A Comissão de Moradores de Marvila (CMM) e a Comissão de Utentes de Saúde de Marvila (CUSM) realizaram, na passada quinta-feira, 11 de julho, a ‘Rota dos elevadores avariados’, que tem como objetivo chamar a atenção dos eleitos locais para a falta de condições nos lotes municipais do Bairro do Condado.
Na sequência das várias queixas que a Comissão de Moradores de Marvila (CMM) e a Comissão de Utentes de Saúde de Marvila (CUSM) têm vindo a apresentar, junto da Câmara de Lisboa, as duas entidades organizaram, na última quinta-feira, 11 de julho, a ‘Rota dos elevadores avariados’, que teve como objetivo alertar para as condições precárias e degradadas em grande parte dos lotes municipais do Bairro do Condado, na freguesia de Marvila. “A Gebalis [gestora dos bairros municipais em Lisboa] aponta sempre o mau funcionamento dos equipamentos à sua má utilização e ao vandalismo”, explica ao Olhares de Lisboa o porta-voz da CMM, Tiago Gonçalves.
“A meu ver, isso é preconceito”, reforça o responsável, sublinhando que, no passado dia 26 de junho, a Comissão enviou uma carta, dirigida ao executivo da Câmara Municipal de Lisboa, e à qual não obtiveram resposta. Esta iniciativa contou com a presença de vários moradores do Bairro do Condado, bem como do vereador do PCP na CML, João Ferreira, José Martins e Avelino Ferreira, eleitos pela CDU na Assembleia de Freguesia de Marvila, e ainda Pedro Sousa, eleito do Bloco de Esquerda no mesmo órgão. No entanto, foram convidados a estar presentes nesta iniciativa os eleitos de todos os partidos na Assembleia de Freguesia, o presidente da CML, Carlos Moedas, as vereadoras Filipa Roseta (responsável pelo pelouro da Habitação) e Sofia Athayde (com a pasta dos Direitos Humanos e Sociais e da Saúde).
14 edíficios geridos pela Gebalis com elevadores inoperacionais
Contudo, também foram chamados todos os grupos de vereação de todos os partidos representados na Assembleia Municipal, e o executivo da Junta de Freguesia de Marvila. “O que tentámos mostrar, é que as condições degradantes existem, infernizam a vida às pessoas, e a Gebalis, como senhorio principal, tem a obrigação de cumprir com as suas funções, que é zelar pelo funcionamento de todos os equipamentos municipais”, reforça Tiago Gonçalves. Para além dos elevadores, o porta-voz acrescenta ainda que, em muitas habitações municipais do Bairro do Condado, há também problemas como “infiltrações, pragas ou humidade, e que causam más condições de vida a quem lá habita”.
Este périplo percorreu 14 lotes municipais, os quais, na sua esmagadora maioria, têm os elevadores parados ou frequentemente avariados, o que impossibilita a mobilidade de pessoas mais idosas e/ou com dificuldade de locomoção. “A Gebalis e a CML não nos dão nenhuma previsão para a resolução do problema”, explica ainda Tiago Gonçalves, recordando que, em dezembro de 2023, a CMM já tinha alertado a autarquia para estes problemas, em Assembleia Municipal. Na mesma altura, enviou ainda uma missiva à vereadora Filipa Roseta para chamar a atenção para o problema, sendo que a resposta que obtiveram foi a de que “no Bairro do Condado existem 41 elevadores, dos quais 13 não reúnem ainda condições para funcionar, prevendo-se a sua operacionalidade para o primeiro semestre de 2024, exceto as situações pontuais em que se verifique necessidade de maior intervenção, por via da degradação extensa decorrente de atos de vandalismo”.
CML garante que problema ficará resolvido em breve
Na mesma resposta, a autarca sublinhou ainda que, dos elevadores avariados, alguns já foram intervencionados, avariando pouco tempo depois devido a “atos de vandalismo”. Outros equipamentos, por sua vez, aguardam reparação em breve. “No ano de 2023, foi realizado um total de 853 intervenções em elevadores no Bairro do Condado, das quais várias empreitadas de modernização, beneficiando 18” equipamentos, reforçou ainda Filipa Roseta. Igualmente, a autarca referiu ainda que, no mesmo bairro, “se estão a iniciar empreitadas de reabilitação de edíficios no âmbito do PRR, prevendo-se a intervenção em 18 edíficios, que incluem a intervenção na envolvente exterior dos edíficios, melhorando a eficiência energética, bem como em espaços comuns dos edíficios, onde se inclui a conservação dos elevadores”.
Comissões de utentes pedem ainda resolução de outros problemas sociais
Por fim, tanto a CMM como a CUSM, pedem ainda a resolução de outros problemas, como por exemplo “a plena recuperação de muitas habitações que sofrem de infiltrações, de degradação de espaços interiores e de significativo abandono/degradação das zonas comuns, e a promoção de um espaço público digno, cuidado e limpo, combatendo o desinvestimento nos espaços públicos”. Igualmente, estas duas entidades pedem ainda a reposição “dos médicos de saúde familiar em falta na Unidade de Saúde de Marvila, para dar resposta a 70% dos utentes sem médico de família”.
Ao mesmo tempo, exigem ainda “a paragem dos comboios da CP em Marvila, a eliminação da passagem de nível à superfície e a requalificação desta estação”, de forma a servir, “com dignidade, mais de 10 mil utentes e as atividades económicas da zona”. As duas comissões reivindicam também “o reforço dos autocarros da Carris em Marvila”, sobretudo nos “horários noturnos e ao fim de semana”, para dar “melhor cobertura aos bairros e zonas que não têm este serviço de transporte público, como o Centro de Saúde”, e ainda a “reposição do Serviço Postal e dos balcões bancários encerrados, a colocação de novas caixas multibanco no Condado, nos Loios, na zona histórica de Marvila e nas estações de Metro da Bela Vista e de Chelas”.