Hugo Martins liderou uma comitiva numa visita guiada às obras do Parque da Cidade de Odivelas. O edil descreveu pormenorizadamente as várias intervenções em curso, os antecedentes de abandono do terreno, mas também as múltiplas valências culturais e de lazer que irão transformar um antigo terreno baldio num novo ponto de centralidade da cidade.
Com um investimento previsto de 11.9 milhões de euros, este ambicioso projeto visa conciliar o património histórico do Mosteiro de Odivelas com as modernas componentes lúdicas, de saúde e bem-estar. Com uma área total de 8 hectares, o Parque da Cidade foi projetado pelo gabinete de Arquitetura Paisagista de Caldeira Cabral e Elsa Severino e contemplará várias zonas de lazer, restauração, palco para eventos, parque infantil, lago contemplativo, pontes suspensas e a criação de três parques de estacionamento.
No dia 30 de maio, o presidente da Câmara de Odivelas, Hugo Martins, fez-se acompanhar do Executivo municipal para fazer uma visita guiada por todo o parque. A comitiva ficou a saber inúmeros pormenores sobre as “dificuldades” – nomeadamente as escavações arqueológicas “não previstas” que custaram 500 mil euros à Câmara – relativas à construção de um espaço de lazer, mas também cultural, há muito desejado pelos autarcas e pela população.
Novo ponto central da Cidade
Segundo Hugo Martins, o Parque da Cidade vai ser um dos “pontos centrais” da cidade de Odivelas e do próprio concelho, uma vez que integra os terrenos traseiros do Mosteiro de Odivelas, facto este que “dificultou e muito” a aprovação da obra pelas autoridades do património nacional.
O parque será dividido em várias zonas de lazer: a Mata do Rei, que servirá como zona de passeio e de prática de exercício físico, o Jardim da Princesa, que terá um carácter mais intimista e romântico, e os passadiços, construídos ao longo do lago, onde existirão vários degraus que formarão um anfiteatro sobre a água.
Além das zonas lazer, o parque terá um palco, com 400 metros quadrados e bancadas, que ficará na zona Norte do grande relvado, destinado a receber tanto espetáculos intimistas como eventos para milhares de pessoas. Haverá, também, uma praça dedicada à restauração, com vários cafés e restaurantes, e uma zona para piqueniques.
Hugo Martins explicou que o Parque da Cidade esteve numa espécie de limbo durante vários anos, uma vez que o avanço da obra foi “emperrado” por várias contingências, nomeadamente com a Reserva Ecológica Natural (REN), mas conseguiu “cativar” a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR LVT) para apoiar o avanço da construção do Parque, elogiando o “humanismo e profissionalismo” da presidente desta estrutura, Teresa Almeida, que “foi fundamental” para desbloquear o avanço da construção da infraestrutura. “A CCDR de Lisboa percebeu a mais-valia do projeto”, e conseguiu “impulsioná-lo”, segundo o edil.
A edificação da obra está integrada no projeto de reabilitação do Mosteiro de Odivelas, que pretende ainda fazer levantamento arqueológico e arquitetónico dos vestígios da Ordem de Cister, que deixou várias simbologias nas construções secundárias que pertencem ao Mosteiro de Odivelas. Hugo Martins adiantou que a Câmara de Odivelas vai mesmo “integrar o símbolo da Ordem de Cister na bandeira de Odivelas”.
Entre outras valências, o Parque da Cidade terá ainda um Centro Cultural, onde se realizarão conferências, exposições e lançamentos de livros, mas também uma cantina “mais popular”. Este espaço de restauração está a ser criado na antiga Cantina dos Praças, na parte traseira do Mosteiro.
Para além disso, servirá para usufruto dos 200 estudantes do ISCTE que irão habitar na Residência de Estudantes, contígua ao Parque, cujas obras, desta instituição de ensino público, estão praticamente prontas. Prevê-se que no próximo ano letivo, os estudantes do ISCTE já vivam naquelas instalações.
Política de “cerzir territorial”
Pelo explicado, diz Hugo Martins, “este Parque será um polo de lazer, mas também cultural, de saúde e de saber”. O autarca sublinhou ainda que a construção do Parque da Cidade vai ao encontro de uma política do “cerzir territorial que estamos a fazer”, passando o Parque da Cidade a ser o ponto de encontro nevrálgico da cultura com o bem-estar, de uma cidade “cozida” pela nova infraestrutura.
O autarca anunciou ainda que o Parque, pelo facto de estar situado num terreno que estava ao abandono, mas que era de grande importância para o Município, passará a ser o “elemento agregador” entre a parte histórica da cidade com a parte nova (Colinas do Cruzeiro), até porque os terrenos pertenciam ao Exército e a Câmara nada podia fazer para requalificar aqueles 8 hectares “abandonados” e que “dividiam a cidade” em dois.
Em jeito de desabafo, Hugo Martins lamentou os “óbices” movidos pelas estruturas nacionais, pois aquele terreno baldio esteve “ao abandono durante décadas” e, quando a Câmara resolveu requalificar toda aquela área, foram levantados uma “série de obstáculos” que atrasaram todo o projeto.
Hugo Martins reconheceu que a Câmara “teve uma intervenção musculada” para levar a cabo a obra, até porque “não tinha condições financeiras” para executar o projeto sem ajudas financeiras externas, reiterando os agradecimentos à CCDR LVT, que apoiou a construção de um equipamento “que vai mudar a história e o bem-estar de Odivelas”.
O autarca admitiu que este equipamento só será inaugurado em 2026 e reconheceu que gostaria de ser ele a inaugurá-lo, num próximo mandato, até porque o trabalho hercúleo de “todo o Executivo e dos técnicos” da Câmara na concretização desta iniciativa “mereceria” este reconhecimento no levantar “de uma das obras mais difíceis do mandato”.
A empreitada de construção do Parque da Cidade representa um investimento de 11,9 milhões de euros, dos quais 4,9 milhões de euros são comparticipados pela União Europeia, ao abrigo do programa POR Lisboa 2030.