Foi inaugurada, esta sexta-feira, 7 de junho, a nova Sala de Mamografias que funciona no edíficio dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, na Avenida Afonso Costa, na freguesia do Areeiro. Esta resposta está integrada no âmbito do protocolo de colaboração estabelecido entre o Município de Lisboa e a Fundação Champalimaud.
O edíficio dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa (CML) já tem, desde esta sexta-feira, 7 de junho, com uma sala de mamografias, destinada às mulheres com menos de 50 anos. Este espaço está integrado no protocolo de colaboração estabelecido entre a autarquia e a Fundação Champalimaud, em outubro de 2023. Esta sala de mamografias pretende vai responder a uma faixa etária de mulheres onde a incidência de cancro da mama e a mortalidade associada a esta patologia têm vindo a aumentar.
Estas mamografias são gratuitas e esta medida insere-se na política de construção de um Estado Social Local, cujo objetivo é garantir que os cidadãos tenham respostas eficazes e de proximidade às suas necessidades em áreas como por exemplo a Saúde. Esta inauguração contou com a presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza, que começou a sua intervenção a destacar que este “é um momento particularmente relevante”. “A Fundação faz investigação em várias áreas, entre elas o cancro”, salientou a responsável.
Rastreios são fundamentais para travar a doença a tempo
“Não fazemos sistematicamente rastreio, porque entendemos que devemos concentrar as nossas capacidades em tratar aquelas pessoas que são vítimas de cancro”, disse ainda Leonor Beleza, destacando que tem surgido, cada vez mais, “determinados cancros em determinadas pessoas antes da idade em que os cancros normalmente se manifestam”, ou seja, os 50 anos. “Temos vindo a ser surpreendidos e assustados pelo aparecimento de cancros antes dos 50 anos. Isso acontece em vários tipos de cancro”, disse ainda a presidente da Fundação Champalimaud, admitindo que existe ainda “uma discrepância entre o aparecimento efetivo de cancros e o risco que eles significam e as idades em que normalmente se tem procedido ao rastreio”.
Por isso, defende ainda Leonor Beleza, é fundamental existir um rastreio precoce, uma vez que “estes cancros aparecem numa fase tardia do respectivo desenvolvimento e significam um risco muito maior para a pessoa”. No caso do cancro de mama, tem existido um diagnóstico desta doença em pessoas abaixo dos 50 anos, e se houver um rastreio tardio, há um aumento do risco de morte. “Portanto, na Fundação Champalimaud estávamos preocupados com o aparecimento de situações muito mais difíceis de tratar as mulheres mais novas e, para nós, é particularmente importante que a Câmara Municipal de Lisboa possa, nesta situação, aparecer como uma entidade diretamente a atuar também neste campo”, ressalvou a responsável, destacando ainda que “é muito significativo” que a autarquia se tenha associado “a este esforço coletivo” na luta contra o cancro.
Estado Social Local
Nesta inauguração também discursou o presidente dos Serviços Sociais da CML, Bento Velhinho, que destacou que este é um “momento extremamente importante para a vida das mulheres e de todos nós pela possibilidade de podermos oferecer, a quem necessita, de um diagnóstico”. O presidente congratulou ainda a parceria da autarquia com a Fundação Champalimaud, salientando ainda que os Serviços Sociais estão “empenhados em contribuir para complementar”, não apenas o Serviço Nacional de Saúde, mas também outras áreas.
Já para o presidente da CML, Carlos Moedas, este “é um dia muito importante para todos nós naquilo que é uma estratégia da cidade e aquilo que sempre defini como o Estado Social Local. A Câmara de Lisboa, naquilo que é a sua estratégia, apostou na área da saúde”. O autarca lembrou ainda que, atualmente, na Área Metropolitana de Lisboa (AML), “quase um milhão de pessoas não têm médico de família”, sendo que muitas “estão concentradas na nossa cidade”. Por isso, destacou, “é fundamental para a CML ter uma estratégia na área da saúde, que passa por uma visão política que é estarmos juntos para as pessoas”. No entanto, referiu Moedas, “a CML não quer, nem nunca se vai substituir aquilo ao Serviço Nacional de Saúde”.
Máquina permite um diagnóstico eficaz
Sobre esta nova sala de mamografias, o presidente da edilidade lisboeta lembrou que esta surgiu após uma conversa “com a Dra. Leonor Beleza e com o Dr. João Silveira Botelho” sobre a “incidência do cancro da mama nas mulheres mais novas e muitas vezes existir uma incapacidade de haver resposta em relação às mamografias”. A máquina e os profissionais que realizam estes rastreios foram cedidos pela Fundação Champalimaud, uma instituição que Moedas classificou como “uma das melhores do mundo, com os melhores médicos e investigadores do mundo”. “A máquina que temos aqui é uma máquina muito boa. A Fundação traz-nos aqui um aparelho com micro-radiações”, que permite um diagnóstico eficaz e fiável.
Atualmente, reiterou o autarca, “existe uma mortalidade acrescida naqueles que têm menos de 50 anos, sobretudo no cancro da mama, com um aumento de mais de 30%” de casos. Por isso, o presidente incentivou a que todas as mulheres com menos de 50 anos, residentes em Lisboa, “venham aos Serviços Sociais” realizar o rastreio, sendo que este, contudo, está também disponível para senhoras acima dos 50 anos. Para além desta sala de mamografias, Carlos Moedas lembrou ainda a estratégia da CML na área da Saúde, em que, até ao momento, já foram investidos “21 milhões de euros” em cinco novos centros de saúde, sendo que a meta são os “40 milhões de euros”.
Continuar a apostar na saúde de proximidade
“Lisboa está a dar a resposta. Agora, quando eu vejo que, num centro de saúde construído por nós, não há médicos ou as pessoas estão à espera, isso já não é a minha responsabilidade, mas é uma angústia muito grande”, desabafou o presidente, lembrando que, por isso, a autarquia está a apostar em centros de proximidade nos bairros sociais, com dois já em funcionamento no Bairro do Armador, em Marvila, e na Alta de Lisboa, na freguesia do Lumiar. “Vamos continuar a apostar nesta saúde de proximidade e vamos continuar com mais centros de proximidade”, disse Carlos Moedas, destacando ainda o Plano de Saúde Lisboa 65+, ao qual já aderiram mais de “14 mil lisboetas”.
No âmbito desta medida, já se realizaram cerca de 2500 teleconsultas e quase “mil consultas em casa”. “Nós precisamos de acabar com esta ideia do público contra o privado e as IPSS. É tudo igual, nós temos que ajudar todos e temos que estar com todos”, reforçou o autarca, destacando ainda o “orgulho” que tem nos Serviços Sociais da CML, esperando que eles “se abram ainda mais à comunidade”. Durante a realização destes rastreios, se for detetado algum problema, o utente é encaminhado para o Serviço Nacional de Saúde, explicou ainda o presidente da CML, agradecendo à Fundação Champalimaud “pelo trabalho que faz na sociedade portuguesa e pelo trabalho que realiza” em prol da comunidade.