Isaltino Morais e chefe do Estado Maior do Exército inauguraram a exposição “Sentir a Revolução”

O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, e o chefe do Estado Maior do Exército português, general Eduardo Mendes Ferrão, inauguraram a exposição “Sentir a Revolução”, no âmbito das comemorações dos “50 anos do 25 de abril de 1974 – o dia em que Portugal mudou”, no dia 10 de abril, no Centro Cultural Palácio do Egipto, em Oeiras.

Os dois responsáveis caminharam lado a lado para visitar a mostra “Sentir a Revolução”, que leva os visitantes pelo ambiente e sons dos acontecimentos que conduziram Portugal ao 25 de abril de 1974. Mas, antes da visita à exposição, a comitiva pôde observar alguns dos veículos militares que estiveram no epicentro da Revolução de Abril, três dos veículos mais carismáticos da coluna militar do 25 de Abril, nomeadamente, uma Chaimite, uma Berliet Tramagal e um Mercedes Unimog, que “estacionaram” na Rua Comandante Cordeiro Castanheira, junto ao antigo Quartel dos Bombeiros de Oeiras.

A exposição revisita os momentos mais marcantes do “antes” e do “depois” dos acontecimentos que levaram à queda do regime totalitário de extrema-direita, então liderado por Marcelo Caetano. Desde a longa repressão do Estado Novo, à Primavera Marcelista, sobrevoando a guerra em África e apresentando as questões corporativas dos oficiais milicianos que serviram de gatilho à saída dos militares para a rua, alimentados pela sede de liberdade e a queda de um regime brutal que mantinha Portugal no “clube” dos países repressivos, na cauda da Europa.

Durante a visita, foram recordados alguns episódios vividos por Isaltino Morais no Estado Novo, como o embarque para a Guerra Colonial, mas também momentos mais caricatos, como a história de um comunista, “um comunista do PCP”, reiterou, que, ao avistar uma fotografia do ditador Salazar num determinado edifício público, “se benzeu” para afastar o mau-agoiro, recordou o presidente da Câmara de Oeiras.

“Valor absoluto da liberdade”

No discurso de encerramento da visita, que contou com vários militares e também com muitos munícipes, Isaltino Morais começou por anotar que Oeiras vai celebrar os 50 anos do 25 de Abril durante 2 anos, e lembrou a importância do “valor absoluto” da liberdade, ainda para mais nos dias que correm, em que a geopolítica se tornou numa grande “incerteza” dos caminhos que possam conduzir a experiências totalitárias, à espreita em vários países da Europa e no resto do mundo – não citou nenhum país em concreto.

Dirigindo-se à plateia, constituída maioritariamente por pessoas com mais de 50 anos, o autarca sustentou que a exposição tem um papel “fundamental” para lembrar que a liberdade “não é um bem adquirido” e que tudo pode mudar de um momento para o outro se as novas gerações não tiverem consciência da sua importância e daquilo que é necessário para a manter em vigor.

 

Escolas de Oeiras irão visitar exposição

O edil revelou que o Município não quer que os mais novos “passem ao lado” dos acontecimentos históricos que marcaram a entrada numa nova era de esperança em Portugal e anunciou que vai incitar as escolas de Oeiras a trazerem os seus alunos em visitas de estudo à exposição.

Dirigindo-se aos militares, o presidente da Câmara de Oeiras lembrou que o concelho tem uma relação umbilical com a instituição militar e aproveitou para homenagear os militares das Forças Armadas que derrubaram o antigo regime, saudando a coragem e a tenacidade dos militares de Abril.

De resto, Isaltino Morais continua a acreditar no papel das Forças Armadas no país e no mundo, até porque “a incerteza dos tempos assim o obriga”, e enalteceu o “profissionalismo e capacidade ímpar” das missões militares que várias companhias lusitanas têm levado a cabo em variados cenários do planeta, integradas nas missões da ONU.

O presidente da Câmara de Oeiras e o chefe do Estado Maior do Exército português, general Eduardo Mendes Ferrão, assinaram um protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Oeiras e o Exército português no âmbito das celebrações do 25 de Abril no concelho.

“Um legado que não pode ser esquecido”

O general Eduardo Mendes Ferrão mostrou-se “honrado” pela celebração do referido acordo e lembrou que o 25 de Abril “foi um dos momentos mais felizes” da história de Portugal. Foi, acima de tudo, um “movimento de coragem e abnegação”. Os militares, diz o chefe máximo do exército, fizeram um movimento de revolta “em nome dos direitos fundamentais e da dignidade humana”. De resto, a instituição castrense “esteve, desde sempre, ao serviço dos valores mais dignos da sociedade democrática”.

Para o general, a exposição representa um “legado que não pode ser esquecido”, permitindo que a história “seja sentida, compreendida e transmitida às gerações futuras”.
Eduardo Mendes Ferrão concluiu, sublinhando que a liberdade “não se construiu num só dia” e que importa “continuar vigilante” para que os valores da liberdade não se desmoronem com os ventos (e os perigos) “antidemocráticos” que sopram de vários quadrantes. O militar defendeu que a instituição continua “inabalável” a pugnar pela construção de um país de valores de “cidadania ativa, justiça, liberdade e solidariedade”.
O chefe do Estado-Maior do Exército lembrou que “devemos aprender com o passado” e não deixar de lutar pela preservação do bem supremo da democracia.

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