Anita Guerreiro homenageada em exposição no Campo Pequeno

A Junta de Freguesia de Avenidas Novas (JFAN) inaugurou, esta quarta-feira, 19 de junho, a exposição ‘Retratos Contados de Anita Guerreiro’, que mostra parte da vida e obra da artista, figura icónica da cidade e das Marchas Populares de Lisboa. A mostra tem entrada livre e pode ser vista até à primeira semana de julho. 

O Centro Comercial Campo Pequeno, na freguesia das Avenidas Novas, recebe, até ao final da primeira semana de julho, a exposição ‘Retratos Contados de Anita Guerreiro’, que mostra parte da vida e obra da artista, voz da célebre canção ‘Cheira Bem, Cheira a Lisboa’ e madrinha, durante muitos anos, da Marcha dos Mercados. A inauguração oficial aconteceu esta quarta-feira, 19 de junho, e contou com a presença do presidente da Junta de Freguesia de Avenidas Novas (JFAN), Daniel Gonçalves, que frisou, ao Olhares de Lisboa que esta é “uma exposição lindíssima. Vale a pena recordar Anita Guerreiro, foi uma senhora que toda a gente conheceu, pelo menos, até há pouco tempo”.

Anita Guerreiro tem, atualmente, 87 anos, e reside na Casa do Artista. A também atriz foi convidada a estar presente nesta homenagem, mas, devido à idade avançada, não foi possível marcar presença. “Procuramos homenagear as pessoas em vida e isso é que é importante”, reforçou Daniel Gonçalves, lembrando as duas anteriores exposições de ‘Retratos Contados’, que homenagearam, respetivamente, Ruy de Carvalho e António Sala. Para breve, a quarta homenageada será a escritora Alice Vieira, numa exposição que terá igualmente lugar no Centro Comercial Campo Pequeno, em julho.

JFAN quer continuar a apostar na Cultura

“Queremos homenagear artistas e profissionais de vários setores”, disse ainda Daniel Gonçalves. Novamente sobre a exposição, o presidente da JFAN referiu ainda que “faz todo o sentido inaugurá-la neste mês de Junho, mês em que se celebram as festas. Anita Guerreiro foi, é e sempre será uma referência para todos nós. Para mim, é um privilégio inaugurar esta exposição aqui no Campo Pequeno”. Ao mesmo tempo, o autarca disse ainda que é “essencial enaltecer a cultura do nosso país e homenagear em vida quem tem um papel importante na nossa sociedade”.

Lembrando o percurso da artista, quer na música, quer no teatro, Daniel Gonçalves acrescentou ainda que Anita Guerreiro foi autora de “marchas que ainda hoje são recordadas. O seu longo legado merece o devido reconhecimento”. Por isso, considera que esta exposição é importante para “dar a conhecer ao público um pouco mais quem foi e quem é esta grande mulher, que, durante décadas, arrebatou plateias e criou personagens que fazem parte do nosso imaginário coletivo”. Por fim, referiu ainda a forte aposta da JFAN na cultura, no sentido de continuar “a apoiar os cidadãos nas suas atividades e proporcionar bons momentos”.

Exposição tem entrada livre

‘Retratos Contados de Anita Guerreiro’ tem entrada livre e localiza-se junto à entrada para os cinemas. Aqui, é possível encontrar e ver parte da trajetória artística de Anita Guerreiro, através de uma coleção de fotografias raras. Esta mostra tem a curadoria de Nélson Mateus, responsável pelo projeto ‘Retratos Contados’. Ao Olhares de Lisboa, reforçou que esta exposição faz todo o sentido “porque não se pode falar da história de Lisboa, sem se falar da Anita Guerreiro, que é transversal a várias gerações, participou em imensas séries, novelas, cantou o fado durante muitos anos, foi madrinha de inúmeras marchas e levou o nome de Lisboa, com o ‘Cheira Bem, Cheira a Lisboa’, ao mundo inteiro. A Anita esteve no ativo até 2020, ano que se deu a pandemia e a partir daí acabou por não sair da Casa do Artista”.

“Falar da Anita Guerreiro, para mim, é um privilégio”, referiu ainda o responsável. Anita Guerreiro, de seu nome verdadeiro Bebiana Guerreiro Cardinali, nasceu em novembro de 1936 nas freguesia de Arroios, em Lisboa. Aos sete anos, começou a cantar no Sport Clube do Intendente, e, desde então, foi voz de inúmeros temas, tendo ainda, no seu currículo, a participação em dezenas de telenovelas e peças de teatro. “A exposição foi uma belíssima ideia do presidente Daniel Gonçalves, que, devido a estarmos no mês das Marchas Populares, achou muito bem homenagear a Anita Guerreiro”, destacou ainda Nélson Mateus, lembrando que esta iniciativa está integrada nas Festas de Lisboa, que decorrem até ao final do mês, e conta, igualmente, com o apoio da EGEAC/ Lisboa Cultura.

Iniciativa integrada nas Festas de Lisboa

Por isso, esteve também presente o presidente do Conselho de Administração da EGEAC, Pedro Moreira, que, ao Olhares de Lisboa, destacou o sucesso desta primeira quinzena das Festas de Lisboa, que decorrem até ao dia 30 de junho. “Esta quinta, vamos ter um concerto da Mariza no Castelo de São Jorge, a que se juntam as iniciativas dedicadas ao Japão e à Tailândia, bem como o Arraial Pride, que é já neste sábado”. Um dos pontos altos destas festividades foi a realização do desfile das Marchas Populares de Lisboa, na Avenida da Liberdade, de 12 para 13 de junho e que, contou “com um número de visitantes superior” ao de 2023.

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Outro ponto alto será ainda os concertos de Tony Carreira e Richie Campbell, no Terreiro do Paço, nos dias 29 e 30 de junho, respetivamente. “As nossas expetativas estão muito elevadas para estas duas noites, onde haverá uma surpresa e também um apontamento de pirotecnia”, adiantou Pedro Moreira. Já sobre a exposição que homenageia Anita Guerreiro, o presidente da EGEAC disse ainda que é importante para mostrar que “as Festas de Lisboa é mais do que os Casamentos de Santo António, os arraiais ou as marchas. Tem uma componente muito grande, em termos de exposições, música clássica, jazz, ou seja, uma programação muito diversificada, que tem tido uma procura cada vez maior”.

Exposição pode ser vista até ao início de julho

“Tivemos o maior prazer em juntar-nos a esta iniciativa, pelo simbolismo que tinha, não só pela relação que a Anita Guerreiro tem com o mundo artístico, mas também por ter um papel importante nas Marchas Populares de Lisboa”. “É um orgulho muito grande juntar-nos a esta iniciativa, também para demonstrar que, muitas vezes, a parte popular também está aqui na parte artística e nas artes plásticas. Achámos bem associarmo-nos a esta grande exposição e também a grupos culturais privados, muitas vezes há uma grande relutância entre as associações públicos e o privados e que não deve existir, temos que estar, cada vez mais, virados para a cidade, porque só assim é que conseguimos projetar esta grande cidade que é Lisboa”.

Por fim, esteve também Álvaro Covões, diretor da Everything Is New, empresa que explora o Campo Pequeno, no âmbito da realização de concertos musicais. “Obrigado pela vossa presença e por escolherem este espaço, um edifício do século XIX, para esta exposição. É sempre fantástico ver uma homenagem a uma artista que ainda está viva. Há duas profissões no mundo que são as mais encantadoras: os médicos e são os artistas. São aqueles que, de facto, nos dão algo positivo à nossa vida e justificam a nossa passagem. Ser artista é uma tarefa muito difícil, tem altos e baixos, porque o artista é um empresário, depende, obviamente, do seu trabalho e de si próprio. E isso é, talvez, das profissões que eu admiro mais, porque é uma vida de sacrifício”, destacou o responsável, acrescentando que espera ver mais exposições e iniciativas semelhantes no Campo Pequeno.

Marcha dos Mercados homenageou a artista

“Esta homenagem é fantástica e espero que venham mais porque tudo que tem a ver com a cultura é sempre bem-vindo, porque a cultura é um bem essencial”, concluíu. Por fim, esta inauguração contou ainda com a interpretação do tema ‘Cheira Bem, Cheira a Lisboa’, bem como por uma homenagem da Marcha dos Mercados à artista. Aqui, duas antigas mascotes e atuais marchantes desta marcha, entregaram a Nélson Mateus uma fotografia de Anita Guerreiro numa das suas presenças como madrinha da Marcha dos Mercados, que participa nas Marchas Populares desde 2006.

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