Vasco Lourenço diz que o cancelamento das celebrações do 25 de Abril “ofende” a memória do sumo pontífice

O governo anunciou que não vai participar nas celebrações “festivas” do 25 de Abril pelo cumprimento do luto do Papa Francisco. Vasco Lourenço, da Associação 25 de Abril, considera que esta medida “ofende” a memória do sumo pontífice, que “era um homem de Abril”.

Após o Conselho de Ministros, no dia 23 de abril, que aprovou o decreto do luto nacional de três dias pela morte do Papa Francisco, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, anunciou que o Executivo cancelou a presença dos governantes na “agenda festiva” do 25 de Abril, justificando que a legislação aplicável ao luto nacional prevê restrições e limitações, como a “reserva relativamente às celebrações”.

Em conferência de Imprensa, Leitão Amaro, sem dar mais detalhes sobre o tipo de reserva a que instituições públicas como autarquias devem estar sujeitas, afirmou que o Governo adiou os “momentos festivos” relativamente às celebrações da Revolução dos Cravos para uma “data subsequente” e que os membros do governo cancelaram todos os eventos da agenda de natureza festiva, como inaugurações e celebrações.

Iniciativa “Um dia com o primeiro-ministro” foi adiada

Um dos eventos suspensos ou adiados foi a já tradicional festa que decorreu no jardim da residência oficial do primeiro-ministro, que costuma abrir as portas para várias atividades e concertos na tarde de dia 25. Segundo o gabinete do ministro da Presidência, esse é um exemplo de evento que não foi cancelado, mas adiado, sendo que ainda não tem data definida para ocorrer.

“Comunicámos às entidades organizadoras, e estamos a comunicar, garanto que todos até este momento já o tenham feito, (…) que não participaremos nesses eventos de celebração neste período, que é um período de consternação e de homenagem sincera e profunda”, justifica.

Sessão solene no Parlamento mantém-se

Relativamente à realização da habitual sessão solene do 25 de Abril no Parlamento, Leitão Amaro sublinhou que a Assembleia da República “é um órgão autónomo” e que o Governo marcará presença nessa cerimónia.

 

Câmara de Sintra cancelou celebrações

A Câmara Municipal de Sintra seguiu os passos do governo e decretou que, “devido ao luto nacional decretado entre os dias 24 e 26 de abril”, as celebrações do 25 de Abril “foram canceladas”.

A tradicional cerimónia de hastear da bandeira, nos Paços do Concelho, não se realizará conforme previsto, tendo sido cancelada.

Já os espetáculos programados no Centro Cultural Olga Cadaval, comemorativos do 25 de Abril, entre os dias 24 e 26 de abril, foram adiados.

O concerto, já esgotado, dos “The Black Mamba”, originalmente marcado para o dia 25, foi reagendado para o dia 28 de abril, às 21h00.

Já a peça “Florbela, Florbela” será apresentada no dia 2 de maio, às 21h00.
Contudo, algumas ações mantêm-se, como a exposição que marca o centenário de Mário Soares, “O Humor é Fixe! – As Caricaturas de uma Vida”, que vai estar patente na zona pedonal da Avenida Heliodoro Salgado, em Sintra, entre 25 de abril e 20 de junho, mas não “haverá inauguração formal”.

Papa Francisco “era um homem de Abril”

O presidente da Associação 25 de Abril, o coronel Vasco Lourenço, não concorda com os cancelamentos e considera que esta posição do governo “ofende” o Papa Francisco.
Em declarações à Antena 1, Vasco Lourenço sublinhou que “tanto quanto sabe” a Assembleia da República “parece que vai participar, apesar de não intervir”, mas, por outro lado, o governo “não tinha nenhuma atividade específica nas comemorações do 25 de Abril.”

O coronel e líder da associação que pugna pelo não apagar da memória dos valores de Abril, diz que esta atitude do Executivo de Montenegro vai contra aquilo que era o pensamento (e a ação) do Papa.

“Eu respeito muito o Papa Francisco. Considero que era um homem de Abril. Cancelar uma festa a favor da Liberdade, dos direitos humanos, é ofender o Papa Francisco, não é homenagear”, considerou.

“Isto fala quem admirou e admira muito o Papa Francisco, não sendo católico praticante”, admitiu.

Segundo informação veiculada pela Lusa, Vasco Lourenço revelou que o tradicional desfile do 25 de Abril na capital vai manter-se, apesar do decretar dos três dias de luto pela morte do Papa, sendo esperados milhares de manifestantes na Avenida da Liberdade.

Foto de capa: Associação 25 de Abril

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