Moedas entrega Medalha de Mérito Desportivo a Toni

Toni, nome incontornável da história do futebol português, foi distinguido com a Medalha Municipal de Mérito Desportivo nesta sexta-feira, 20 de junho, entregue pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.

“Onde estava o Toni havia alma. E no Benfica mostrou realmente essa alma feita da sua paixão”, afirmou Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, durante a cerimónia de entrega da Medalha de Mérito Desportivo da Cidade de Lisboa ao antigo futebolista do Benfica e ex-internacional e selecionador português António Oliveira, mais conhecido como Toni.

O atual Diretor da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e antigo jogador e treinador Toni confessou sentir-se “orgulhoso” pelo “dia cheio” que lhe foi proporcionado pela atribuição da Medalha Municipal de Mérito Desportivo pela Câmara Municipal de Lisboa, no Salão Nobre da autarquia, onde estiveram em exposição a Taça de Portugal de 1968/69, o troféu do Campeonato Nacional e a braçadeira de treinador referentes à temporada 1993/94, e 4 camisolas dos emblemas representados pelo antigo jogador.

“Estou, naturalmente, orgulhoso. Foi um dia cheio, que me encheu a alma porque partilhei-o com gente que teve percursos comigo quer no Anadia, quer depois na Académica, onde jogaram futebol, estudaram e se formaram, e outros no Benfica que seguiram outra via, como eu, e foram importantes nesse trajeto ao longo de uma carreira longa, quer como jogador, quer como treinador”, constatou o antigo internacional por Portugal.

Benfica “rampa” de lançamento

António Oliveira, notabilizado com o diminutivo Toni no futebol nacional, assumiu a importância que o Benfica teve no seu êxito desportivo e pessoal e vincou o quanto o clube da Luz lhe proporcionou.

“Neste deve e haver, o Benfica está sempre credor. Credor da minha admiração, de muitas alegrias, algumas tristezas, mas no fundo acho que valeu a pena todo este trajeto que se iniciou há 58 anos e tivesse essa vivência durante esses anos, 34 foram vividos lá dentro, os outros cá fora, mas sempre com paixão e amor porque, estou cansado de o repetir, mas eu não nasci benfiquista, o meu clube de menino era o Belenenses”, recordou, com um sorriso.


Toni mostrou-se grato ao Benfica pelos muitos títulos alcançados — oito campeonatos nacionais, cinco Taças de Portugal e uma Supertaça enquanto futebolista, aos quais se juntam dois campeonatos e uma Taça de Portugal como treinador — e assinalou o quanto se entregou aos ‘encarnados’: “Entreguei-me à causa, com amor, com paixão, com profissionalismo e penso que o servi de corpo e alma”.

O antigo futebolista recebeu a maior distinção prevista pelo município lisboeta para personalidades ligadas ao desporto, e aproveitou para recordar memórias do passado com uma plateia de uma centena de pessoas, constituída por antigos companheiros de equipa, autarcas, entre eles Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que serviu de anfitrião, e Teresa Belém Oliveira, autarca de Anadia, município do qual o antigo jogador e treinador é originário.

O laureado jogador e treinador de futebol fez-se acompanhar por personalidades diversas, família e amigos, entre os quais outras glórias do Benfica como Shéu Han e António Simões, que manifestaram a “satisfação” pelo “justo reconhecimento” feito ao legado deixado pelo antigo companheiro de clube, com quem partilharam glórias ao serviço do Benfica entre o final dos anos 60 e toda a década de 70 do século passado.

Lisboa é a casa de Toni

Natural de Mogofores, no concelho anadiense, o antigo internacional e selecionador nacional começou a sua intervenção com um agradecimento: “É com uma enorme gratidão e emoção que me encontro hoje aqui, nesta sala de visitas de uma cidade que se tornou a minha casa ao longo de mais de seis décadas”.

Bem acolhido por Lisboa

Toni, como é mais conhecido no mundo do futebol, recorda a sua vida na cidade: “Quando cheguei à capital em 1968, com apenas 22 anos, fui acolhido por esta cidade vibrante, repleta de oportunidades e desafios, e, desde então, Lisboa tornou-se parte da minha identidade. Para mim, o futebol sempre foi muito mais do que uma profissão. Foi uma paixão que me permitiu aprender – felizmente com os melhores –, que me fez crescer e partilhar momentos inesquecíveis”.

“Esta medalha que hoje recebo não é apenas um símbolo do meu percurso, mas também um tributo a todos aqueles que me apoiaram ao longo do caminho: familiares, amigos, colegas, adversários e todos os que, de alguma forma, contribuíram para este trajeto de que me orgulho”, prosseguiu.

A finalizar, o diretor da FPF sublinha ainda que “esta distinção é também um reconhecimento que me motiva a continuar a defender e a promover os valores do desporto, que são tão essenciais para a formação do caráter e da cidadania. Agradeço, por isso, à Câmara Municipal de Lisboa por este gesto e por valorizar a importância do desporto na nossa sociedade. E expresso também a minha gratidão a todas as entidades que tiveram a amabilidade de se associarem a esta homenagem”.

Os valores de Toni

Já o presidente da Câmara Municipal de Lisboa lembrou Eriksson que “dizia que a maior barreira ao sucesso é o medo de falhar. Toni tem no sangue a coragem de não ter medo de falhar. Três valores que definem esta medalha: a inspiração carregada de sonhos; a paixão que transmite com alma; a humildade feita de generosidade.”

“No Benfica mostrou realmente essa alma feita da sua paixão. Nos 8 campeonatos que como jogador ajudou a conquistar. Nas 4 taças de Portugal. Nos quase 400 jogos com aquela camisola, que lhe deram o mérito de constar daquela parede das glórias do clube, no túnel para o relvado”, salientou o autarca lisboeta, acrescentando: “Bem sei que depois lhe foi difícil deixar de ser jogador. Mas a verdade é que, apesar de ter deixado de ser jogador, esta sua paixão nunca o abandonou. Nunca o deixou, porque a manteve como treinador”.

Carlos Moedas recordou que Toni, como treinador, levou o Benfica a mais uma final da Champions e “que conquistou os corações dos adeptos com esta sua paixão”, sublinhando que, ainda hoje, “me dizem que em Tabriz, no Irão, continuam a falar do nosso Toni. Continuam a tratá-lo como uma lenda”.

Tudo começou na Anadia

Por seu turno, a presidente da Câmara Municipal de Anadia, Teresa Belém Cardoso, considerou tratar-se de um “dia com muito significado para o Toni, mas também para o nosso município. Justa homenagem pelo exemplo que ele é.”

Teresa Cardoso, que recordou que a autarquia de Anadia já homenageou “o nosso Toni”, que começou a sua carreira na Anadia e que tem correspondido “a todas as nossas solicitações”.

“Toni é um exemplo para os nossos jovens”, referiu a autarca, que fez questão de salientar que a Anadia é um município do Desporto.

Foto de capa: CML | Ana Luísa Alvim

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