Olhares de Lisboa esteve na freguesia da Encosta do Sol para aferir a perceção dos moradores em relação à qualidade dos serviços públicos existentes e também as ouvir sobre o que pensam de medidas que deveriam ser tomadas para melhor a qualidade de vida dos habitantes de Alfornelos e Brandoa. A grande maioria aponta a limpeza das ruas como um dos pontos positivos, assim como a grande oferta de transportes públicos e a proximidade a Lisboa. Já nos aspetos menos positivos, estão a falta de policiamento e o preço das habitações.
Na localidade de Alfornelos, encontramos Hélio Sousa, morador na zona há cerca de um ano e meio. Apesar de morar há pouco tempo no bairro, mostra-se satisfeito com a escolha que fez, porque “Alfornelos tem tudo, desde o metro, passando pelos autocarros, até farmácia e supermercados. Não sinto falta de nada”, acrescenta este morador, que revela que, por esse motivo, faz tudo ao pé de casa.
Também João Santos, morador na mesma zona há cerca de 10 anos, aponta a “boa rede de transportes” que existe na freguesia.
Este morador trabalha em Lisboa e tem carro próprio. Mas, como tem o metro à porta de casa, opta sempre por se deslocar nesse meio de transporte, que o deixa na capital “em 20 minutos”. Um dos aspetos menos positivos que nota são “as rendas caras” e a falta de espaços verdes.
Sobre o funcionamento da Junta de Freguesia da Encosta do Sol, confessa que não recorre muito aos serviços da junta, mas ressalta a existência de uma delegação em Alfornelos, o que permite resolver assuntos relacionados com a freguesia à porta de casa. “Creio que a criação da freguesia da Encosta do Sol não mudou nada a dinâmica das duas localidades”, acrescenta.
A mesma opinião tem Piedade Pires, residente em Alfornelos há 47 anos. No geral, está satisfeita com a localidade onde reside, apesar de defender a existência de mais policiamento na zona.
Por outro lado, considera que os pontos mais favoráveis de Alfornelos são “a limpeza das ruas e os transportes públicos”. Esta freguesa reside perto do Centro Comercial Colina do Sol, espaço onde vai várias vezes para fazer as suas compras. Por isso, defende que o comércio local é outro ponto positivo da localidade. O mesmo considera Maria Elisa Oliveira, residente em Alfornelos há cinco anos. Esta moradora revela que em Alfornelos “encontra todo o tipo de serviços”, o que lhe faz poupar tempo em deslocações.
Todavia, reclama com a falta de limpeza junto ao Centro Comercial Colina do Sol. “Vejo muitas vezes os funcionários da junta a varrer, mas não varrem atrás do centro”. Por isso, denuncia, “existem muitas ervas daninhas que não são tiradas e isso traz muita bicharada” para os moradores daquela zona.
Sobre o funcionamento da Junta de Freguesia da Encosta do Sol, admite que não recorre muito aos seus serviços, mas que, quando necessita de algo, consegue resolver os assuntos com rapidez. Já Rosa Corgo, natural da Brandoa, mas residente em Alfornelos há “vários anos”, diz “não ter razão de queixa dos transportes públicos”. Rosa é vizinha de Maria Elisa, e por isso, concorda que existe pouca limpeza na zona atrás do Centro Comercial Colina do Sol.
“Junto ao meu prédio, há uns bueiros (sumidouros) que estão entupidos e, quando chove, fica tudo inundado”, adianta.
Por outro lado, mostra-se satisfeita com o comércio local existente. “Há todo o tipo de supermercados aqui na zona, quando preciso também tenho o Mercado na Brandoa”, onde encontro uma grande variedade de artigos.
Sobre a criação da freguesia da Encosta do Sol, Rosa considera que esta junção “nem favoreceu nem prejudicou” as localidades da Brandoa e de Alfornelos. “As duas juntas funcionavam bem, e esta também funciona bem”, acrescenta, lamentando, no entanto, “a falta de resposta” a algumas solicitações que faz à Junta de Freguesia.
José Carvalho, reside em Alfornelos há 42 anos, junto ao Centro de Saúde, quase na Brandoa. Na sua opinião, a localidade tem todo o tipo de comércio e serviços e, por isso, não necessita de fazer grandes deslocações para ir às compras ou ao médico.
Na sua opinião, “a junção das duas freguesias foi positiva”, na medida em que permitiu melhorar a limpeza das ruas e a proximidade com o poder local.
No Alto da Brandoa encontramos Idália Coelho, residente nesta zona há 67 anos, que diz que as maiores vantagens da freguesia são os transportes e o comércio. “Estamos muito bem servidos”, acrescenta esta freguesa, que admite ainda que a criação da freguesia da Encosta do Sol foi “benéfica para a Brandoa”, porque acabou por trazer uma maior proximidade.
“Acho que ficámos muito melhor servidos ao nível da limpeza das ruas e de serviços”, acrescenta esta moradora, que costuma ir muitas vezes a Lisboa, sobretudo à zona de Benfica, onde nota que existe falta de limpeza nas ruas, ao contrário da Brandoa.
Idália Coelho aponta ainda como aspeto menos positivo da Brandoa “a falta de policiamento” nas ruas. A mesma opinião tem Cristina Santos, também residente no Alto da Brandoa, há mais de 30 anos, onde confessa sentir-se “insegura”. Outros aspectos notados por esta freguesa, são a ausência e o custo elevado das habitações, bem como a falta de variedade de lojas no Alto da Brandoa, o que a obriga a deslocar-se até ao Centro Comercial UBBO, perto do Casal da Mira, ou a Lisboa.
Contudo, para o fazer, é obrigada a deslocar-se a pé até à zona do Mercado da Brandoa, para apanhar as carreiras que vão para Lisboa ou para a Amadora, uma vez que “há muita falta de transportes” no Alto da Brandoa. Ao contrário de outras zonas da freguesia, nota que, no Alto da Brandoa “apenas existem duas ou três carreiras” e que passam com pouca frequência.
Sobre os pontos positivos da freguesia, aponta a limpeza das ruas e a proximidade à capital.
José Gomes também mora no Alto da Brandoa, há “mais de 40 anos,” e diz que a “vizinhança não é boa”. “De há uns anos para cá, começou a existir muita imigração”, nota este morador, que acrescenta que, por esse motivo, “deixou de existir variedade no comércio” e mais insegurança nas ruas.
“As lojas tradicionais estão a desaparecer”, diz José Gomes. Por isso, defende a existência de mais polícias nas ruas.
Sobre a criação da freguesia da Encosta do Sol, não tem nada a acrescentar. Pois considera que esta junção não “mudou nada”. Sobre os transportes, admite que não é utlizador, pois tem transporte próprio.
Por sua vez, Fernando Andrade, reside na zona junto ao Mercado da Brandoa, há cerca de 20 anos e nota que, com a criação da freguesia da Encosta do Sol “passou a haver mais limpeza”.
Sobre o comércio, admite ser um cliente assíduo do Mercado da Brandoa, que tem boas condições. É também cliente dos supermercados que existem na freguesia e que, na sua opinião, contribuem para valorizar a zona, assim como a existência de muitas linhas de autocarro da Carris Metropolitana e que vão para vários destinos.
Um dos pontos negativos da zona, refere, “é falta de policiamento, mas creio que isso é um problema geral de todo o concelho da Amadora”. Por fim, diz que, no geral, a Encosta do Sol “ é um bom sítio para morar. Dizem que a Brandoa tem má fama, mas é tudo um estereótipo”, aponta.
Também João Pires, que reside no centro da Brandoa há 58 anos, considera necessário existir mais policiamento nas ruas, porque “tem havido muita criminalidade” na zona. Este morador pede que os agentes da PSP façam “mais patrulhas a pé” e que exista, em permanência, um agente no Largo 1º de Maio, espaço onde se concentram muitas pessoas, sobretudo moradores com mais idade e que já foram vítimas de furtos ou de agressões.
De igual modo, pede mais casas de banho públicas e considera também que a criação da freguesia da Encosta do Sol não foi benéfica para a Brandoa. “Acho que a junção das duas localidades trouxe mais comodidades a Alfornelos”, mas não à Brandoa, “que é uma localidade muito maior”.
Outro morador da Brandoa, Óscar Fernandes, também defende a instalação de casas de banho públicas no Largo 1ºde Maio, bem como a existência de mais policias nas ruas. Sobre os pontos positivos da freguesia, sublinha “a limpeza das ruas e a variedade de transportes públicos”.