As Marchas de Alcântara e Bairro Alto vencem, em ex-aequo, a edição de 2025 das Marchas Populares de Lisboa. 20 marchas competiram pelo título, a que se juntaram as três extraconcurso da Voz do Operário, Mercados e Santa Casa, e ainda mais as marchas convidadas Macau Street Dance e Infantil das Escolas de Lisboa. Em terceiro lugar ficou a Marcha da Bica.
Sob o mote da ‘Alma de Lisboa’, 20 marchas desfilaram na noite desta quinta-feira, 12 de junho, véspera de feriado, na Avenida da Liberdade, após as exibições na MEO Arena, que aconteceram no primeiro fim-de-semana de junho. A Marcha de Alcântara e Bairro Alto são as grandes vencedoras. A primeira apresentou o tema ‘Num toque de mestre, Alcântara traz a mística do sete’, mostrando que o 7 é mais do que um simples número: é um elo mágico entre o passado e o presente, juntando a tradição e a modernidade. A marcha traz, então, as sete colinas da cidade, as sete saias que rodopiam ao vento e os sete dias que tecem o ritmo da vida.
A Marcha de Alcântara, vencedora em 2024, é organizada pela Sociedade Filarmónica Alunos Esperança e tem como responsável Francisco Ferreira. Os ensaiadores são Mafalda Matos e Vítor Kpez e Renato Godinho é o figurinista e cenógrafo. A Marcha de Alcântara é apadrinhada por Pedro Granger e Ana Sofia Cardoso e tem como mascotes Dânia Duarte e José Tomás Ramos. As marchas inéditas apresentadas foram ‘Alcântara somos todos nós’, de David Ferreira e Jorge Ramos (letra) e João Aborim (música e arranjos); e ‘Alcântara, bairro místico de Lisboa’, com letra de David Ferreira e Jorge Ramos, e música e arranjos de Carlos Dionísio. A terceira marcha apresentada foi ‘Alcântara vem cantar’, de Silva Nunes (letra), Jorge d’Ávila (música) e Carlos Dionísio (arranjos).
Bairro Alto homenageou o tempo
Já o Bairro Alto levou o tema ‘Onde o tempo guarda histórias’, que representa a passagem das eras e a preservação do conhecimento através do tempo. Cada história, pensamento e criação humana são protegidos por guardiões simbólicos: os alfarrabistas, que guardam a memória nos livros. A Marcha do Bairro Alto é organizada pelo Lisboa Clube Rio de Janeiro e tem como responsável Vítor Silva. Os ensaiadores são Dino Carvalho e Carla Fonseca e o figurinista Paulo de Miranda. A cenografia ficou a cargo de Fábio Carmelo, João Esteves, José Alberto e José Condeça. Os padrinhos são Sónia Brazão e Luís Borges e os mascotes Denis Santos e Vitória Freitas.
As marchas inéditas apresentadas foram ‘Passa o tempo, troca o passo’, de Joana Dionísio (letra) e Carlos Dionísio (música e arranjo); e ‘Conta lá como é que é?’, de José Condeça (letra) e Carlos Pinto (música e arranjo). Por sua vez, a Bica trouxe o tema ‘Um coração em cada porto’, que recorda o sítio do Carvalho, que foi também dos Remolares, dos primeiros cafés, hotéis e casas de pasto, mas também a vida boémia, do jogo do bicho e das mulheres “de meia porta”. A Bica tem como responsável Pedro Duarte, e ensaiador Marco Mercier. Dino Alves é o figurinista e a cenografia ficou a cargo de Brandão & Barros, Carlos Ferreira e João Frizza. Os padrinhos são a socialite Lili Caneças e o modelo Ricardo Guedes e os mascotes Francisco Diniz e Luz Duarte.
Categorias especiais
As marchas inéditas apresentadas foram ‘Não chores, Bica!’, com letra e música de Fernando Fernandes (FF) e arranjo de Luís Moreira da Silva; e ‘Meia porta, porta e meia’, com letra de Dino Alves, música de FF e arranjo de Luís Moreira da Silva. A terceira marcha apresentada foi ‘Bica de alma e coração’, com letra de João Frizza, música de João Frizza e Miguel Amorim e arranjo de Luís Moreira da Silva. Nas categorias especiais, o melhor figurino foi para as Marchas de São Vicente (Melhor Coreografia) e de Alcântara (Melhor Cenografia). Alcântara venceu também a Melhor Letra e a Melhor Musicalidade, esta última a par com o Bairro Alto, Bica e Marvila.
O tema ‘Meia porta, porta e meia’, da Marcha da Bica, conquistou a Melhor Composição Original, e o Melhor Desfile na Avenida foi atribuído às Marchas do Bairro Alto, Bica e Madragoa. Entre marchantes, padrinhos e madrinhas, porta-estandartes, mascotes, aguadeiros, músicos (cavalinho), ensaiadores, responsáveis pelas coletividades e a organização, o evento juntou este ano mais de 1800 participantes. As 20 marchas em competição foram avaliadas por um júri presidido por Vítor Agostinho e composto por Bruno Cochat (Apreciação da Coreografia), Daniela Cardante (Apreciação da Cenografia), Catarina Vasques Rito (Apreciação do Figurino), Sofia Hoffmann (Apreciação da Letra), Osvaldo Ferreira (Apreciação da Música) e Leonor Padinha (representante da EGEAC).
Marchas extraconcurso
Para além das marchas a concurso, participaram ainda as marchas extraconcurso da Voz do Operário, com o tema ‘A Paz’, que traz ao concurso uma manifestação simbólica, que pede que Portugal e Lisboa continuem a ser espaços democráticos, de liberdade e respeito pelo outro, num momento em que valores fundamentais como a liberdade, a segurança e o direito a uma vida digna estão a ser postos em causa pela intolerância, a violência e a guerra, colocando em risco a vida de milhões de pessoas. A responsável e ensaiadora da marcha, organizada pela Sociedade de Instrução e Beneficiência A Voz do Operário, é Sofia Cruz e o figurinista é Nuno Lopes. Os padrinhos são os atores Custódia Gallego e José Raposo e os mascotes Álvaro Cruz e Madalena Miranda.
Noivos de Santo António também desceram a Avenida
A Marcha dos Mercados é organizada pela Associação dos Comerciantes dos Mercados de Lisboa. Tem como responsável Jorge Nuno Sá e cenografia de Jorge Nuno e Rui Alfar. Sandro Canossa é o figurinista, tendo também colaborado como ensaiador, a par com Vera Gromicho. Os padrinhos são Hélia Caneira e João de Carvalho. Os mascotes são Rita Gromicho Correia e Telmo Alfar. As marchas inéditas apresentadas são ‘E Avieiro Sou’ e ‘Do Tejo à Ribeira’, ambas de Paulo Colaço (letra) e Nuno Feist (música e arranjos). A terceira marcha apresentada foi ‘É nos mercados que Lisboa tem mais vida’, de José Condeça (letra) e Carlos Pinto (música e arranjos). A Santa Casa foi a terceira marcha extra-concurso a participar neste desfile, e levou à Avenida da Liberdade o tema ‘Santa Casa é o manto que cobre a cidade’, numa homenagem a todas as marchas da cidade.
A responsável é Luna Marques, o ensaiador Paulo Jesus e Nuno Lopes o responsável pelos figurinos e cenografia. Os padrinhos são Liliana Santos e Pedro Crispim e as marchas apresentadas foram ‘Esta Marcha é sempre tua’, ‘Tantos bairros tens, Lisboa’, e ‘O amor da Santa Casa’, todas de Ricardo Gonçalves Dias (letra) e Carlos Dionísio (música e arranjos). Para além das marchas extra-concurso, desceram ainda a Avenida as marchas convidadas Macau Street Dance, que apresentou a Dança da Lanterna do Peixe Dourado (dança tradicional chinesa) e Infantil das Escolas de Lisboa – apadrinhada pela vereadora com o pelouro da Educação da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Sofia Athayde, e pelo ator e músico Francisco Rebelo de Andrade -, bem como os 16 casais que, na tarde desta quinta-feira, disseram o ‘sim’ nos tradicionais Casamentos de Santo António.
“O dia mais bonito da cidade”, revela Moedas
Carlos Moedas, presidente da CML, referiu que “é um dia incrível, cheio de emoção, os casamentos foram lindos, todos chorámos de alegria, porque é uma cidade linda, Lisboa é incrível”. “Esta é a nossa identidade, e é impossível não nos comovermos durante este dia”, acrescentou o autarca, em declarações à RTP. “Estamos aqui com uma energia incrível e é esta energia que define a Alma de Lisboa, a nossa alma é esta gente toda”. “É o dia mais bonito da cidade, e que sentimos por dentro aquilo que somos e é o dia que estamos unidos e quem são as verdadeiras estrelas são os que aqui desfilam, as nossas gentes e é isso é incrível. Estou aqui para lhes dar apoio, dia após dia”.
Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou o “peso fundamental” dos bairros em noite de Marchas Populares de Lisboa, uma tradição que descreveu como “única e cada vez mais viva”. Em declarações à RTP, Marcelo considerou que os bairros “são essenciais”. “As pessoas não vivem sozinhas, não são ilhas, vivem em comunidades. Os bairros são comunidades com um peso fundamental”, destacou. O chefe de Estado frisou ainda que as marchas populares são “uma tradição única”. “E está cada vez mais viva. A certa altura caiu, recuperou e agora cresce”, acrescentou.