revelou o vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia.
A rede ciclável de Lisboa está repleta de locais onde os seus utilizadores se sentem inseguros, em particular nos cruzamentos, e troços mal desenhados, em alguns dos quais nem sequer são cumpridos os pressupostos legais, apresentando ainda uma configuração repleta de descontinuidades. Para reverter tal cenário, terão de ser feitas intervenções de fundo, apostando sobretudo na ligação entre os troços, sem esquecer a correção das anomalias detetadas. Em particular, é recomendada a construção de 14 eixos de ligação na “rede de alto nível” e de “59 ligações em falta” na rede local. Além disso, deve-se criar as ligações em falta em 121 escolas e cinco universidades.
Estas são as linhas mestres do plano do plano ciclável municipal da Câmara de Lisboa para aumentar a rede ciclável de Lisboa em 90 quilómetros até ao final de 2025, num investimento de 13 milhões de euros.
De acordo com o plano, apresentado esta quinta-feira, no final de 2025, Lisboa passará de uma rede ciclável com os atuais 173 quilómetros para um total de 263, estando prevista a construção de mais 56 ciclovias de ligação, com o objetivo de “melhorar e ligar melhor a infraestrutura já construída na cidade”, disse o vice-presidente da autarquia, Anacoreta Correia.
“Estamos a falar num conjunto de 13 milhões de investimento, mais de 90 quilómetros, e estamos a incluir pela primeira vez uma dotação orçamental também para a manutenção” de ciclovias, no valor de 1,7 milhões de euros, disse, salientando que a manutenção começa já este mês a ser assegurada através da EMEL. Também as estações de bicicletas Gira, que atualmente são de 150, serão 190 no final de 2025.
No plano estão ainda incluídos dois milhões de euros para ligar escolas à rede ciclável, além dos 400 mil euros que a autarquia recebeu como apoio financeiro do Programa BICI Bloomberg para fazer a ligação de ciclovias a 20 escolas, com uma abrangência de 20 mil alunos.
Estudo de segurança
O plano ciclável faz parte de uma promessa eleitoral da coligação Novos Tempos, e teve por base uma auditoria à rede da cidade, realizada pela empresa Copenhagenize. Segundo a auditoria, a Avenida Almirante Reis, a Avenida 24 de julho e a Rua Prof. Pinto Peixoto (no Beato) são as vias com mais problemas de segurança.
Foram detetadas falhas graves na rede ciclável da cidade, nomeadamente 30 cruzamentos com problemas, muitas descontinuidades nas ciclovias e falhas na ligação a 121 escolas e cinco universidades.
Um inquérito a utilizadores revelou que dois terços dos inquiridos se sentem inseguros ou muito inseguros em cruzamentos, a maioria vê a rede de Lisboa como descontínua e a maior parte considera insuficiente a proteção contra o tráfego motorizado e que ainda há muitos locais inacessíveis de bicicleta, nomeadamente sem estações GIRA.
De uma forma geral, existe um bom desempenho da rede na ligação ao Metro e aos comboios, mas com oportunidades de melhoria, revelou a auditoria.
Ligação às escolas e universidades
O presidente e o vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa apresentaram um plano de acção para a rede de ciclovias da cidade, a ser desenvolvido até 2025. As principais propostas passam pelo aumento da rede e da segurança e conforto de quem circula nas ciclovias. O plano defende ainda a ligação dos troços espalhados pela cidade, com particular enfoque nas zonas de escolas e universidades. O aumento de investimento nesta área da mobilidade urbana também será aplicado à rede de bicicletas partilhadas GIRA, que terá mais estações e bicicletas.
No entanto, não foram avançados planos concretos, nomeadamente em relação à ciclovia da Avenida Almirante Reis, cujo projecto será apresentado ainda este semestre.
“Para termos políticas de mobilidade não podemos ter políticas de fricção”, disse Carlos Moedas. O autarca abriu a apresentação do Plano de Acção 2024/2025 com uma intervenção em que se mostrava investido em reduzir a polarização política. Neste caso, em torno do debate sobre a mobilidade da cidade de Lisboa.
“Nós decidimos ter a maior neutralidade nesta auditoria”, referiu, sublinhando que o documento tem por base uma auditoria contratada à dinamarquesa Copenhageniz, “uma empresa de Copenhaga muito conhecida” e “uma empresa que olha para este problema do lado de que anda de bicicleta”. “O que é que esta auditoria veio fazer? Que havia falhas e lacunas graves na nossa rede ciclável é a primeira conclusão da auditoria. Segundo, havia muitas descontinuidades na nossa rede. Terceiro, que os próprios utilizadores não se sentem seguros”, destaca o presidente da Câmara de Lisboa.
Auditoria escalpelizada ao pormenor
O responsável pela apresentação das linhas gerais do plano foi o vice-presidente, Filipe Anacoreta Correia, que começou por revelar o quanto valeu a auditoria para o desenho do plano que estará em marcha até ao próximo ano: “Baseamos-nos no relatório da auditoria, um instrumento de trabalho que nós usamos com sentido crítico, muitas vezes acolhendo totalmente, outras vezes acolhendo apenas em parte, outras recusando e encontrando soluções que nós entendemos que são mais apropriadas”.
Para elaborar este relatório, a Copenhageniz explorou a rede existente durante quatro dias, escalpelizou os dados de utilização da rede (fornecidos pelo SIG – Sistema de Informação Geográfica) e realizou um inquérito online que teve a duração de um mês, em Junho do ano passado.
A verdade é que está prometido um aumento do investimento nesta área. Segundo os dados revelados na apresentação, entre 2022 e 2025 o investimento total na rede ciclável deverá atingir os 22,3 milhões, uma subida face aos 15,8 milhões investidos entre 2018 e 2021. Soma-se ainda um apoio financeiro de 400 mil euros, oriundos do Programa BIC Bloomberg, para as ligações da rede de ciclovias a 120 escolas, não substituindo os dois milhões já destinados para esta finalidade, como sublinhou o vice-presidente.
O plano de ação prevê ainda o aumento da rede ciclável em 50%, o que se irá traduzir em mais 56 ciclovias/ligações (13 milhões de investimento) e mais 90 quilómetros de rede. Para a manutenção da rede está reservada uma verba de 1,7 milhões. Relativamente à rede GIRA, em 2025 todas as 24 freguesias terão estações, num total de 193 espalhadas por toda a cidade, ou seja, mais 41 do que as que atualmente estão instaladas. Quanto ao número de bicicletas, o plano é que em 2025 a cidade tenha 1900 em circulação, 1800 das quais elétricas. Neste momento, são 1459 as bicicletas activas (1269 elétricas).