O presidente da Câmara de Lisboa assegurou esta terça-feira que o plano de emergência municipal funcionou em termos de comunicações no apagão. O Bloco de Esquerda quer mais esclarecimentos e pede reunião extraordinária para apurar as causas das “falhas” da CML.
Carlos Moedas marcou hoje uma conferência de imprensa nos Paços do Concelho para fazer o balanço do corte de eletricidade total que afetou, na segunda-feira, a Península Ibérica e parte do território francês.
O autarca começou por referir que o dia 28 de abril ficará para a história da cidade como “um dia muito difícil”, mas aproveitou para saudar a “resiliência dos lisboetas”.
Segundo Carlos Moedas, a CML “soube responder desde a primeira hora” e “esteve na rua” a acompanhar os acontecimentos. E informou que as ruas da capital puderam contar com o apoio de 300 operacionais do Regimento de Sapadores Bombeiros, da Polícia Municipal, da Proteção Civil, dos Bombeiros Voluntários e funcionários das juntas de freguesia.
E informou que, em casos extremos, a CML dispõe de telefones satélites, que só funcionam na rua, para estabelecer contacto com as autoridades de Proteção Civil e até com o Governo.
Combustível para os hospitais
Foi realizado primeiro um contacto “diretamente através dos hospitais por volta das 15h00, 16h00”, mas depois Carlos Moedas recebeu um telefonema dos ministros Adjunto e da Coesão Territorial, Castro Almeida, e da Economia, Pedro Reis, sobre os combustíveis e as unidades de saúde.
O edil explicou aos jornalistas que o Município de Lisboa, ao ser a principal cidade do país, tinha a situação sob controlo. “Nós sabíamos que era prioritário na cidade – e mesmo a nível europeu – temos grandes reservas, seja de água, seja de combustível, e, portanto, temos aqui uma grande responsabilidade acrescida e fizemos, em nome, neste caso, do Governo, o que muitas outras instituições também no país fizeram”, explicou.
O presidente da câmara avançou ainda que foram resolvidas “quase 200 ocorrências na cidade” diretamente relacionadas com o apagão, mas sem vítimas a lamentar.
“Muitas destas ocorrências foram de pessoas que ficaram fechadas em elevadores e isso foi resolvido durante a tarde, as pessoas estiveram com ajuda desde a primeira hora e foi resolvido”, salientou.
Carlos Moedas sustentou que foram recebidos “diversos pedidos de combustível para alimentação de geradores de unidades hospitalares”, tendo sido fornecidos “mais de 3.500 litros” a diversas estruturas hospitalares, como São Francisco Xavier, São José, de Dona Estefânia, Capuchos, Curry Cabral, Maternidade Alfredo da Costa, Instituto do Sangue, SAMS, Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa e um Centro de Hemodiálise.
Plano interno de emergências “funcionou”
O presidente da Câmara alfacinha recordou as cheias de 2020, e a necessidade de vários serviços da cidade atuarem em situação de emergência, sublinhando que foram os ensinamentos trazidos dessa experiência que fez na segunda-feira “cada um saber qual era o seu papel” e saber para onde se tinha de dirigir.
“Na altura, com as equipas, decidimos iniciar algo de muito diferente, um Centro de Operações e de Emergência em Monsanto, esse centro foi aquilo que desta vez respondeu imediatamente. Nós sabíamos todos aquilo que tínhamos de fazer. Eu, como presidente da Câmara, sabia que tinha de me meter no carro e tentar chegar a Monsanto”, contou.
No local, acrescentou, “já estava o Regimento de Sapadores Bombeiros e a Proteção Civil e a Polícia Municipal estava a caminho. Com cada uma destas crises, de facto, e temos vivido momentos difíceis, vamos sempre melhorando aquilo que é o trabalho da câmara”, disse.
Questionado sobre ter sido considerada a ativação do plano de emergência ou da situação de alerta, Carlos Moedas respondeu que esteve “sempre tudo sob controlo”, porque havia o Centro de Operações de Emergência e, como tal, “o plano interno de emergência funcionou desde a primeira hora”.
“A partir daí, estava resolvido, dependendo do tempo. Nós não sabíamos se isto ia demorar um dia, se ia demorar horas e aí poderíamos ter de ter algum alerta municipal ou algum outro plano, mas o plano que temos funcionou e eu penso que isso pode dar muita segurança aos lisboetas”, frisou.
Carris abriu as portas dos autocarros
Carlos Moedas enalteceu o papel de todos os trabalhadores da Câmara Municipal, das juntas de freguesia e a todos os operacionais que estiveram na rua, proteção civil municipal, bombeiros, polícia municipal e trabalhadores da Carris.
“Fomos nós, Câmara Municipal de Lisboa, que conseguimos garantir o transporte dos lisboetas. Eu penso que a Carris teve aqui um papel incrível, porque sem a Carris os lisboetas não tinham sido transportados”, sublinhou Carlos Moedas, lembrando ter dado ordem para que fosse gratuita a entrada nos autocarros para as pessoas “poderem entrar sem terem preocupação”.