Criminalidade denunciada em Lisboa desceu quase 10%, afirma o comandante da PSP Paulo Morgado.

O comandante da 5.ª Divisão da PSP de Lisboa apresentou números que contrariam aqueles que dizem que haverá uma perceção de insegurança na capital. Paulo Morgado revelou que a criminalidade denunciada apresenta uma “tendência de descida” de quase 10 por cento.

No dia 22 de maio, a Junta de Freguesia de Avenidas Novas promoveu um debate sobre Segurança Urbana, numa unidade hoteleira de Lisboa, e contou com a presença de um painel de oradores que debateram os números do crime em Lisboa, mas também as fórmulas para os evitar.

De acordo com o presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas, o objetivo da conferência passou por juntar especialistas, representantes de entidades públicas e a comunidade local para refletir sobre a segurança na freguesia.

Durante o encontro, foi sublinhado que a segurança da freguesia e dos fregueses é prioritária para Daniel Gonçalves, presidente da Junta, pois assume que mantém uma relação de “proximidade exemplar” com a Polícia de Segurança Pública e está em contacto permanente com as autoridades que atuam nas Avenidas Novas.

Para o autarca, promover o diálogo entre fregueses e forças de segurança “é essencial”, uma vez que fortalece a confiança mútua e “torna a nossa comunidade mais segura para todos”.

“Tendência de descida”

Paulo Morgado, subintendente e comandante da 5.ª Divisão da PSP de Lisboa, apresentou os números da evolução da criminalidade denunciada, dados relativos aos últimos 10 anos.
Segundo o oficial da PSP, a criminalidade no distrito de Lisboa tem registado “uma tendência de descida”, tendo diminuído “9%” comparativamente ao período anterior. Quanto à criminalidade grave, registou-se uma “descida de 40%”.

Nas Avenidas Novas, por seu turno, a descida “ainda foi maior” do que “no distrito de Lisboa”, registando-se um decréscimo de crime denunciado de “10,5%”, revelou Paulo Morgado, acrescentando que a criminalidade grave ocorrida nesta freguesia central de Lisboa “teve uma descida muito acentuada”, de “56,25%”.

Policiamento de visibilidade

Na visão do comandante da PSP, estes números, que podem surpreender alguns, admitiu, estão intimamente relacionados com o policiamento de visibilidade, isto é, patrulhamento de rua, levado a cabo pelas patrulhas da PSP conjuntamente com a Junta de Freguesia.

Paulo Morgado admitiu que, por vezes, a população não tem “a perceção de segurança” indicada pelos números, mas clarificou que é justamente para inverter esta “sensação” de insegurança que há um pacto de colaboração entre a polícia e autarquia, aumentando o policiamento de visibilidade que tem como objetivo “aumentar a perceção de segurança” nas ruas das Avenidas Novas.

O subintendente asseverou ainda que a PSP tem bem presente que o Alto do Parque, no Parque Eduardo VII, tem um problema relacionado com a prostituição, mas que as forças de segurança estão de mãos atadas, porque há “uma ausência de regulamentação” que dificulta a ação da PSP – a prostituição não é considerada crime.

Paulo Morgado acredita que o trabalho da polícia deve ser “preventivo” mais do que propriamente de combate ao crime. O responsável diz, em suma, que o trabalho de uma polícia de visibilidade, aliada com as autarquias, escolas, comércio local, entre outras, cria uma rede de segurança que acaba por dissuadir o crime nas cidades.

O oficial aproveitou para pedir que as pessoas, os comerciantes, todos aqueles que vivem a cidade, para não se retraírem na hora de “sinalizar” algum crime de que tenham sido vítimas ou tenham presenciado, entrando imediatamente em contacto com as esquadras da PSP.

Segurança “é responsabilidade de todos”

O ex-operacional da Polícia Judiciária André Inácio, que atualmente é vice-presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), lembrou que, em 2050, 1/3 da população mundial vai estar concentrada nas cidades.

Este deslocamento massivo das pessoas para os meios urbanos, segundo André Inácio, vai acarretar uma sobrepopulação nas cidades e o presumível aumento da criminalidade.
Para que este cenário negativo não se concretize, o perito em segurança defende que a “polis” deve estar bem cuidada, com os equipamentos públicos a funcionar em pleno, com espaços bem iluminados e as ruas limpas, para que as crianças que habitam nas cidades “cresçam em harmonia” num ambiente “seguro”, para não haver medos infundados ou falsas perceções de insegurança, “alimentadas pelas redes sociais e alguns jornais” mais sensacionalistas.

André Inácio defende que a “indiferença (dos cidadãos)” é o rastilho da criminalidade, pois, perante a apatia (ou o medo), os crimes passam impunes. “A segurança pública é responsabilidade de todos. É só denunciar e sinalizar os crimes que vemos acontecer à frente dos nossos olhos”, sublinhou.

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