O Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) de Lisboa assinalou, este domingo, 19 de maio, os seus 629 anos, numa cerimónia que teve lugar na Praça do Império, em frente ao Mosteiro dos Jerónimos. Esta iniciativa contou ainda com um desfile de forças em parada e de veículos, bem como com a entrega de diversos prémios e medalhas de Bons Serviços a operacionais do RSB que se destacaram pelos seus feitos.
Assinalou-se, este domingo, 19 de maio, o Dia da Unidade, que teve como objetivo comemorar os 629 anos do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) de Lisboa. Esta cerimónia contou ainda com um Desfile de Forças em Parada e de Veículos Motorizados e uma exposição estática. O Dia da Unidade do RSBL pretende fortalecer o espírito de unidade entre o efetivo no ativo e aposentado, partilhando-o e dando-o a conhecer a toda a população. Esta iniciativa contou com a presença do Secretário de Estado da Protecção Civil, Paulo Simões Ribeiro, do presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, e do comandante do RSB, Alexandre Rodrigues.
O último afirmou, na sua intervenção, que o RSB realiza “um trabalho de excelência realizado, no vasto leque de tarefas que lhes estão atribuídas, para garantir a segurança e socorro na cidade, em situações muitas vezes de elevada complexidade, perigosidade e risco”. O comandante destacou também o apoio da autarquia na missão deste regimento. Alexandre Rodrigues aproveitou ainda para agradecer aos diretores municipais e suas equipas, “pela prioridade e o empenho que dedicam a assuntos relacionados com a segurança e com o RSB. A vossa constante colaboração e disponibilidade são fundamentais para que cumpramos a nossa missão e são prova de que é fundamental trabalhar em equipa para garantir a proteção, a segurança e o bem-estar dos nossos munícipes, dos que trabalham na nossa cidade e dos que escolhem a capital de Portugal para visitar”.
Regimento tem cerca de mil operacionais
O comandante agradeceu também ao Comandante da Polícia Municipal e à Associação Nacional de Bombeiros Profissionais por todo o apoio demonstrado, bem como a todos os parceiros por “todo o trabalho que temos feito em conjunto na procura de soluções”, entre outros. “Juntos somos mais fortes, juntos estamos mais capacitados e somos mais eficazes para responder aos mais diversos desafios que se nos apresentam na nossa cidade e em Portugal”. Atualmente, trabalham no RSB “963 operacionais e 74 civis”, adiantou o comandante, lembrando que esta instituição surgiu em 1395, celebrando, por isso, 629 anos ao serviço da população. “Todos vós são hoje uma referência, são uma inspiração para todos e sentimos a obrigação de dar continuidade ao vosso legado”, disse ainda Alexandre Rodrigues, agradecendo ainda ao seu antecessor, o Coronel Tiago Lopes.
“O trabalho que temos realizado tem um amplo reconhecimento de muitas organizações e instituições nacionais e internacionais”, referiu ainda. Igualmente, prosseguiu o comandante, “estamos preparados para responder aos novos e constantes desafios, através de uma sólida e reconhecida formação, que é um pilar essencial da nossa essência e que promove a transmissão dos nossos valores, da nossa identidade, do nosso conhecimento e das nossas competências. Queremos fazer mais e melhor neste campo da formação porque entendemos ser uma estratégia para o serviço operacional de excelência”. Alexandre Rodrigues lembrou que, atualmente, estão a decorrer as obras de construção do novo quartel de Marvila, que vai trazer melhores condições para a formação dos operacionais.
Apostar na formação
“Teremos instalações únicas e modernas, dotadas dos meios e tecnologias mais avançadas para ministrar os mais variados cursos de formação”, lembrou o comandante do RSB, reforçando que, tem havido cada vez mais exigências ao nível da formação. “As cheias, as derrocadas, os incêndios e demais ocorrências exigem a este corpo de formadores o desenvolvimento de uma maior oferta formativa”, disse o responsável, adiantando que o RSB está inserido em diversos projetos e trabalha com várias universidades e centros de investigação para apoiar e melhorar a formação que dá aos seus operacionais. “Em 2023, fomos reforçados com 82 novos operacionais e está em curso o processo de ingresso de 60 novos recrutas com início previsto em meados de junho”.
“Ainda em 2023 consolidámos a nossa banda de música, e estou certo que agora poderemos dar continuidade aos programas culturais de proximidade com os demais munícipes e visitantes da cidade”, disse ainda Alexandre Rodrigues. O comandante referiu ainda que os 11 quartéis existentes na cidade “são um fator de primordial importância para garantir as condições de trabalho, de treino e bem-estar”. Para além das obras de requalificação em diversos quartéis, houve ainda um “investimento único de cerca de sete milhões de euros” em viaturas. Aqui, destacam-se “a aquisição de dois veículos ligeiros de combate a incêndio, equipamento de proteção individual, equipamento de desencarceramento, módulo de proteção multirriscos ambiental, módulo de socorro e assistência especial, dois veículos de socorro e assistência tático, dois veículos florestais de combate a incêndios, um robô de combate a incêndios e dois veículos escada”.
RSB respondeu a mais de 21 mil ocorrências em 2023
No último ano, adiantou ainda o comandante, o RSB respondeu a “cerca de 21.500 ocorrências. A nossa rapidez e eficácia de resposta impediu que 1.115 incêndios tivessem consequências mais graves. Deste valor, cerca de 292 aconteceram em edifícios da cidade. Garantimos ainda o socorro em cerca de dois mil acidentes rodoviários, alguns dos quais, infelizmente, com vítimas”. No entanto, e para além do socorro às populações, Alexandre Rodrigues lembrou também que o RSB têm “um Núcleo de Intervenção Social e Apoio ao Cidadão”, que tem como objetivo prestar apoio “ aos cidadãos mais idosos e vulneráveis na cidade”. O comandante recordou ainda que o regimento esteve presente, em agosto de 2023, na Jornada Mundial da Juventude, onde prestou “uma resposta eficaz de proteção e socorro aos milhares de pessoas que assistiram ao evento”.
Por outro lado, o RSB conquistou ainda o título de campeão do mundo em Desencarceramento e vice-campeão do mundo em Trauma, no World Rescue Challenge, que aconteceu em outubro de 2023, em Lanzarote, em Espanha. “Estas participações e títulos são uma fonte de inspiração. Estamos a trabalhar para garantir uma resposta inequivocamente conjunta, integrada, altamente capacitada para responder às múltiplas tipologias de ocorrências na cidade de Lisboa. Pretendemos alcançar a otimização das nossas capacidades, garantindo uma proximidade com os cidadãos, contribuindo para uma mensagem de segurança e presença permanente junto dos munícipes e para a prevenção, proteção e bem-estar das populações, bens e ambiente”, disse ainda o comandante.
Apostar em mais meios de socorro
Segundo o mesmo, o RSB está ainda a “implementar ferramentas analíticas para o apoio ao processo de decisão, prevenção, resposta e recuperação em situações de ocorrência e crise, incluindo a otimização de articulação entre as entidades e agentes de proteção civil”. Por fim, Alexandre Rodrigues disse ainda que o RSB está ainda a apostar em mais meios tecnológicos, para melhorar a “capacidade de comando e controlo de operações”, e que, igualmente, pretende ainda apostar no “Projeto Coração de Lisboa”, através da instalação de desfibrilhadores automáticos externos nas instalações municipais e restante espaço público, “a fim de garantir uma melhor prestação de socorro aos munícipes e visitantes de Lisboa”.
O comandante terminou a sua intervenção a agradecer ao presidente da CML, cuja “constante presença, tem sido um fator motivacional, e que aumenta os índices da nossa capacidade de resposta”, mas também aos restantes operacionais, devido à sua “lealdade, disciplina, dedicação, profissionalismo e competência. É-vos exigido graus de resistência física e mental singularmente elevados para fazer face à natureza das situações que se vos deparam todos os dias”, reconheceu. Por sua vez, Carlos Moedas começou a sua intervenção a agradecer o trabalho de todos os operacionais do RSB.
Moedas destacou a coragem e espírito de missão dos operacionais do RSB
“Passaram-se 629 anos, 629 anos que não seriam iguais sem os nossos bombeiros. O Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa faz parte da nossa alma, e é um verdadeiro sinónimo da nossa cidade. Esteve com a cidade em todos os momentos difíceis e nunca a deixou cair, mesmo quando as circunstâncias nos pareciam vergar à fatalidade. Nunca abandonou a cidade, e esteve sempre ao lado dos lisboetas. Levou Lisboa e o seu nome ao mundo, demonstrando sempre que o dever se cumpre com zelo, com nobreza e com competência”.
“Foi isso que os nossos 15 heróis que foram à Turquia demonstraram”, reforçou o autarca, que falou ainda de três virtudes que caracterizam o RSB: “a coragem, o espírito de serviço, o compromisso”. “Fazer parte do Regimento de Sapadores Bombeiros significa ter coragem”, disse Moedas, lembrando que esta coragem se verifica todos os dias, em todas as ocorrências às quais o regimento é chamado, como por exemplo o incêndio que aconteceu esta semana na Rua Joaquim António Aguiar, onde estiveram 27 bombeiros do RSB, ou o incêndio que aconteceu na Rua Fábrica das Moagens, no Beato, que provocou uma vítima mortal, entre outras.
CML assume compromisso em continuar a apoiar o RSB
“Fazer parte do Regimento de Sapadores Bombeiros é ter espírito de serviço é estar pronto para salvar vidas. Foi isso que senti em agosto de 2023, em pleno Parque Tejo, a assistir à vigília do Papa Francisco. Tínhamos 1,5 milhões de jovens em Lisboa e não podíamos falhar. E naquele momento, telefona-me o comandante Tiago Lopes a dizer que havia um fogo em Monsanto. Estávamos num momento único da cidade e aquilo que os nossos bombeiros fizeram foi absolutamente único: reagiram de imediato. Encontrámos os meios, [eles] demonstraram o espírito de serviço e às 23 horas e 14 minutos, aquele incêndio estava dominado”.
“Temos os melhores bombeiros do mundo”, disse ainda o presidente da CML, considerando ainda que “fazer parte do RSB significa compromisso, porque ser bombeiro é realmente mais do que uma profissão, é uma dedicação de todos, um compromisso de vida”. Por isso, prosseguiu Moedas, este compromisso obriga-o a ter “a missão” de “estar ao vosso lado, de parar ao vosso lado quando estão na rua, de vos falar e sentirem que sou um dos vossos”. Este compromisso, afirma, verifica-se no investimento da CML na requalificação dos quartéis da Graça e da D. Carlos I, bem como na construção da Escola do Regimento, em Marvila.
Cerimónia teve ainda entrega de medalhas de Bons Serviços
Esta última representa um investimento de 17 milhões de euros e “está cada vez mais próximo de se tornar realidade”. De igual modo, o autarca destacou também o investimento da CML em veículos e meios para o Regimento de Sapadores Bombeiros, entre os quais dois veículos escada, em que cada um custou quase “dois milhões de euros”. “Da minha parte podem ter a certeza que são sempre uma prioridade. Os bombeiros sapadores são os nossos heróis”, finalizou o presidente da autarquia lisboeta. O RSB foi integrado na Câmara Municipal de Lisboa em 1852, e é composto por um corpo de bombeiros profissionais especializados, que garante a proteção e socorro de pessoas, bens, animais e ambiente, diariamente, na cidade de Lisboa.
Para além dos discursos, houve ainda uma homenagem aos operacionais já falecidos, com a deposição de uma coroa de flores, mas também a entrega dos prémios das provas Intercompanhias e Interquartéis, bem como dos prémios referentes à participação no World Rescue Challenge, onde participaram 36 equipas, de 17 países. No decorrer da mesma, foram ainda entregues a Medalha de Bons Serviços da CML a quatro operacionais do Regimento de Sapadores Bombeiros, nomeadamente, Ema Gonçalves, João Vicente Diogo, José Manuel Oliveira e António Vinagre.