A importância da vigilância na prevenção do HPV

O vírus do papiloma humano (HPV) é responsável por ser uma das principais doenças sexualmente transmissíveis, a nível mundial. Até 80% das pessoas sexualmente ativas adquirem infeção pelo HPV. A vacinação e a vigilância regular são fundamentais para prevenir os cancros associados a este vírus.

Assinalou-se no dia 4 de março, o Dia Internacional de Consciencialização
sobre o HPV (vírus do papiloma humano), que é responsável por um elevado número de infeções que, na maioria das vezes, não apresentam sintomas e são de regressão espontânea. Mas a médica Joana Cominho lembra que até 80% das pessoas sexualmente ativas são infetadas pelo HPV, em alguma fase da sua vida e sublinha que, embora nem sempre evolua para doença sintomática, o HPV é um dos principais fatores de risco para vários tipos de cancro, como o cancro do colo do útero, entre outros.

Em Portugal, em 2022, 897 mulheres foram diagnosticadas com esta doença. É precisamente para este risco que Joana Cominho, ginecologista-obstetra na Clínica CUF Miraflores, pretende alertar a população para os riscos deste problema de saúde prevalente na população.

A médica da Clínica CUF Miraflores refere que o HPV é responsável por uma das principais doenças sexualmente transmissíveis, a nível mundial e explica que a transmissão ocorre através do contacto direto com a pele ou mucosas da área genital. “Existem mais de 150 tipos de HPV, sendo que cerca de 40 têm capacidade para infetar o trato genital”, mas sublinha que, na maioria das vezes, a infeção pelo HPV é assintomática, ou seja, a pessoa infetada não apresenta qualquer sintoma, nem nenhuma lesão visível — menos frequentemente, poderá apresentar lesões, como, por exemplo, verrugas genitais. Ainda assim, mesmo sem sintomas, a pessoa infetada pode transmitir a doença.

Joana Cominho aproveita para lembrar os principais fatores de risco que poderão gerar as infeções: “Estudos apontam como principais fatores de risco associados ao HPV e à persistência da infeção a idade precoce da primeira relação sexual, o número de parceiros, o consumo de tabaco e a imunossupressão”, esclarece.

Clinicamente, o HPV é classificado como vírus de baixo risco ou de alto risco – com base na sua força da associação com o desenvolvimento de cancro. A infeção por HPV de alto risco, que persiste ao longo do tempo, é considerada o principal fator de risco para o desenvolvimento de cancro do colo do útero, e está igualmente associada a outros cancros (vagina, vulva, ânus, pénis, cabeça e pescoço).


Rastreio e vacinação

Para evitar males maiores, a médica aconselha o rastreio do cancro do colo do útero, “que pode ser feito através da realização de citologia ou teste de deteção do HPV, sendo este último atualmente mais utilizado, pela sua maior sensibilidade na deteção de lesões pré-malignas.”

Perante um resultado do teste alterado, ou suspeitas de deteção de anomalias, poderá ser indicado realizar uma colposcopia. “A colposcopia é imprescindível na prevenção secundária do cancro do colo do útero, sendo o único procedimento que permite identificar as lesões pré-malignas e dirigir a biópsia, de forma a obter a confirmação diagnóstica.”

Apesar de se saber que existe uma elevada taxa de eliminação do vírus espontaneamente, através da ação do sistema imunitário, a infeção pelo HPV, sendo uma doença tão prevalente e com um potencial impacto na saúde da população, apresenta uma importante forma de prevenção: a vacinação, reforça Joana Cominho. “Atualmente, a vacina está disponível contra nove tipos de HPV, com uma eficácia superior a 90% na prevenção das infeções. Assim, juntamente com a vigilância regular da saúde feminina, em consulta de ginecologia, é possível prevenir um número importante de doenças provocadas pelo HPV.”

Esta é uma das infeções de transmissão sexual mais comuns a nível mundial, que é, geralmente, transmitida por via sexual (sexo vaginal, anal ou oral), através do contacto com a pele ou com a mucosa. A vigilância médica regular e a vacinação são os dois fatores mais importantes para prevenir os cancros associados ao HPV.

 

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