A “liberdade que Abril criou, e Novembro consagrou”, afirmou Carlos Moedas, foi comemorada na presença do então-tenente-coronel Ramalho Eanes, e de familiares do major-general Jaime Neves, dois “heróis” de um dia “em que se salvou a democracia”. O Salão Nobre dos Paços do Concelho acolheu hoje mais uma cerimónia evocativa do 25 de Novembro de 1975.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, lembrou esta segunda-feira, o papel de duas das figuras mais relevantes do 25 de Novembro de 75: “O, então, tenente-coronel Ramalho Eanes, o cérebro. O major Jaime Neves, o operacional. Hoje, quero dedicar este dia ao major-general Jaime Neves”, afirmou.
Para Carlos Moedas, o “25 de Novembro” é “a vitória da democracia sobre qualquer tipo de totalitarismo, a vitória da democracia sobre o radicalismo”.
Há um ano, lembrou, “demos um passo decisivo, não só em Lisboa, mas também na própria história da democracia portuguesa. Fizemos aqui, neste salão, a primeira grande cerimónia pública evocativa do 25 de Novembro“. Festejar Abril, sublinhou, “implica festejar Novembro”, disse o autarca, “porque significou a vitória da moderação contra o extremismo”.
“Um ano depois, é um orgulho ver o resultado do que fizemos aqui mesmo, neste Salão Nobre: normalizámos o 25 de Novembro. Normalizámos o que era óbvio, mas que a cegueira ideológica de alguns não conseguia ver: Que festejar Abril implica festejar Novembro. Que sem Novembro as promessas de Abril teriam sido destruídas”, defendeu Carlos Moedas, salientando que “Novembro foi a consagração de Abril por isto mesmo: porque significou a vitória da moderação contra o extremismo; Da legitimidade eleitoral contra a legitimidade revolucionária.”
A cerimónia desta segunda-feira enalteceu o papel de Jaime Neves – o primeiro capitão do quadro permanente a concluir o curso de Comandos – na operação militar, em que “ordenou sempre que não respondessem ao fogo. Sabia muito bem que se algo falhasse, o país poderia cair numa guerra civil”, salientou Carlos Moedas.
“Jaime Neves é um dos nossos maiores, um dos grandes, a quem devemos também a liberdade e a democracia, a quem um obrigado será sempre pouco, a quem devemos lembrar a sua memória. Em Lisboa continuaremos a cuidar dela, a cuidar da sua obra, para que a família tenha sempre orgulho e saiba sempre que todos os lisboetas que aqui hoje representam, que todos nós estamos a reconhecer Jaime Neves”.
Ramalho Eanes também não foi esquecido por Carlos Moedas que recordou: “a sua escolha foi um daqueles momentos em que compreendemos o adágio orteguiano de que o homem é ele e a sua circunstância. Mas quem estaria mais à altura daquela circunstância que o Senhor General? Porque naquele momento foi realmente um reflexo da consciência do povo português.”
No final da comemoração, Jaime Neves foi homenageado a título póstumo, com uma medalha evocativa entregue à viúva, Delfina Neves.