Mais sete marchas mostraram o seu valor no último dia de exibições na Altice Arena

O terceiro e último dia das exibições das Marchas Populares na Altice Arena contou com a presença de mais sete marchas: Santa Casa, Castelo, Beato, Alcântara, Olivais, Benfica e Madragoa. Após as exibições, as 23 marchas voltam a apresentar-se novamente na noite de 12 para 13 de junho, na Avenida da Liberdade.

Depois de três dias, chegaram ao fim as exibições na Altice Arena que, no último fim-de-semana, trouxeram muita animação e bairrismo ao pavilhão. O último dia contou com as participações das marchas da Santa Casa, Castelo, Beato, Alcântara, Olivais, Benfica e Madragoa, que, tal como as restantes 16 que se apresentaram na sexta e no sábado, desfilaram sob o mote ‘Alma de Lisboa’, tema escolhido para o concurso deste ano.

Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), marcou presença nos três dias de exibições, aproveitando para saudar e agradecer a todos aqueles que fazem este concurso acontecer. “Foram dias incríveis convosco, a sentir a energia das marchas e dos bairros”, referiu o autarca na última noite do pavilhão, lembrando “que os nossos bairros são os melhores do mundo”.

Santa Casa homenageou as marchas da cidade

As Marchas Populares de Lisboa são, atualmente, parte integrante do Inventário do Património Cultural Imaterial, mas o autarca da capital espera que este “seja só o primeiro passo” e que, no futuro, “possa ser Património Cultural da Humanidade” da UNESCO. Por isso, participar nas Marchas Populares, considera, “é uma responsabilidade enorme, porque não é só Lisboa que nos veem, não são só os portugueses, é o mundo inteiro!”, afirmou. Este terceiro dia de exibições começou com a participação da Marcha da Santa Casa (extraconcurso), organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com o tema ‘Santa Casa é o manto que cobre a cidade’, numa homenagem a todas as marchas da cidade. A responsável é Luna Marques, o ensaiador Paulo Jesus e Nuno Lopes o responsável pelos figurinos e cenografia.

Os padrinhos são Liliana Santos e Pedro Crispim e as marchas apresentadas foram ‘Esta Marcha é sempre tua’, ‘Tantos bairros tens, Lisboa’, e ‘O amor da Santa Casa’, todas de Ricardo Gonçalves Dias (letra) e Carlos Dionísio (música e arranjos). Depois desta exibição, começou o concurso, com a Marcha do Castelo a desfilar sob o tema ‘Castelo de cartas: o baralho da nossa gente!’, numa homenagem à importância que os jogos de certas tiveram e têm na união das gentes do bairro. É numa mesa, com um baralho de cartas, que se esquecem as dificuldades, partilham-se histórias e criam-se memórias. E tal como num baralho de cartas, cada pessoa é fundamental para a história contada pela Marcha.

A Marcha do Castelo é organizada pelo Grupo Desportivo do Castelo e tem como responsável Tânia Rodrigues.

Beato e as memórias à beira-rio

Ana Raquel Carneiro é a ensaiadora, Carla Pereira a figurinista e a cenografia ficou a cargo dos Impacto Visual. Os padrinhos são Joana Machado Madeira e Gonçalo Quinaz e os mascotes Matilde Barros e Santiago Vieira. As marchas inéditas apresentadas foram ‘Um jogo de emoções’, de Joana Dionísio (letra) e Carlos Dionísio (música e arranjos); e ‘Neste baralho de cartas’, de José Vala Roberto (letra) e Carlos Dionísio (música e arranjos). A terceira marcha apresentada foi ‘Alvorada’, com letra de Frederico de Brito, música de Elvira de Freitas e arranjos musicais de Carlos Dionísio. Depois do Castelo, entrou em campo a Marcha do Beato, após seis anos de interregno, com uma homenagem à antiga praia de Xabregas.

‘Beato à beira-rio, de coração aberto ao Tejo’ é o tema que este bairro trouxe para o concurso, recordando os tempos em que a praia de Xabregas foi ponto vital de convívio, trabalho e comércio. Para as vendedeiras do mercado e para os homens que descarregavam as mercadorias dos barcos, era também um espaço de lazer, modinhas e namoricos. A praia despareceu, mas continua presente nas memórias do Beato e é essa ligação que a Marcha quer recordar. A Marcha do Beato é organizada pelo Grupo Recreativo Cultural Onze Unidos e tem como responsável Amílcar Mota. O ensaiador é Tiago Mota e o figurinista e cenógrafo é Ruben Mota. Os padrinhos são o ator João Baptista e a antiga modelo Mónica Silva e os mascotes Gustavo Mota e Letícia Nobre.

Alcântara e a mística do 7

As marchas inéditas apresentadas foram ‘Plo Beato toda a vida’, e ‘Tejo que o tempo quis levar’, de Joana Dionísio (letra) e Rafael Leony (música e arranjos). A terceira marcha apresentada foi ‘Esta é Lisboa’, com letra de Nuno Lopes, música de Paulo Valentim e arranjos de Sílvio Pleno. A terceira marcha a apresentar-se neste derradeiro dia de exibições foi a atual campeã, Alcântara, que quer revalidar o título com o tema ‘Num toque de mestre, Alcântara traz a mística do sete’, mostrando que o 7 é mais do que um simples número: é um elo mágico entre o passado e o presente, juntando a tradição e a modernidade. A marcha traz, então, as sete colinas da cidade, as sete saias que rodopiam ao vento e os sete dias que tecem o ritmo da vida.

A Marcha de Alcântara é organizada pela Sociedade Filarmónica Alunos Esperança e tem como responsável Francisco Ferreira. Os ensaiadores são Mafalda Matos e Vítor Kpez e Renato Godinho é o figurinista e cenógrafo. A Marcha de Alcântara é apadrinhada por Pedro Granger e Ana Sofia Cardoso e tem como mascotes Dânia Duarte e José Tomás Ramos. As marchas inéditas apresentadas foram ‘Alcântara somos todos nós’, de David Ferreira e Jorge Ramos (letra) e João Aborim (música e arranjos); e ‘Alcântara, bairro místico de Lisboa’, com letra de David Ferreira e Jorge Ramos, e música e arranjos de Carlos Dionísio. A terceira marcha apresentada foi ‘Alcântara vem cantar’, de Silva Nunes (letra), Jorge d’Ávila (música) e Carlos Dionísio (arranjos).

Olivais recriou o mesmo tema que apresentou em 2000

Depois de Alcântara, entrou a Marcha dos Olivais, com uma recriação do tema apresentado há 25 anos, ‘Olivais Calé’, que foi um grito de afirmação e de luta contra a exclusão e o preconceito. A dança, a música, os ritmos e os costumes da cultura cigana, entrelaçados com o coração do bairro, voltam a ser homenageados pela Marcha dos Olivais, lembrando que, independentemente do tempo, a ousadia de quem luta pelo justo nunca se perde. A Marcha dos Olivais é organizada pelo Grupo de Pesca e Desporto Santa Maria dos Olivais e tem como responsável Carlos Santos.

A ensaiadora é Sara Alves Brandão e os figurinos ficaram a cargo de Brandão & Barros, que também colaboraram na cenografia, a par de Carlos e Sandra Ferreira. Os padrinhos são Sara Norte e Paulo Batista e os mascotes Alícia Códices e Diogo Martins. As marchas inéditas apresentadas foram ‘A Sina dos Olivais’ e ‘Olivais Calé – 25 anos de paixão’, de João Pedro Aleixo (letra) e Nuno Feist (música e arranjos). A terceira marcha apresentada foi ‘Olivais cigano’, de Rosa Lobato de Faria (letra), Fernando Correia Martins (música) e Francisca Silva (arranjos).

Marcha de Benfica homenageou o Cine-Teatro Turim

O terceiro dia de exibições contou com outro regresso ao concurso, a Marcha de Benfica, que homenageou o Cine-Teatro Turim, lugar emblemático da freguesia, que foi e é o lugar onde a arte e a identidade se entrelaçam numa história viva. A Marcha de Benfica é organizada pelo Clube Futebol Benfica e tem como responsável Sónia Santos. O ensaiador é Gucca Coutinho e a figurinista é Ana Marques. A cenografia ficou a cargo de Filipe Feijão e os padrinhos são Margarida Moreira e Francisco Beatriz. Os mascotes são Afonso Ramalhete e Isabel Mesquita.

As marchas inéditas apresentadas foram ‘Benfica é cultura’, de Miguel Dias (letra) e Rafael Leony (música e arranjos); e ‘Benfica está a chegar’, de Miguel Dias (letra) e Carlos Pires (música e arranjos). A terceira marcha apresentada foi ‘Marcha de Benfica’, de Frederico Brito e Raúl Ferrão (letra) e J.E. Ribeiro da Silva (música e arranjos). Por fim, a Marcha da Madragoa foi a última a apresentar-se no terceiro dia de exibições, a pedir ‘Façam a vénia à rainha Madragoa’, que faz uma homenagem às mulheres que carregaram a alma da cidade aos ombros e às canastras: as varinas.

Marchas voltam a desfilar na noite de Santo António

Mais do que vendedoras de peixe, eram as rainhas do sustento, da convivência e da alegria de viver. As varinas moldaram o espírito bairrista e o orgulho alfacinha, tendo o Tejo como aliado e as ruas como palco. A Marcha da Madragoa é organizada pelo Esperança Atlético Clube e tem como responsável Nuno Soares. João Medeiros é o ensaiador e cenógrafo, tendo também colaborado nos figurinos juntamente com Fauze El Kadre. Os padrinhos são Ana Garcia Martins e Bruno Cabrerizo e os mascotes Ciara Mendes e Gabriel Coelho. As marchas inéditas apresentadas foram ‘Rainha Madragoa’ e ‘Ninguém pára a Madragoa’, de João Medeiros e Mariana Peres (letra) e José Condinho (música e arranjos).

A terceira marcha apresentada foi ‘Venham ver a Madragoa’, de Zeca Santos (letra), Luís Firmino e David Benus (música) e João Augusto (arranjos). Depois das exibições no pavilhão, as 23 marchas voltam a apresentar-se na noite de Santo António, de 12 para 13 de junho, na Avenida da Liberdade. Estarão ainda presentes a Marcha Infantil das Escolas de Lisboa, que desfila na avenida desde 2022, e ainda a Dança da Lanterna do Peixe Dourado, da Associação Macau Street Dance, e que junta as culturas chinesa e ocidental. Todas as marchas, à excepção das extraconcurso, são avaliadas por um júri composto por Vítor Agostinho (presidente), Bruno Cochat (coreografia), Daniela Cardante (cenografia), Catarina Vasques Rito (figurino), Sofia Hoffmann (letra), Osvaldo Ferreira (música) e Leonor Padinha (representante da EGEAC).

Quer comentar a notícia que leu?