Camarate celebrou 28 anos como Vila

O Espaço Multiusos “A Fábrica” recebeu a festa de comemoração do 28.º Aniversário da Elevação de Camarate a Vila, no dia 21 de junho. O presidente da autarquia aproveitou para inaugurar dois novos equipamentos no Multiusos: uma biblioteca digital e uma sala de formação.

Em dia de festa, a União de Freguesias de Camarate, Unhos e Apelação prestou homenagem a personalidades que contribuíram para o desenvolvimento da freguesia.
Foram alvo de homenagem professores e diretores das escolas, empresários, os Bombeiros de Camarate, trabalhadores e filhos da terra, que se destacaram nos seus campos profissionais ou por terem levado o nome de Camarate aos quatro cantos do mundo.

Inauguração de novos equipamentos

A autarquia aproveitou a sessão solene do aniversário para inaugurar uma sala de formação, dedicada ao professor Alcino Simão, “uma ilustre personalidade residente em Camarate e que dedicou grande parte da sua vida ao ensino da freguesia”. Alcino Simão, como recordou o presidente da autarquia, Renato Alves, marcou várias gerações de alunos e teve um papel preponderante na educação de centenas de jovens de Camarate.

Alcino Simão foi o responsável da implementação da telescola na freguesia e um verdadeiro pedagogo, “um educador humanista”, que ficará “para sempre no coração de todos”, segundo Renato Alves.

O professor jubilado, por seu turno, agradeceu o “carinho dispensado”, mostrando-se visivelmente emocionado com a homenagem daqueles que, no passado, foram seus alunos.
No mesmo evento, a Junta fez a abertura (oficial) do novo espaço de leitura digital no Multiusos “A Fábrica”, descerrando-se uma placa em homenagem ao freguês Fernando Francisco Lourenço, um cidadão “exemplar” na promoção do associativismo na freguesia.

Este novo espaço de conhecimento é uma biblioteca digital em que pode ser consultado o acervo bibliográfico da Biblioteca de Loures, mediante um protocolo já estabelecido com a Câmara, mas onde também se podem requisitar livros em papel.


Em paralelo, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para o território Camarate, Unhos e Apelação, as Bibliotecas Municipais de Loures vão promover ações de formação e capacitação em literacias digitais, designadamente para a população sénior interessada em aprender o domínio das novas tecnologias, mas passa, também, a ser o espaço onde as crianças e jovens da União de Freguesias passarão a consultar “os milhares de livros” que já estão à disposição dos leitores.

Renato Alves reclama escola nova

O presidente da UFCUA, Renato Alves, destacou o contributo dos fregueses homenageados para o crescimento e expansão do território.

O autarca assumiu que a “homenagem foi simples, mas de coração”, sublinhando o papel dos diretores de agrupamentos escolares, professores e auxiliares de educação no processo educativo da comunidade.

Renato Alves lembrou que o parque escolar da União “tem vindo a melhorar” com a criação de novos equipamentos, mas aproveitou para reclamar “a construção de uma escola nova” no lugar onde está hoje a Escola Mário Sá Carneiro. “A Mário Sá Carneiro não tem condições nem dignidade para os professores e os alunos”, considerou.

O elogio da Escola Pública

A presidente da Assembleia Municipal de Loures, Susana Amador, lembrou a importância da Escola Pública como causa maior da mobilidade social, principalmente das classes desfavorecidas. Foram as conquistas sociais advindas da criação da Escola Pública, que possibilitaram a inversão do determinismo social, pois, com a Escola Pública, “quem nasce pobre não morre pobre”, que é uma das grandes conquistas sociais da democracia portuguesa.

Susana Amador afirma que o apoio a uma Escola Pública “de qualidade” deve estar no centro da ação de todos os cidadãos que defendam o Estado de Direito e os valores maiores da democracia em Portugal.

A também deputada do Partido Socialista e ex-secretária de Estado da Educação no XXII Governo Constitucional acredita que os extremismos que têm vindo a público nos tempos recentes, como o ataque de um bando de extrema direita a um ator da Barraca, relevam a importância da Educação na sociedade atual. “Sem formação, não há ação política”, anotou.

ADN de Camarate

O artista Diogo Clemente foi outro dos homenageados na cerimónia. Associado com a União de Freguesias, realizou uma sessão de autógrafos do livro de poesia “Amo-te e Outras Coisas pra Te Dizer”.

Nome grande no panorama artístico nacional – tocou guitarra com Carlos do Carmo, Mariza, Carminho, Carolina Deslandes, entre muitos outros –, mas, hoje, assume-se como fadista de sucesso, porque o fado sempre esteve “dentro dele” por influência do pai.

Num discurso de homenagem à sua terra e ao Bairro da Torre, onde nasceu e viveu na infância, Diogo Clemente retornou ao passado, à história familiar dos seus avós e bisavós, que vieram para Camarate viver numa “casa muito humilde”, onde havia pouco, mas imperavam os valores e a dignidade, segundo o seu relato.

E aquilo que, para muitos, seria o determinismo social de ter nascido pobre e os impediria de triunfar na vida, para Diogo Clemente resultou ao contrário. “Eu, e muitos dos meus amigos com quem cresci, temos o ADN de Camarate. Podemos fazer aquilo que quisermos. Quem for de Camarate, resolve. Temos o poder da resiliência, da vontade, da afronta às dificuldades, que nos foram passados pela família, pelo meio onde crescemos”.

E lembrou que o “ADN de Camarate” se traduz numa genética vencedora, ilustrando a sua teoria com o facto de Camarate ter dado ao mundo um campeão mundial de automobilismo (categoria de carros 1900 a diesel), mas também um triplo campeão nacional de xadrez.

“Já dormi nos melhores hotéis, de cinco estrelas, já comi nos melhores restaurantes em redor do planeta. Mas nunca me esqueço do sítio de onde venho, da minha família, da minha Escola, do meu bairro, dos meus amigos, da minha terra, Camarate”.

O evento contou ainda com a inauguração da exposição de pintura e escultura de António Boura, um transmontano autodidata, que chegou a Camarate depois de ter passado os seus primeiros 20 anos de vida a trabalhar na agriculta das terras inóspitas do Norte transmontano.

Fotos: Arquivo OL

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