BE, Livre e PAN manifestam-se na defesa de uma cidade “para as pessoas”

Lideranças dos partidos mais pequenos da coligação “Viver Lisboa” falaram à imprensa no final da cerimónia de assinatura do acordo de coligação de esquerda. Mortágua diz que a coligação pretende “devolver a esperança” aos cidadãos; Rui Tavares quer converter Lisboa “numa cidade verde”; Inês Sousa Real refere que os lisboetas “não querem mais unicórnios”.

A coligação de esquerda “Viver Lisboa” é encabeçada pela candidata socialista Alexandra Leitão. Depois da assinatura do acordo, na sexta-feira, em Lisboa, os líderes dos parceiros de coligação, que não usaram da palavra durante a cerimónia do protocolo, falaram aos jornalistas sobre as motivações dos seus partidos para integrarem a nova coligação de esquerda que pretende derrotar Carlos Moedas para as eleições autárquicas.

Mariana Mortágua, líder do BE, entende que o autarca social-democrata fez de Lisboa “uma cidade de elite, para os ricos dos mais ricos”.

Ao comentar a nova convergência de esquerda que pretende inverter o ciclo político da “propaganda”, mas que “deixou uma cidade caótica”, com uma “carga turística que é incompatível com o viver a cidade”, Mariana Mortágua considerou que as políticas de Carlos Moedas converteram Lisboa numa cidade onde o acesso à habitação “é inacessível”, numa capital “que não trata o lixo”, onde rareia a “esperança”.

Para a deputada e líder do Bloco de Esquerda, é justamente para “devolver a esperança” aos cidadãos que o movimento “Viver Lisboa” foi criado; adiantando ainda que acredita que esta nova “gerigonça”, liderada por Alexandra Leitão, vai voltar a pôr a cidade nos carris rumo a uma governança onde todos contam, e não apenas “os ricos dos mais ricos”.

Cidade “mal-amada”

O porta-voz do Livre, Rui Tavares, considera que a capital é uma cidade que está “mal-amada” por Carlos Moedas e pelos seus vereadores com pelouro e que a cidade necessita de responsáveis que “amem Lisboa”, para reverter o “pouco cuidado” com que a capital “tem sido tratada”.

Rui Tavares acredita que, com a equipa da “Viver Lisboa”, a cidade pode enveredar pelos caminhos da reconversão “numa grande capital verde”, como a cidade de Berlim, segundo o ainda vereador, que assumiu não se recandidatar ao cargo.

Rui Tavares defende, por outro lado, que as eleições legislativas geraram uma realidade política nacional “claramente de direita”, “tornando o país desequilibrado, com um Presidente da República de direita, um primeiro-ministro de direita, um presidente da Assembleia da República claramente de direita”, pelo que os portugueses (de esquerda) não se sentem representados pelas máximas figuras do Estado e “querem que haja um reequilíbrio de forças”.

O porta-voz do Livre lamentou ainda a não adesão da CDU a esta frente de esquerda. “Tenho pena que o PCP não esteja connosco”, mas prometeu que o seu partido tudo fará para reverter o estado de uma cidade “que tem expulsado os seus cidadãos”.
Uma cidade “para pessoas reais”

Já Inês Sousa Real, do PAN, diz que os lisboetas “não querem mais unicórnios” e que a nova aliança de esquerda pretende a construção de um projeto político que edifique “uma cidade para pessoas reais”.

Sousa Real defende que nessa “nova cidade”, serão assumidos os compromissos “para combater a pobreza”, mas também o “compromisso ambiental” e a promoção do bem-estar animal.

No acordo de coligação, os quatro primeiros lugares da lista à Câmara serão ocupados pelo PS, o Livre terá o quinto e sétimo lugares, o BE o sexto lugar, e o PAN o oitavo.
As listas candidatas às freguesias de Areeiro, Alvalade e Avenidas Novas serão encabeçadas por candidatos indicados pelo Livre.

PS encabeça listas em 21 freguesias

Serão encabeçadas pelo PS as listas às freguesias da Ajuda, Alcântara, Arroios, Beato, Belém, Benfica, Campolide, Campo de Ourique, Carnide, Estrela, Lumiar, Marvila, Misericórdia, Olivais, Parque das Nações, Penha de França, Santa Clara, Santa Maria Maior, Santo António, São Domingos de Benfica e São Vicente.

Segundo o acordo, o BE terá direito a um membro nos executivos de 3 freguesias.

Entretanto, há mais um candidato na corrida à presidência da capital. O Volt lança a candidatura de José Almeida, 59 anos, que vai defrontar a socialista Alexandra Leitão, que encabeça a coligação de Esquerda (PS, Livre, BE e PAN), o social-democrata Carlos Moedas, apoiado pelo PSD, CDS-PP e IL.

João Ferreira, da CDU, Ossanda Líber, da Nova Direita e Bruno Mascarenhas, do Chega, são os outros candidatos.

José Pinto Coelho, do Ergue-te!, desistiu da candidatura à Câmara de Lisboa devido ao processo de extinção do partido.

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