Moedas considera que Expo Osaka 2025 constitui montra para a inovação produzida em Lisboa

Lisboa vai marcar presença na Expo Osaka 2025, no Japão, que arranca a 13 de abril. Associando-se a este megaevento, a câmara investiu 250 mil euros para levar Lisboa até Osaka, mas também para celebrar a cultura nipónica na capital ao longo de várias semanas.

Debaixo do chapéu do tema “Oceano­Diálogo Azul”, a presença de Portugal na Expo Osaka Kansai 2025 pretende cruzar o universo da Expo 98 com o passado histórico que ligou os dois países e projetar o momento atual enquanto país líder em políticas marítimas. Pretende ainda contribuir não apenas para um aprofundamento e consciência coletiva da importância de um oceano saudável, mas demonstrar que as parcerias estratégicas são fundamentais para fomentar a solidariedade global e promover o desenvolvimento de soluções que impactem positivamente o futuro da humanidade, diz o Município.

No âmbito da presença da cidade de Lisboa na Expo de Osaka 2025, uma exposição mundial onde se dá a conhecer o melhor de centenas de países, teve lugar, no dia 26 de março, no MUDE, a sessão de apresentação do programa “Lisboa em Osaka e Osaka em Lisboa”, presidida pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e que contou com a presença do ministro da Economia, Pedro Reis, do embaixador do Japão em Portugal, Ota Makoto, Joana Gomes Cardoso, comissária-geral de Portugal na Expo Osaka 2025, entre outros.

Mostrar Lisboa a “uma das maiores economias do mundo”

Moedas explicou que Lisboa aceitou o convite do Comissariado da Expo Osaka Kansai 2025 para estar presente, tendo em conta as relações antigas da cidade com o Japão e o potencial que o país representa, enquanto uma das maiores economias do mundo e um dos maiores centros de negócios na Ásia, sendo, também, uma oportunidade para reforçar as ligações nas áreas culturais, científicas e académicas e para apresentar as boas práticas de Lisboa à comunidade internacional.

Para Carlos Moedas, a presença de Lisboa na Expo Osaka 2025 vai espelhar a valorização da riqueza cultural da cidade num contexto internacional através das ligações com os seus equipamentos culturais, mas também a promoção de uma cidade contemporânea e que valoriza o potencial capital da inovação, criatividade e design.

“É com muito gosto que estamos aqui a apresentar aquilo que Lisboa vai levar a Osaka. Vamos levar a nossa história, a nossa cultura, a nossa inovação para mostrar numa das maiores economias do mundo”, declarou aos jornalistas no final da cerimónia.


O presidente de Câmara de Lisboa aproveitou a ocasião para enaltecer as virtudes e mais-valias geradas pela implementação dos unicórnios em Lisboa, que estarão a gerar riqueza para a cidade e a modernizar o tecido empresarial alfacinha, segundo Moedas. “Vamos ter oficinas que vão ligar o passado ao futuro, através da inovação, onde vamos trazer os nossos unicórnios, aquele é o grande projeto de futuro em Lisboa”, com empresas que estão instaladas em Lisboa e que “valem hoje mais de mil milhões de euros e que estão a construir o futuro da cidade, a desenvolver Lisboa”, e que “já criaram mais de 16 mil empregos em Lisboa” e trouxeram “mais 70 empresas” para Lisboa na área da tecnologia.

“Vamos estar na linha da frente, numa das maiores economias do mundo, a mostrar aquilo o que de melhor é feito em Portugal”, sustentou.

O autarca revelou que o Município “vai fazer um grande investimento, 250 mil euros”, para mostrar a cidade neste grande evento mundial, mas “também trazermos o talento japonês à cidade de Lisboa”.

Governo e Município a uma só voz

O ministro da Economia, Pedro Reis, frisou que o governo está empenhado em apoiar a presença de Portugal em Osaka, até porque as baterias governamentais na captação do investimento e das trocas comerciais estarão apontadas para o mercado asiático, para o Japão em particular.

“Fizemos questão de estar aqui presentes porque Osaka é muito importante na estratégia económica do Governo. Achamos que é uma oportunidade para mostrarmos ao Japão e ao mundo aquilo que se faz de inovador na economia portuguesa, quais são os setores que estão a ganhar tração, a nossa nova realidade (de inovação) que pode atrair mais investimento para Portugal”, mas também a oportunidade de mostrar o “mosaico que é hoje a economia portuguesa”, explicou o governante.

Pedro Reis diz que o governo está de braço dado com a autarquia lisboeta para promover a “marca” Portugal além-fronteiras. “Pretendemos fomentar o turismo, mas não só, através do trabalho da AICEP, no resto do mundo”, sustentou, concluindo: “O governo está, desde a primeira hora, a apoiar a presença portuguesa no Japão e lá estaremos a acompanhar o sr. presidente da Câmara na visita de maio para fazermos a apresentação e a proposta de Portugal como um todo.

Embaixador japonês “apoia” Portugal

Em declarações exclusivas ao Olhares de Lisboa, o embaixador do Japão em Portugal, Ota Makoto, enalteceu a “beleza” da cidade e fez questão de sublinhar as relações históricas entre os dois povos, lembrando as “marcas” culturais deixadas pelos portugueses ao longo de vários séculos de presença no país do sol nascente, nomeadamente os locais históricos relacionados com Portugal, como o Museu Namban BVNGO Koryukan, e o Hospital Almeida, nomeado em homenagem a Luís de Almeida, médico e missionário, que ainda hoje “é recordado” como uma figura “extraordinária” que deixou um legado científico e de humanismo no Japão imperial de antanho.

O diplomata nipónico acredita que a troca de experiências advinda da presença de Lisboa em Osaka e de Osaka em Lisboa vai “estreitar os protocolos de cooperação entre os dois países” em temas como o ambiente, e a importância da preservação do oceano, mas também a inovação tecnológica, pois Lisboa “é hoje uma cidade que produz inovação” e que essa mesma inovação precisa “de ser conhecida” no país asiático, sendo a Expo Osaka 2025 o ponto de partida para o estreitar das relações de amizade e de cooperação económica entre ambos os países.

“Esta Exposição é uma oportunidade para os dois países estreitarem, ainda mais, as boas relações existentes, que já são históricas. Não nos podemos esquecer que os portugueses deixaram connosco várias influências, que tanto se estenderam à culinária como à própria língua”, aponta Ota Makoto.

Cantar Portugal

Entre a primeira quinzena de maio e a segunda de junho, será desenvolvido um programa com uma série de iniciativas que celebram, não só a presença de Lisboa em Osaka, mas também a de uma cidade que se abre ao Japão e celebra a longa relação entre duas culturas que, apesar da distância, se unem.

O Programa Lisboa em Osaka, evocando alguns dos seus elementos mais identitários, envolve diversos equipamentos municipais da cidade como a Casa Fernando Pessoa, Museu de Lisboa, Museu do Fado, Museu Bordalo Pinheiro e Museu de Santo António. Destaque para o Fado e para a Guitarra Portuguesa, onde nomes como Ana Moura, Camané, Ricardo Ribeiro, José Manuel Neto e o grupo Alvorada, relembram e homenageiam os legados de Carlos Paredes e de Amália Rodrigues.

No Programa, cujos elementos identitários da cidade ganham vida através de diversas oficinas e de um filme de autoria do realizador Daniel Mota, promove-se ainda a Lisboa contemporânea que valoriza a criatividade e a inovação com a apresentação de uma instalação artística que reinterpreta a tradição dos biombos Namban e de um projeto de realidade virtual com a presença da Fábrica dos Unicórnios.

Com a participação do MUDE, Museu do Design, que, 55 anos depois da Exposição Universal de OSAKA, convida um conjunto de designers a refletirem sobre a icónica “cadeira Osaka”; do Museu Bordalo Pinheiro que, numa exposição conjunta com a Casa da Ásia, aborda a influência do japonismo na sua obra artística; do Cinema São Jorge, com um ciclo de cinema japonês; e da Casa Fernando Pessoa, com uma apresentação de poetas contemporâneos japoneses.

O mar no centro do mundo português

O evento vai durar seis meses, de 13 de abril a 13 de outubro de 2025, totalizando 184 dias em que as atenções do mundo estarão voltadas para este megaevento nipónico. Portugal marca presença com as delegações de Lisboa, Porto e Évora, entre outras.

O Pavilhão de Portugal, cujo tema central é a ligação de Portugal aos oceanos, envolvendo na sua construção elementos como redes e cabos marítimos reciclados, será a sede da participação portuguesa na Expo e acolherá uma exposição permanente que destaca as relações de Portugal com o mar, criada especialmente para este contexto. A loja do Pavilhão terá diversos produtos de marcas portuguesas, um restaurante dedicado à promoção da gastronomia nacional, uma zona de atuações performativas e um espaço preparado para acolher exposições e eventos de cariz temporário, revela o Turismo de Portugal.

Fotos : CML | Ana Luísa Alvim

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