Alexandra Leitão quer recuperar o programa de arrendamento acessível

A candidata do PS à Câmara de Lisboa, Alexandra Leitão, andou em pré-campanha na freguesia de Santo António, no dia 20 de junho. A socialista aponta o dedo às casas devolutas na freguesia e reforçou que pretende recuperar o programa de arrendamento acessível, que terá sido metido na gaveta pelo atual Executivo.

A candidata visitou o antigo recinto desportivo do Sporting, atualmente o Polidesportivo do Passadiço; a loja social “Dona Ajuda”, no antigo Mercado do Rato, e foi acompanhada da comitiva socialista numa visita ao Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva, na Praça das Amoreiras.

Nuno Faria, diretor do Museu, realizou uma visita guiada pelas várias salas deste espaço cultural. O curador explicou as novas políticas culturais da instituição, aproveitando para sublinhar o papel da arte e da cultura na expressão da alma das cidades, soltando que importará assumir que “a cultura e a arte não são apenas para adornar”, pois, para além do sentido estético, “fazem pensar o próprio conceito de cidade”.

O responsável mostrou muitas das obras expostas no Museu, detalhando-se sobre um “quimono”, feito em seda, que é tratado como “uma verdadeira obra de arte”. Nuno Faria explicou que a peça tem uma pequena “particularidade”: foi oferecida à pintora Vieira da Silva por uma delegação oficial de um país “que anda agora nas bocas do mundo”, o Irão.

Conhecer a realidade da cidade

Em declarações ao “Olhares de Lisboa”, Alexandra Leitão revelou que esta jornada de pré-campanha teve como objetivo inteirar-se “dos problemas reais que a cidade tem”, pois, fazer campanha “não é só andar a distribuir folhetos partidários”.

A candidata socialista referiu, por exemplo, que a população de Santo António assinalou que a freguesia “não tem um espaço para a prática desportiva” ou que o Museu Arpad – Vieira da Silva “precisa de alguns apoios”.


Alexandra Leitão defende que estas visitas serviram para tomar o pulso dos factos de Santo António, “onde há muitas realidades” que necessitam de uma intervenção política. Nomeadamente o problema das “muitas casas devolutas que existem na freguesia”. Numa altura em que “há tanta falta de habitação” para as pessoas, “é preciso fazer uma ligação entre a oferta e a procura”, declarou a socialista.

Alexandra Leitão elegeu como “as grandes prioridades para a cidade de Lisboa”, a habitação, o cuidar da cidade, o “cuidar dos espaços públicos, das ruas, da higiene urbana”, bem como a mobilidade, onde “já apresentámos uma primeira medida que visa ter transportes públicos para toda a população”, que representa um passo “na justiça social” que os socialistas querem ver implementada na capital.

Promover arrendamento acessível

A candidata, ex-líder da bancada socialista no Parlamento, reconhece que morar em Lisboa é hoje uma miragem para a maioria dos portugueses. Assim, considera que é necessário “aumentar a oferta da habitação pública”, mas apresenta algumas cautelas, uma vez que esta mudança nas políticas públicas representam “uma mudança estrutural, que leva o seu tempo, mas que ficou parada no tempo” por alegado abandono do atual Executivo.

Recuperar programas de arrendamento acessível

Para Alexandra Leitão Lisboa tem hoje “bons exemplos” da oferta pública de habitação – “iniciados pelo PS” –, como os programas de arrendamento acessível em vigor no Restelo, em São Domingos de Benfica e no Parque das Nações, que “não foram desenvolvidos nestes 4 anos do Executivo atual”, mas também no aproveitamento dos edifícios da Câmara de Lisboa que estão abandonados. “Há muitos casos em que a Câmara deveria exercer o direito de preferência para recuperar casas para a habitação”, defende.

“Nós precisamos de habitação para as pessoas viverem na cidade. Lisboa não pode ser uma cidade onde residem 400 ou 500 mil de residentes e ter mais de 2 milhões de pessoas que fazem cá vida e que não conseguem viver cá. A cidade precisa deles. Uma cidade onde não residem famílias, com crianças, vai perdendo o seu dinamismo e vai ficando uma cidade gentrificada.”

Alexandra Leitão reiterou que o grave “problema social” de existir uma cidade “onde poucos conseguem viver” se combate com o desenvolvimento do arrendamento acessível, que “estão parados”, mas também com o aproveitamento dos imóveis públicos do Estado “que foram libertados” e que “podem ser usados quer para os programas de arrendamento acessível, quer pra residências universitárias. Há muitas medidas que podem ser feitas. Não é fácil, mas há muito que ainda se pode fazer” para devolver a cidade aos lisboetas.

“Não diabolizo o turismo”

Lisboa será hoje um “grande parque temático” para os turistas? Alexandra Leitão assume que não diaboliza o turismo, “que teve e tem um papel muito importante na economia da cidade”. A socialista refere que “se fala muito do Plano Diretor Municipal de 2012”, mas a candidata lembra que este Plano foi concebido numa “altura muito difícil, e que teve um papel fundamental para recuperar uma cidade que estava parada”.

Pese embora não ser “contra o turismo na cidade”, Alexandra Leitão diz que o PDM necessita de ser “revisto” e atualizado à realidade atual, até porque “não há um verdadeiro estudo de carga do turismo em Lisboa”.  Para a candidata socialista, a cidade carece de um plano que inverta a sobrecarga de turistas nas zonas históricas, “que são alvo de uma pressão turística massiva”, mas a oferta (e a promoção) de outras zonas da cidade continuam por fazer.

“Dou sempre o exemplo dos museus do Paço do Lumiar. Esta zona tem espaços museológicos de grande qualidade, mas que estão mal divulgados e completamente esquecidos. Por exemplo, o Museu do Traje é um espaço belíssimo. Para além do Museu, tem um parque fenomenal, um bom restaurante, mas quantos visitantes tem?”, questiona.

Alexandra Leitão assume que vai ter “boas hipóteses de ganhar as eleições autárquicas”, pois tem a perceção de que as “pessoas sentem a cidade muito parada”, “sentem que não conseguem viver na cidade”, para além de que “as pessoas querem a mudança. E é essa mudança que a minha candidatura representa”, conclui.

“Tanta coisa por fazer”

Vera Jardim, figura histórica dos socialistas, fez questão de marcar presença na ação de campanha de Alexandra Leitão.

Em conversa com o nosso jornal, o socialista assumiu “não ter dúvidas da vitória da candidata do PS nas autárquicas”.

Justificou o seu apoio à candidata por que “as pessoas estão cansadas” do estado “de abandono a que a cidade foi vetada”.

De acordo com ex-ministro da Justiça socialista, Alexandra Leitão “tem todas as qualidades para fazer aquilo que é preciso fazer em Lisboa e não tem sido feito nestes quatro anos”.

Para descrever os problemas de que enferma a capital, Vera Jardim solta um desabafo: “Ui, meu Deus… falta tanta coisa. Inverter os problemas da habitação, o lixo nas ruas, compor as vias de circulação. Há tanta e tanta coisa para ser resolvida…”.

 

 

 

 

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