Socialista Ana Sofia Antunes apresenta candidatura a Oeiras

A deputada do Partido Socialista Ana Sofia Antunes apresentou este sábado a sua candidatura à Câmara Municipal de Oeiras. Sob o lema “Em Oeiras todos contam”, a candidata do PS em Oeiras e o histórico socialista José António Vieira da Silva alertaram para perigos que ameaçam o regime democrático, avisando que todas as eleições futuras serão “batalhas para que democracia vença”. José Luís Carneiro Carneiro deixou, por seu turno, elogios a Ana Sofia Antunes, que definiu como uma “voz sensível de não se deixar vencer pelos obstáculos ou constrangimentos”.

A candidata do PS Ana Sofia Antunes avisou, durante a apresentação da sua candidatura à Câmara Municipal de Oeiras, atualmente presidida pelo independente Isaltino Morais, que o país vive “tempos em que a democracia se testa a cada decisão” e em que “direitos que considerávamos adquiridos são diariamente postos em causa”, defendendo que a sua candidatura procura ser mais “abrangente, inclusiva, coesa e focada nas pessoas”.

“Tempos em que muitos, por medo ou por desilusão, se afastam da política. Neste cenário, entendo que os municípios ganham um protagonismo. São mais do que administrações locais, são a primeira linha da defesa da democracia e da qualidade de vida”, salientou.

A antiga governante lembrou o seu percurso político, salientando que não chegou aqui “por acaso” e realçou que o facto de ser cega nunca foi para si um obstáculo, mas sim uma “característica que aguçou a capacidade de luta”. “Ver é uma função dos olhos, ter visão é uma escolha, uma escolha consciente”, realçou.

“Mais e melhor”

Considerando que Oeiras merece “mais e melhor”, durante cerca de meia hora Ana Sofia Antunes elencou as suas prioridades para o concelho, nomeadamente na área da mobilidade na qual o PS quer renegociar carreiras com a Carris metropolitana e melhorar as ligações de transportes públicos entre Sintra e Oeiras.

Também na habitação, Ana Sofia Antunes compromete-se a reforçar o investimento em edifícios com renda condicionada, atingindo os 2.500 edifícios até 2030, financiados por “linhas disponíveis no Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), mas também em novas linhas a criar pela Comissão Europeia, ou mesmo, se necessário for, na capacidade de endividamento da Câmara Municipal”.


Ana Sofia Antunes nasceu em Lisboa em 1981, mas cresceu em Vale de Milhaços, Corroios, distrito de Setúbal. Licenciada em Direito, exerceu advocacia nas áreas do Direito administrativo, urbanístico e imobiliário.

Foi deputada à Assembleia da República e, a nível autárquico, foi eleita deputada municipal no concelho de Lisboa de 2009 a 2013 e em Arganil de 2017 a 2021. Ocupou o cargo de secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência entre 2015 e 2024, e foi a primeira governante do país invisual.

Progresso, humanismo e democracia

O mandatário desta candidatura e histórico socialista, José António Vieira da Silva, foi o primeiro a alertar que “Portugal vive um momento único na História da sua democracia, em que pela primeira vez desde a Revolução de Abril de 74 forças políticas antidemocráticas têm uma expressão nacional”.

“E isto para todos os socialistas, para todos os democratas, não pode deixar de significar um sobressalto. Uma reflexão, mas principalmente uma necessidade de ação”, apelou.

Deixando rasgados elogios a Ana Sofia Antunes, que aceitou um “desafio difícil”, Vieira da Silva salientou que “de agora em diante, nos próximos anos, todas as eleições, como aliás sempre, mas em particular neste momento, serão batalhas para que a democracia vença”.

“Para que a mentira seja derrotada, para que aqueles que são enganados pela demagogia, pelo engano, pelo discurso fácil tenham a possibilidade de compreender que há de facto uma diferença fundamental entre os que fazem a batalha pela democracia e os que fazem a batalha contra a democracia”, sublinhou.

Vieira da Silva desresponsabilizou os eleitores pela atual situação política do país, mas sim “aqueles que os conduzem para o engano, mentira e para o retrocesso, para o recuo, para o passado e não para o futuro”.

O histórico socialista argumentou que, por ter sido uma “excelente deputada”, Ana Sofia Antunes “concentrou em si alguns ódios dos adversários da democracia”, numa alusão ao Chega, depois de na legislatura passada uma deputada daquele partido ter afirmado durante um debate que a socialista, que é cega, só consegue “intervir em assuntos que, infelizmente, envolvem deficiência”.

Para quem vaticina que a batalha eleitoral em Oeiras já está “decidida à partida”, Vieira da Silva realçou que essa “não é a vocação do PS”, que está “presente em todas as batalhas em defesa do progresso, humanismo e democracia”.

PS comprometido com valores autárquicos

O candidato único a secretário-geral do PS garantiu este sábado que quem faz parte das listas do partido em eleições está comprometido com os valores constitucionais e respeita a liberdade religiosa, e anunciou uma convenção autárquica entre agosto e setembro.

“Haveremos de, até ao final de agosto, princípio de setembro, realizar a nossa convenção autárquica para assumirmos um conjunto de compromissos claros em relação aos princípios e aos valores fundamentais que conduzem à ação política das nossas candidatas e dos nossos candidatos. Porque ser candidato em nome do PS significa estarmos comprometidos com valores constitucionais, com princípios fundamentais dos direitos humanos que têm de ser salvaguardados em cada comunidade local neste país”, sublinhou o candidato socialista, na apresentação da candidatura da antiga secretária de Estado Ana Sofia Antunes à autarquia de Oeiras.

Durante a sua intervenção no auditório municipal José de Castro, o candidato a secretário-geral fez questão de sublinhar que o PS “foi, é e será o grande motor do desenvolvimento local” e que foram os socialistas os que mais contribuíram para “o reforço das atribuições e das competências dos municípios e das freguesias”.

“Se forem percorrer todo o edifício legislativo construído em sede da Assembleia da República, construído no Governo, relativamente ao poder local democrático, tirarão a ilação de que foi connosco, tem sido connosco, que mais avançou o poder local democrático na sua autonomia e nos meios financeiros para dar prossecução material na vida das pessoas em termos da autonomia do poder local democrático”, argumentou.

José Luís Carneiro destacou ainda a marca socialista “na transferência de atribuições e de competências, nomeadamente no desenvolvimento social, na formação e na qualificação profissional, nos cuidados primários de saúde e na saúde pública”, além da intervenção em políticas de habitação e no combate à pobreza e desigualdades, onde o dirigente destacou o programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES).

O socialista advogou para o PS o desenvolvimento de instrumentos do ordenamento do território, além do reforço da “própria legitimidade democrática dos órgãos do poder regional, não apenas nas áreas metropolitanas, mas nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regionais”, as CCDR.

José Luis Carneiro deixou ainda rasgados elogios a Ana Sofia Antunes, que definiu como uma “voz sensível de não se deixar vencer pelos obstáculos ou constrangimentos”. “É dessa coragem interior, dessa força tranquila que nós carecemos na nossa vida democrática”, considerou.

Por último, o presidente da concelhia socialista de Oeiras, Bruno Magro, salientou que Ana Sofia “é uma mulher de compromisso e de coragem que vai transformar o concelho num município exemplar, onde seja possível viver e envelhecer com dignidade”.

 

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