Lançamento da primeira pedra da construção da passagem pedonal superior no Dafundo marca a reversão de um processo que estava “enguiçado”. Isaltino Morais explicou que nem sempre os atrasos das obras são aquilo que parecem.
As obras da construção da passagem pedonal superior no Dafundo arrancaram a 5 de março, num investimento que ascende a 2,5 milhões de euros, mas o Executivo Municipal de Oeiras deslocou-se em peso para fazer o lançamento oficial da primeira pedra da obra no dia 21 de abril, na reta do Dafundo, junto à Marginal, na Cruz-Quebrada.
Esta obra, cujo investimento previsto é de 2.5 milhões de euros, era há muito desejada pela população, uma vez que permitirá ligar o Passeio Marítimo de Algés e a Alameda Hermano Patrone com uma passagem superior à linha ferroviária.
A intervenção terá a duração de um ano e irá causar algumas restrições de trânsito, devidamente sinalizadas, principalmente entre o edifício do Burger King de Algés e o Aquário Vasco da Gama, no Dafundo.
A passagem será composta por um troço horizontal de 68 metros de comprimento, sustentado por duas vigas treliçadas, estando previstas escadas em ambas as extremidades e elevadores.
A infraestrutura também pretende resolver o congestionamento que se verifica anualmente em julho durante o Festival NOS Alive, que se realiza no Passeio Marítimo de Algés, apresentando-se assim como alternativa ao túnel da estação ferroviária.
Dia “histórico” para Algés
Debaixo de uma chuva torrencial, o presidente da Câmara de Oeiras lembrou que a obra era há muito aguardada pelos munícipes de Algés, qualificando o momento como algo “histórico” para essa parte do território.
Isaltino Morais descreveu o lançamento como uma medida importante para colmatar uma “promessa” com quase duas décadas. O autarca realçou que a passagem pedonal por cima da linha ferroviária, uma estrutura que permitirá circular entre o Passeio Marítimo de Algés e a Alameda Hermano Patrone, na União de Freguesias de Algés, Linda-a-Velha e Cruz Quebrada/Dafundo, vai dar uma nova vida ao lado da freguesia junto ao rio.
E anunciou ser objetivo do Município requalificar a área com “muitos bancos” para que a população possa usufruir de um novo espaço de atividades ao ar livre. A infraestrutura terá um impacto significativo para os amantes das atividades ao ar livre, especialmente na zona marginal, que é um local privilegiado para atividades desportivas e de lazer. “As pessoas vão poder deliciar-se com a paisagem à beira rio e todo um novo espaço que vai nascer na frente ribeirinha”, garantiu Isaltino Morais.
Além disso, será fundamental para aqueles que desejam deslocar-se de forma mais sustentável em curtas distâncias, optando por caminhar em vez de utilizar o automóvel, destacou o edil.
Justificações para o “enguiço” da obra
O autarca aproveitou para justificar o “enguiço” da obra da passagem pedonal de Algés com as múltiplas vicissitudes ocorridas nos últimos anos, que atrasaram – ou impediram – o seu arranque.
“Este projeto foi idealizado entre 2017 e 2021. O lançamento desta primeira pedra tem um significado especial. Esta obra foi aquela que mais morosidade teve no concelho e é talvez das mais desejadas em Algés. Esta obra parecia estar enguiçada. O projeto demorou muito tempo e coincidiu com o período do Covid.”
Depois de lançado um primeiro concurso, em 2021, o preço base foi de 1,6 milhões de euros, mas nenhum construtor aceitou. “Importa lembrar que, por vezes, as obras se arrastam por vicissitudes várias, pela burocracia, que tem de ser cumprida, que atrasam a sua conclusão.
Por exemplo, lançamos um concurso para uma obra, mas rebenta a guerra na Ucrânia e os preços dos materiais disparam, fazendo com que os empreiteiros atualizem os preços; ou acontece o Covid e falta o ferro ou o aço. Ou seja, acontecem situações externas que implicam com os preços.
Acontece que, muitas vezes, a obra esteja adjudicada, mas, de repente, parou tudo. Os cidadãos questionam-se com os atrasos, mas há razões que nos ultrapassam. Muitas vezes, perante os condicionantes, os críticos começam a dizer que a obra ‘resvalou’, mas esquecem-se das condicionantes que obrigam a rever os preços para que as obras avancem”, defendeu.
E acrescentou que, o primeiro concurso desta obra, em 2021, com 1,6 milhões de euros, “ficou deserto, ninguém concorreu”. Passados uns meses, narrou Isaltino Morais, foi lançado novo concurso público, por um valor de 2,200 milhões de euros. A obra foi adjudicada a um construtor, mas passado pouco tempo o empreiteiro disse que não conseguia fazer a obra. Em 2024, “o Município foi persistente e lançou novo concurso, desta feita, com um orçamento de 2,5 milhões de euros. Finalmente, a empresa RESSA SA, aceitou fazer a obra”.
Perante o sucedido, Isaltino Morais pediu ao atual construtor “que não desista”, mas anotou que, desta feita, os munícipes de Oeiras vão mesmo poder usufruir de um novo espaço de lazer na margem do Tejo, até porque a construção já arrancou.
Usufruto do Festival só para o ano
O investimento totaliza aproximadamente 2,5 milhões de euros e a passagem será composta por um troço horizontal de 68 metros de comprimento, sustentado por duas vigas treliçadas, por 4 de largura. Estão previstas escadas em ambas as extremidades e elevadores. Além de ser essencial no dia a dia, a infraestrutura também pretende resolver o congestionamento que se verifica anualmente durante o Festival NOS Alive, que se realiza no Passeio Marítimo de Algés.
Isaltino Morais ressalvou que as obras “já não vão a tempo” para que os “festivaleiros” da edição do NOS Alive 2025 possam usufruir das comodidades desta nova estrutura, mas pediu ao empreiteiro para “apressar” a obra a tempo de ser inaugurada em março de 2026.
Papa Francisco lembrado
Em comentário à margem da iniciativa, o presidente da Câmara de Oeiras mostrou-se solidário com os crentes católicos. Num dia de pesar pela morte do Papa Francisco, Isaltino Morais lembrou a presença do sumo pontífice em Oeiras, por ocasião das Jornadas Mundiais da Juventude, e anunciou “ser um dia triste” causado pela partida de um “homem bom” e que estabelecia “pontes” de diálogo entre todos.
“O Papa Francisco esteve aqui connosco. Esse dia foi muito especial para todos. Não queria deixar de lembrar que o Papa Francisco foi um verdadeiro sumo pontífice, que tentou fazer a paz no mundo.”