Marcelo Rebelo de Sousa visitou Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas

O Presidente da República disse esta sexta-feira na Pontinha, perante dezenas de jovens, que o 25 de Abril é uma obra inacabada que necessita de ser sedimentada pelas novas gerações.

Depois das festividades do 25 de Abril terem sido adiadas pelo luto pela morte do Papa Francisco, foi no meio do entusiasmo dos mais jovens, que o Presidente da República participou na inauguração da requalificação do Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas, na Pontinha, no dia 2 de maio.

Neste núcleo museológico, monumento nacional, estiveram reunidos as chefias militares do Exército e da GNR e os militares que comandaram as operações da Revolução do 25 de Abril, como o coronel Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, que fez de “cicerone” de Marcelo Rebelo de Sousa nesta visita ao destacamento militar onde os Sete Capitães de Abril, liderados por Otelo Saraiva de Carvalho, planearam a “Revolução dos Cravos”.

Na sua intervenção, o Presidente da República agradeceu a coragem dos Capitães de Abril cujas ações trouxeram a democracia e a liberdade a Portugal.

“Preservar a memória”

Perante um grupo de alunos, relembrou ainda a importância de preservar a memória do 25 de Abril e das conquistas que este permitiu, num caminho que tem de continuar a ser trilhado com ambição.

Com as palavras dirigidas aos alunos das escolas de Odivelas, o Presidente lembrou o facto de ter sido um “grupo de jovens oficiais” que conseguiu “mudar o curso da História em Portugal”. Por isso, fez questão de incitar os adolescentes e crianças que o foram ouvir entusiasticamente a “não deixarem cair os valores de Abril no esquecimento” e a “prosseguirem” com a construção de uma democracia plena, com igualdade de oportunidades “para todos”.


“Quem vai ser decisivo no futuro do 25 de Abril são os mais jovens. Foram jovens capitães a fazer o 25 de Abril, agora têm de ser os jovens a refazer as vezes que forem precisas o 25 de Abril”, sublinhou.

Conquistas de Abril

Para ilustrar a necessidade de preservação dos valores de Abril, Marcelo Rebelo de Sousa recordou a realidade vivida no tempo do Estado Novo, em que apenas os mais ricos podiam prosseguir os estudos no ensino superior ou mesmo frequentar o ensino secundário.

“Apenas os que tinham dinheiro estudavam; e eram muito poucos. Hoje, são muitos aqueles que acedem ao ensino. Portugal melhorou na educação e em tudo o resto. Quem viveu antes do 25 de Abril sabe muito bem que hoje se vive muito melhor”, sublinhou.

E acrescentou, por exemplo, que nos tempos da ditadura a esperança média de vida ficava muito aquém da atual. A mortalidade dos portugueses era incomparavelmente maior do que no pós-25 de Abril, acrescentou, apontando o dedo à mortalidade infantil, que era das mais elevadas na Europa, e à morte das parturientes.

Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu ainda o papel de Odivelas na construção do 25 de Abril, pois o município “mandou no país nos dias 24, 25 e 26 de abril”, de 1974, através do trabalho dos sete Capitães que mudaram a face da História em Portugal a partir do quartel da Pontinha.

Odivelas “é terra de Abril”

O presidente da Câmara de Odivelas, Hugo Martins, concordou e lembrou que a Pontinha “foi o berço da Liberdade”, sublinhando que “Odivelas é terra de Abril”. Hugo Martins referiu que foi graças à “Revolução dos Cravos” que Portugal saiu da longa noite do Estado Novo rumo a uma democracia e uma nova sociedade “mais justa, com mais igualdade e liberdade”.

O autarca aproveitou para agradecer a colaboração do Exército na requalificação do Núcleo Museológico da Pontinha, bem como da GNR, pois este posto museológico assume capital importância na preservação da memória de toda uma nação.

A cerimónia finalizou com as já habituais “selfies” do Presidente com as crianças e adolescentes e a entoação a uma só voz da canção “Grândola Vila Morena”, o hino da “Revolução”, com Marcelo Rebelo de Sousa a conduzir a “banda” até à apoteose final, em que foi “engolido” pelo entusiasmo juvenil.

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