A.D. reforça maioria, mas não garante estabilidade

As eleições legislativas em Portugal representaram um autêntico terramoto político, pondo termo ao tradicional bipartidarismo que caracterizou a democracia portuguesa nas últimas décadas.

O Juntos Pelo Povo (JPP), da Madeira, vai estrear-se no Parlamento nacional, elegendo um deputado, e a confirmação da força do Chega, grande vencedor das eleições, são fenómenos sem precedentes na política nacional, simbolizando um claro descontentamento com as forças tradicionais e um apetite por novas soluções políticas. O grande derrotado foi Pedro Nuno Santos que já pediu a demissão, o que poderá facilitar acordos de incidência parlamentar entre a A.D. e o PS.

O povo é quem mais ordenou, e a decisão foi esta: Tudo como dantes, “quartel-general em Abrantes”. Ou seja, o Governo de Montenegro vai manter-se e, provavelmente, vai formalizar acordos parlamentares com o PS e IL para manter a estabilidade governamental. Contudo, para as bandas do Largo do Rato, sede do PS, a demissão de Pedro Nuno Santos pode facilitar acordos de incidência parlamentar entre a AD e o PS.

A AD venceu com 32%. O PS conseguiu mais votos, mas elegeu os mesmos deputados que o Chega, mas os círculos da emigração podem ditar um desempate a favor do Chega. Em percentagem de votos, o PS ficou à frente com 23,38% e o Chega com 22,56%. IL alcançou mais um mandato e o Livre mais dois. Bloco ficou só com Mortágua e PAN reelegeu Sousa Real.

A nível nacional, os resultados foram os seguintes: AD – 32,72% (89 Deputados); PS – 23,38% (58 Deputados); CH – 22,56% (58 Deputados); IL – 5,53% (9 Deputados); Livre – 4,2%; (6 Deputados); CDU – 3,03% (3 Deputados); B.E. – 2% (1 Deputados); PAN – 1,36% (1 Deputados); e JPP – 0,34 % (1 Deputado).

Votação na AML

Os resultados foram ligeiramente diferentes na Área Metropolitana de Lisboa, composta por 18 municípios das margens norte e sul do Rio Tejo (nos círculos eleitorais de Lisboa e Setúbal), nomeadamente Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Sintra e Vila Franca de Xira,

Num primeiro olhar, Lisboa salvou o PAN e Bloco de Esquerda de perderem por completo a representação no Parlamento. Assim, no distrito de Lisboa, a AD obteve 28.47% (15 Deputados); PS – 23.68% (12 Deputados); CHEGA – 20.86% (11 Deputados); IL – 7.63% (4 Deputados); LIVRE – 6.87% (3 Deputados): CDU – 3.57% (1 Deputado); BE – 2.35% (1 Deputado); PAN – 1.84% (1 Deputado).

Os distritos laranja, as vitórias do Chega, a queda do bastião da esquerda: conheça o vencedor em cada distrito

Bastião da esquerda — que só em 1991 perdeu o distrito —, Setúbal terminou com seis deputados eleitos para o Chega, que venceu o distrito. O PS perdeu dois deputados face a 2024, passando para cinco, o mesmo número de mandatos do que a AD. CDU, Livre e IL garantiram um deputado cada.

Foram eleitos pelo círculo eleitoral de Setúbal os seguintes deputados: Rita Matias, Patrícia Carvalho, Nuno Gabriel, Daniel Teixeira, Cláudia Estevão e Ricardo Reis (Chega), António Mendonça Mendes, Eurídice Pereira, André Pinotes Batista, Margarida Afonso e Carlos Pereira (PS), Maria Teresa Morais, Paulo Ribeiro, Bruno Vitorino, Sónia dos Reis e António Pedro Roque (AD), Paula Santos (CDU), Paulo Muacho (Livre) e Joana Cordeiro (IL).

CONCELHOS DA AML NO CÍRCULO ELEITORAL DE LISBOA

Amadora
PS – 28,83%; AD – 23,99%; CH – 21,20%; Livre – 6,34%; IL – 6,05%; CDU – 4,06%; B.E. – 2,73%; PAN – 1,90%.
Cascais
AD – 34,57%; PS – 19,98%; CH – 19,15%; IL – 9,10%; Livre – 6,24%; CDU – 2,39%; PAN – 1,97%.
Lisboa
AD – 31,65%; PS – 23,30%; CH – 14,53%; IL – 9,40%; Livre – 9,27%; IL – 9,27%; PCP-PEV – 3,67%; B.E. – 2,69%; PAN – 1,68%.
Loures
PS – 26,28%; CH – 24,31%; AD – 23,79%; IL – 6,23%; Livre – 5,42%; CDU – 4,92%; B.E. – 2,14%; PAN – 1,85%.
Mafra
AD – 31,62%; CH – 22,92%; PS – 19,12%; IL – 8,25%; Livre – 6,22%; PCP-PEV – 2,16%; B.E. – 2,00%; PAN – 1,90%.
Oeiras
AD – 33,40%; PS – 23,38%; CH – 13,51%; IL – 9,68%; Livre – 8,34%; CDU – 3,05%; B.E. – 2,22%; PAN – 1,98%
Odivelas
AD – 25,77%; PS – 25,52%; CH – 24,42%; IL – 6,84%; Livre – 5,75%; CDU – 3,08%; B.E. – 2,01%; PAN – 1,85%.
Sintra
CH – 26,07%; AD – 24,78%; PS – 23,81%; IL – 6,48%; Livre – 5,99%; CDU – 3,14%; B.E. – 2,49%; PAN – 2,10%.
Vila Franca de Xira
CH – 22,92%; PS – 19,12%; IL – 8,25%; Livre – 6,22%; PCP-PEV – 2,16%; B.E. – 2,00%; PAN – 1,90%.
CONCELHOS DA AML NO CÍRCULO ELEITORAL DE SETÚBAL
PS – 26,28%; AD – 22,90%; CH – 21,54%; Livre – 7,24%; CDU – 6,72%; IL – 5,94%; B.E. – 2,81%; PAN – 2,12%.
Alcochete
AD – 25,76%; CH – 25,29%; PS – 20,94%; IL – 8,00%; Livre – 6,83%; PCP-PEV – 5,18%; B.E. – 2,25%; PAN – 1,50%.
Barreiro
PS – 30,21%; CH – 23,68%; AD – 16,16%; PCP-PEV – 10,20%; Livre – 6,01%; IL – 4,23%; B.E. – 2,77%; PAN – 1,94%.
Moita
CH – 31,75%; PS – 25,51%; AD – 14,56%; PCP-PEV – 10,57%; Livre – 4,18%; IL – 3,78%; B.E. – 3,05%; PAN – 1,86%.
Montijo
CH – 31,41%; AD – 23,72%; PS – 20,69%; IL – 6,90%; Livre – 5,25%; PCP-PEV com 3,88%; B.E. – 2,14%; PAN – 1,72%.
Palmela
CH – 30,30%; PS – 21,21%; AD – 21,14%; Livre – 6,07%; IL – 5,99%; PCP-PEV – 5,68%; B.E. – 2,64%; PAN – 2,03%.
Seixal
CH – 26,02%; PS – 25,54%; AD – 20,98%; PCP-PEV – 6,92%; IL – 5,91%; Livre – 5,77%; B.E. – 2,45%; PAN – 1,82%.
Setúbal
CH – 27,28%; PS – 24,07%; AD – 22,51%; PCP-PEV – 5,89%; IL – 5,74%; Livre – 5,60%; B.E. – 2,72%; PAN – 1,92%.
Sesimbra
CH – 31,01%; PS – 22,29%; AD – 21,39%; IL – 5,70%; Livre – 5,40%; PCP-PEV – 5,03%; B.E. – 2,46%; PAN – 1,85%

Deixem o Luís trabalhar

Montenegro, no seu discurso de vitória, exigiu “sentido de Estado” às oposições, lembrando que “todos devem ser capazes de dialogar”, porque “O Luís precisa de trabalhar”.

“Os portugueses não querem eleições antecipadas. Os portugueses querem uma legislatura de quatro anos e exigem a todos que percebam e respeitem a sua palavra livre e democrática”, defendeu Luís Montenegro.

“As oposições devem respeitar a vontade popular, honrando os seus compromissos, mas adequando-os às circunstâncias nacionais e coletivas. Espera-se sentido de Estado, responsabilidade, respeito pelas pessoas e espírito de convivência na diversidade”. Mais um recado de Montenegro para os partidos que perderam estas eleições.

“O povo quer este Governo e não quer outro. O povo quer este primeiro-ministro e não quer outro. O povo quer que este Governo e primeiro-ministro dialoguem com as oposições; mas o povo também quer que as oposições dialoguem com este Governo e com este primeiro-ministro”, salientou.

Notícia Atualizada pelas 21:10 horas de 21/10/2025

 

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