Numa visita a obras de reabilitação de infraestruturas municipais afetadas pelas cheias de Loures, o presidente da Câmara Municipal, Ricardo Leão, mostra-se preocupado com o cumprimento, pelo atual Governo, dos acordos assinados com o anterior executivo, designadamente nas áreas de reabilitação de escolas e da mobilidade suave.
O presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão, visitou, esta quinta-feira, 2 de maio, as obras de reabilitação de infraestruturas municipais que foram afetadas pelas intempéries de dezembro de 2022 na União de Freguesias de Santo António dos Cavaleiros e Frielas, e que estão a ser realizadas no âmbito do programa Repor Loures. No decorrer da visita, o autarca de Loures mostrou-se, contudo, preocupado com as medidas que vão ser assumidas pelo executivo de Luís Montenegro em relação aos projetos de investimento que estavam protocolados com o anterior Governo.
Ricardo Leão visitou a obra de requalificação de um talude na Rua José Afonso, nas Torres da Bela Vista, com conclusão prevista para junho e um investimento de 983.680 euros, e a obra de reconstrução de um muro de suporte à via na Rua Cidade de Beja, na zona industrial de Frielas, intervenção que também deverá estar concluída em junho e tem um investimento de 1.022.370 euros. Segundo o autarca, os prejuízos provocados pelas cheias rondaram os 20 milhões de euros, 10 milhões dos quais foram comparticipados pelo Governo de António Costa e o restante pela Câmara de Loures.
Requalificações concluídas até final de 2025, estima Leão
Esperando que até finais de 2025 estejam concluídas todas as obras de requalificação, Ricardo Leão recorda que, parte da verba (cerca de um milhão), foi empregue também na reabilitação do Museu da Cerâmica de Sacavém e de escolas do concelho. O edil de Loures relembra, por outro lado, que a Câmara, para auxiliar os pequenos comerciantes e as famílias afetadas pelas cheias, acionou o seu fundo de emergência, no valor de um milhão de euros.
“Com esse dinheiro, criamos uma linha de apoio ao pequeno comércio e também à pequena empresa que não tinham meios financeiros para minimizar o impacto dos prejuízos causados pelas cheias”, lembra Ricardo Leão, recordando que a edilidade “também atuou junto das famílias afetadas, atribuindo voucheres (até 2.500 euros) para a aquisição de materiais e equipamentos no comércio local”.
Preocupado com o futuro
No entanto, Ricardo Leão está, neste momento, mais preocupado com o futuro. Há um conjunto de protocolos assinados com o Governo anterior que o autarca espera que sejam cumpridos pelo atual executivo, nomeadamente a construção do quartel da GNR de Bucelas e a reabilitação de escolas do concelho, principalmente as que se encontram mais degradadas. Quanto às escolas, Ricardo Leão mostra-se preocupado com a alteração dos critérios de adjudicação das obras de reabilitação.
Até aqui, os projetos apoiados eram prioritários em função do seu estado de degradação. Agora tudo depende da ordem de entrada das candidaturas no Ministério dos projetos. Ou seja, como refere Ricardo Leão, “quem chegar primeiro é que ganha”. “Só existem 125 milhões de euros para as escolas, o que é muito curto. Essa verba só dá para meia dúzia de escolas”, afirma o autarca, revelando que “só o projeto para cada escola custa 400 mil euros (verbas que tem sido totalmente pagas pela autarquia)”. No entanto, espera que o atual Governo cumpra os protocolos que foram assinados entre a autarquia e o Governo.
Mobilidade suave
Questionado sobre as linhas em estudo do projeto LIOS: uma que ligará Alcântara a Oeiras, e outra que fará um percurso Santa Apolónia e Sacavém, Ricardo Leão anunciou que, na próxima terça-feira, irá apresentar aos seus homólogos de Lisboa e Oeiras um projeto do novo traçado, com corredor próprio, para o programa LIOS e que irá passar por várias localidades do interior do concelho.
Ricardo Leão está confiante que este novo projeto, que irá passar também por Santa Iria, São João e Bobadela, onde existem estações da CP, vai possibilitar a criação de parques de estacionamento “dissuasores” para as pessoas que utilizem o comboio para se deslocarem a Lisboa.
Na perspetiva do autarca, o atual Governo deverá manter as verbas consignadas pelo anterior Governo para a mobilidade suave em Loures. Segundo Ricardo Leão, o projeto anterior não fazia muito sentido, porque não ia às localidades do interior oriental do concelho. “Termos apenas uma linha de ‘metro de superfície’ paralela à linha de comboio é despropositada. Por isso, vamos apresentar este novo projeto, com elétricos com atrelados, que entra no interior de algumas localidades da zona oriental do concelho”, afirma o autarca, que considera que a zona oriental do concelho, junto à margem direita do rio Tejo, está muito bem servida pelo transporte ferroviário.