22 de Janeiro é Dia de S. Vicente

O dia 22 de janeiro marca mais um aniversário da morte de São Vicente, o santo que já foi o padroeiro de Lisboa e do Reino de Portugal, até ser substituído por Santo António, hoje imbatível na preferência dos lisboetas. Segundo reza a lenda, a relação do mártir espanhol com a capital portuguesa manifesta-se apenas no século XII, quando D. Afonso Henriques prometeu recuperar os restos mortais do Santo se conquistasse Lisboa aos muçulmanos.

São Vicente e Santo António são considerados padroeiros de Lisboa: O Santo António é o padroeiro principal da cidade e, por isso, o 13 de Junho é o feriado municipal. São Vicente é o padroeiro do Patriarcado de Lisboa, “que tem uma área geográfica quase até às Caldas da Rainha”, explica o Museu de Lisboa-Santo António.

“Quando as relíquias de São Vicente vieram para Lisboa no tempo de D. Afonso Henriques ficou o padroeiro, sendo que Santo António foi considerado padroeiro secundário de Portugal no século XX e é feriado municipal desde 1953, sendo padroeiro principal da cidade desde os anos 80”, acrescenta.

Reza a lenda que, no século IV, São Vicente foi torturado até à morte pelo imperador Diocleciano por recusar-se a oferecer sacrifícios aos deuses pagãos. Com a invasão muçulmana, os seus restos mortais foram colocados num barco à deriva que acabou por dar à costa em Sagres. Mais tarde, já no século XII, D. Afonso Henriques prometeu trazer para Lisboa as relíquias do santo, caso conquistasse a cidade, o que veio a acontecer em 1147. A promessa do rei foi cumprida em 1173 e conta-se que dois corvos protegeram a nau que trouxe as ossadas de São Vicente de Sagres para Lisboa, tornando-se em seguida padroeiro da cidade, e os corvos e a nau os símbolos do brasão de Lisboa.

Santo ligado à monarquia

“São Vicente nunca foi um santo muito popular. Havia uma grande devoção por parte dos moçárabes, mas sempre foi um santo mais ligado à família real e à igreja. E, por isso, era celebrado com umas cerimónias religiosas.

Ainda hoje em Lisboa continua a celebrar-se o São Vicente com umas cerimónias religiosas na Sé, a 22 de janeiro – é uma festa eminentemente religiosa e sempre foi assim. Já o Santo António foi sempre muito popular e bastante celebrado pelo povo na rua, já antes do terramoto havia a procissão do Santo António, que é uma procissão que ainda se realiza”, refere o Museu de Lisboa.

“É interessante que a família real nunca participava na procissão, normalmente vinham na véspera à Igreja de Santo António, mas na procissão de dia 13 só o povo é que participava. Já com o São Vicente havia a tal celebração oficial na qual a família real participava”.

Além do 13 de Junho, Santo António também chegou a ser celebrado em Lisboa a 15 de fevereiro, com a chamada festa da língua, uma data que deixou de ser marcada em 1834 com a extinção das ordens religiosas em Portugal. “Era uma celebração por causa da trasladação do corpo do Santo António, em que foi descoberta a sua língua incorrupta. Mas era uma festa religiosa, enquanto o 13 de Junho tem a ver com as festas populares”, ressalva.

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De acordo com o polo de Santo António do Museu de Lisboa, “São Vicente começa a perder visibilidade em 1640, com a Restauração e o final da união ibérica, pois o santo era espanhol. E aí, o Santo António começa a ter mais importância, porque é um santo de Lisboa, um santo português e, portanto, há esta rivalidade, digamos assim”.

NR: Artigo atualizado a 23/01/2024

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