Alexandra Leitão é a cabeça de lista do PS à Câmara de Lisboa. Foi a líder parlamentar que apareceu com condições mais vantajosas para enfrentar Carlos Moedas, nomeadamente nos estudos de opinião internos. O nome da antiga líder parlamentar do PS começou por ser apontado como o mais bem colocado dentro do PS numa notícia avançada pela SIC. Pouco depois o jornal Público escreveu que Leitão seria a candidata provável.
Alexandra Leitão foi ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública e secretária de Estado Adjunta e da Educação nos governos liderados por António Costa e, agora, vai tentar recuperar a câmara da capital para os socialistas. Em entrevista a Olhares de Lisboa, durante uma ação de pré-campanha, a candidata do PS à Câmara de Lisboa, as eleições autárquicas são “fundamentais para o PS”, e o partido “tem que ganhar e vai ganhar”. “O meu foco agora é a minha candidatura à Câmara de Lisboa”, insiste.
Olhar de Lisboa – O que a leva a se candidatar à Câmara de Lisboa?
Alexandra Leitão – Lisboa é a cidade onde nasci há 52 anos. É a minha cidade. Por isso e por considerar que se pode fazer mais pela cidade decidi aceitar o convite que me foi feito pelo então secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
Lisboa tem muitos problemas quer a nível da conservação das ruas, das calçadas e dos espaços públicos, da higiene urbana e da arborização. Quer também ao nível até de uma dimensão inspiracional. Lisboa pode ser muito mais do que aquilo que é. É uma cidade lindíssima, com condições históricas únicas.
Na verdade, o que me motivou foi fazer algo mais pela cidade e, eventualmente, poder implementar a minha visão estratégica para a cidade, que é aquilo que Lisboa hoje não tem.
Os problemas?
Há problemas que as grandes cidades têm, nomeadamente muita utilização, a higiene urbana – há sempre lixo na rua.
Existem coisas que percebo que aconteçam. Mas o que me preocupa é que existem sinais que as coisas pioraram nos últimos anos: a cidade já foi mais limpa, já foi mais bem cuidada, já teve mais qualidade de vida, com um melhor viver.
Portanto, se as coisas pioraram nos últimos quatro anos, se as casas estão mais caras, se há mais lixo nas ruas, se as pessoas têm mais dificuldades de mobilidade, se existem mais dificuldades no trânsito. E, se tudo isso aconteceu, com a minha candidatura vou tentar fazer o melhor pela minha cidade.
Quais são as suas prioridades?
A prioridade é a habitação, seja em termos estruturais e conjunturais, como apoios à conservação da cidade, mais iluminação pública, mais segurança e uma melhor gestão da higiene urbana.
A Polícia Municipal de Lisboa, cuja formação depende da PSP, com 412 efectivos, mas que tem quadro que pode ir até 800 agentes e, por isso, é preciso reivindicá-los junto ao Governo e é necessário dar-lhes apoio técnico.
É preciso que a câmara ofereça apoios municipais que possibilitem que se vá buscar efetivos à PSP. É preciso que a autarquia arranje casas para esses agentes, dado que viver em Lisboa é caro.
Temos de criar também uma mobilidade mais fluida e mais verde. Depois temos outras coisas. Não descuro a questão da segurança, a Polícia Municipal pode e quer fazer mais coisas.
Não descuro as questões sociais: temos muitos idosos a viver sozinhos na cidade; temos idosos a viver em casas municipais sem elevadores. Um idoso a viver num 4º ou 5º andar sem elevador está sequestrado em casa. Para resolver este problema temos um plano para instalar elevadores.
Objetivo desta visita?
Nesta visita de pré-campanha estivemos na associação Renovar a Mouraria, onde falámos sobre a legalização dos imigrantes, os apoios aos imigrantes e não só. A Renovar, por exemplo, dá apoio aos estudantes imigrantes, mas também apoia os estudantes portugueses que precisam.
Portanto, são estas soluções de proximidade, que emergem da sociedade civil, que precisam de ser apoiadas.
Também visitamos duas associações de pais: a Associação de Pais da Escola Rosa Lobato Faria e a Associação de Pais da Escola Natália Correia (agora constituída).
A Rosa Lobato Faria precisa urgentemente de obras e na Escola Natália Correia não conseguimos entender como é que uma obra privada pode prejudicar desta forma uma escola pública, que está fechada por causa das obras e, por onde, já passaram os avós e os pais dos atuais alunos. Agora essa escola está a funcionar num monobloco.
Como encara estas ações?
A minha pré-campanha e a campanha servem para lançar estes alertas. Não me vê a distribuir panfletos. Estas ações servem para me inteirar dos problemas da cidade, onde vivo há 27 anos, depois de um interregno curto. Servem também para conhecer a cidade toda, com um grau de detalhe que tenho de conhecer se quero ser presidente da cidade.
Qual a sua ligação a Lisboa?
Nasci em Alvalade, na Clínica de São Miguel, vivi até aos 5 anos em Benfica, depois dos 5 aos 25 anos vivi no concelho de Cascais. Desde os 25 anos que vivo na zona de Belém.
Como vê a derrota do PS nas legislativas ?
Foi uma derrota que me preocupa e entristece. Foi uma derrota péssima para o PS, mas sobretudo foi má para o País. No sentido em que há algumas coisas que podem levar o país para uma situação menos boa.
Mas as eleições legislativas já foram e, agora, estamos em campanha para as autárquicas, com muitos candidatos que movem milhares de pessoas. É preciso trabalhar.
Tenho uma tendência de sair da minha área de conforto. Estava na Universidade de Direito a dar aulas – o que me dava muito prazer – e fui desafiada para ser secretária de Estado e, posteriormente, ministra, o que aceitei de bom grado. Mais tarde, aceitei o cargo de líder parlamentar do PS.
E, agora, aceitei este desafio de lutar por este cargo executivo e de proximidade. Estou a trabalhar para ser eleita a nova presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Nota de redação: Reportagem no seguimento de nota de agenda, no dia 5 de junho, da candidata à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, Alexandra Leitão.